Economia

África terá a maior disponibilidade de mão de obra do mundo

O terceiro maior continente do mundo abrigará a população economicamente ativa mais jovem do planeta daqui a 27 anos


	Mulher recolhe gravetos na República Central Africana: segundo as previsões, o contingente será mais urbano do que rural e mais escolarizado do que o atual
 (foto/Getty Images)

Mulher recolhe gravetos na República Central Africana: segundo as previsões, o contingente será mais urbano do que rural e mais escolarizado do que o atual (foto/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2013 às 12h01.

Lisboa - O terceiro maior continente do mundo abrigará a população economicamente ativa mais jovem do planeta em 2040 e, em 20 anos, a população africana alcançará 2 bilhões de pessoas (o dobro do número atual), segundo o secretário executivo da Comissão Econômica para África (ECA, sigla em inglês), Carlos Lopes.

O contingente será mais urbano do que rural, mais escolarizado do que o atual e terá diversas atividades econômicas. “Será a maior reserva de mão de obra jovem do mundo”, disse Lopes ao encerrar na noite de ontem (13) uma conferência na sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.

A força de trabalho em abundância aumenta o potencial econômico do continente que dispõe de 12% das reservas de petróleo do mundo, de 40% das de ouro e 60% das terras aráveis.

A disponibilidade de recursos naturais atrai investidores estrangeiros, especialmente os chineses, mas também empresas brasileiras como a Vale e a Petrobras, em mais de um país.

O acúmulo de capitais (US$ 500 bilhões depositados em bancos africanos) permite que já ocorra inversão do fluxo de dinheiro, por exemplo, entre Angola e Portugal. O capital angolano está investido em banco, empresa petrolífera, operadoras de telefone e TV a cabo, além de grupos de comunicação em Portugal.

De acordo com Carlos Lopes, das 20 economias que mais crescem no mundo, dez estão na África. Assim como no Brasil, parte do crescimento (taxas acima dos 5% nos próximos anos para a África Subsaariana) é estimulada pelo mercado interno (dois terços da demanda).

Para o secretário executivo da ECA, o potencial econômico causa uma mudança na visão sobre o continente. “Estamos vivendo o crepúsculo da ajuda ao desenvolvimento.”


Carlos Lopes, que é da Guiné-Bissau, sugere que os países africanos e os membros da CPLP invistam em novas tecnologias de informação.

“Se a comunidade quer surfar na onda e ficar à frente dos grandes movimentos que vão ter lugar nos próximos 20 anos, a aposta nas novas tecnologias é fundamental.”

Para ele, as novas tecnologias oferecem possibilidades de responder à descontinuidade geográfica dos países que formam a CPLP (espalhados em quatro continentes) e atender a população migratória de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e do Timor Leste.

Para ele, falta no entanto uma política articulada para a área de novas tecnologias na CPLP, e o Acordo Ortográfico será fundamental para que se produza mais conteúdos nas plataformas eletrônicas, inclusive para aumentar a escolarização.

“Uma boa parte dos conteúdos será produzida para cursos em linha. A circulação da informação e dos livros também será feita em linha.”

Lopes não criticou o adiamento da obrigatoriedade da adoção Acordo Ortográfico no Brasil, mas fez ressalvas quanto à decisão do governo brasileiro de suspender o envio de estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras a Portugal para forçar os bolsistas a aprenderem outro idioma. “O objetivo é louvável, mas não pode ser radicalizado”, disse ao ressalvar que essa é uma opinião.

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