Economia

Acordo de dívida grega traz alívio, mas não por muito tempo

As fracas perspectivas de crescimento para a zona do euro e temores de que Portugal também imponha perdas a seus credores são sinal de persistência na instabilidade

A Grécia afastou o risco de um imediato default descontrolado, que para alguns poderia causar um prejuízo de mais de 1 trilhão de euros na zona do euro (Yannis Behrakis/Reuters)

A Grécia afastou o risco de um imediato default descontrolado, que para alguns poderia causar um prejuízo de mais de 1 trilhão de euros na zona do euro (Yannis Behrakis/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2012 às 17h13.

Londres - O sucesso da reestruturação de dívida grega trouxe algum alívio a ativos de maior risco nesta sexta-feira, mas as fracas perspectivas de crescimento para a zona do euro e temores de que Portugal também imponha perdas a seus credores provavelmente devem limitar a queda nos yields de bônus soberanos mais fracos.

A Grécia afastou o risco de um imediato default descontrolado, que para alguns poderia causar um prejuízo de mais de 1 trilhão de euros na zona do euro, após quase todos os seus credores concordarem em assumir grandes perdas em suas carteiras de títulos.

Mas o foco do mercado imediatamente se voltou para recentes dados mostrando um aumento nas chances de recessão no bloco monetário e o risco de mais reestruturações de dívida na Grécia e em outros países.

Mesmo após o swap de títulos, a Grécia carrega grandes dívidas sem nenhum sinal de crescimento econômico para ajudar a diminuir a carga de obrigações.

Os novos bônus gregos que investidores receberam quando trocaram seus atuais títulos eram cotadas no mercado negro com yields entre 15 e 20 por cento, refletindo o elevado risco de um default, e bem acima das taxas para bônus portugueses, entre 11 e 14 por cento.

"Claramente o acordo deu tempo a Grécia, mas tenho de dizer que ainda continuo cético de que isso dá um período significativo de tempo, uma vez que a histórica paralela de austeridade atrás de austeridade quando não há crescimento pode simplesmente deixar a situação pior", disse o presidente da mesa de renda fixa da London and Capital, Sanjay Joshi, que gerencia 1 bilhão de dólares em ativos.

Joshi está comprado em futuros de bônus alemães e em Treasuries e tem exposição zero em títulos de mercados periféricos.

Os yields do governo italiano caíram no início das operações, mas até o fechamento investidores se voltavam para os papéis da dívida espanhola, que recentemente têm tido um desempenho melhor.

Os yields dos papéis italianos de dez anos subiam para 4,839 por cento, com desempenho pior que o de seus pares espanhois, cujos yields recuavam para 5,008 por cento.

Mas o fato de os títulos espanhois ainda registrarem yield acima de seus equivalentes italianos mostrava que investidores ainda veem a Espanha como mais arriscada.

"Os grandes investidores externos têm vendido BTPs (títulos italianos) para comprarem (bônus) espanhois, o que é uma realização de lucros. Mas temos sempre visto compradores no mercado doméstico (para os bônus italianos)", disse um operador, acrescentando que os bônus italianos precisam se consolidar antes de retomarem um rali.

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