A ex-diretora do Banco Mundial, Ngozi Okonjo Iweala (Vincenzo Pinto/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 10h12.
Davos - A África está finalmente pronta para contornar seu histórico de pobreza e passar a exercer um novo papel na economia mundial como poderoso motor de crescimento, disseram diversos dirigentes políticos africanos no Fórum Econômico de Davos (Suíça).
Apesar de todos eles admitirem que ainda há muito por fazer no continente mais pobre do planeta, em especial em matéria de infraestrutura, comércio e educação, os dirigentes foram unânimes em afirmar que a região passou para um novo patamar de crescimento.
"Qual é a economia de um trilhão de dólares que cresceu na última década mais rapidamente que a Índia e que crescerá na próxima década mais rapidamente que o Brasil?", perguntou o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, retomando uma pergunta da ex-diretora do Banco Mundial, Ngozi Okonjo Iweala.
"A resposta é, obviamente, a África Subsaariana", respondeu o próprio dirigente britânico ante os participantes do 42ª Fórum Econômico Mundial.
Já o primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, também expressou uma visão otimista.
"Estamos conscientes de termos crescido nos últimos anos mais rapidamente que antes. E por isso cremos que a África pode e quer ser o próximo motor do crescimento mundial", afirmou.
Segundo Zenawi, a África está "atualmente no mesmo nível que a Índia estava no início da década de 1990. Inclusive temos agora aproximadamente uma população do mesmo tamanho".
Para o president da Guiné, Alpha Condé, o continente africano está pronto para avançar, apesar de muitos pensarem que a região ainda está fragilizada pelas enormes carências de seu sistema educativo e por sua infraestrutura decadente.
Esta nova Áfricpa está representada por sua juventude e suas mulheres, que são muito dinâmicas", disse, antes de formular um pedido a outros líderes africanos para unificar políticas de desenvolvimento econômico, usando como mecanismo as estruturas transnacionais no seio da União Africana.
"Se atingirmos avanços importantes em matéria de educação e conseguirmos dominar as novas tecnologias, podemos alcançar em dois ou três anos aquilo que outros levaram 20 anos para conseguir", disse Condé.
Já o presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, aproveitou o evento para dizer que o continente africano tem sido vítima de erros políticos do mundo desenvolvido.
"Nós somos parte da economia mundial, e portanto aquilo que acontece em outras partes do mundo nos afeta igualmente", disse.
"Temos muita ansiedade com relação à crise da zona do euro. Espero que esta situação seja resolvida rapidamente", disse Kikwete.