Argentina já delineou suas queixas à Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos critérios de sustentabilidade impostos pela UE em biocombustíveis (Joe Raedle/Getty Images)
EFE
Publicado em 7 de julho de 2017 às 11h17.
Bruxelas - O acordo comercial negociado entre UE e Mercosul poderia colocar em perigo os objetivos de transporte sustentável do bloco comunitário europeu, já que os países latino-americanos, e a Argentina em particular, são exportadores de combustíveis baseados em cultivos agrícolas, mais contaminantes que os fósseis.
Assim advertiu nesta sexta-feira a organização Transport&Enviroment, que promove políticas de transporte sustentável na União Europeia (UE), em um relatório no qual alerta que uma eliminação das barreiras ao comércio entre ambos blocos poderia provocar um aumento de importações europeias de biodiesel "não sustentável" procedente da Argentina.
"Com a Argentina produzindo biodiesel barato a partir de óleo de soja, que é duas vezes mais prejudicial para o clima que o diesel normal, a UE pode se ver pressionada pelo Mercosul para relaxar as políticas internas que afetam os combustíveis baseados em cultivos", aponta o relatório.
A Argentina já delineou suas queixas à Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos critérios de sustentabilidade impostos pela UE em biocombustíveis.
Similares circunstâncias ocorrem nas negociações dos acordos comerciais com Indonésia e Malásia, dois países que buscarão que o óleo de palma seja considerado uma fonte de energia renovável nos textos finais dos pactos, apesar de ser um combustível três vezes mais contaminante que o fóssil.
O relatório sublinha a "contradição" de os acordos serem negociados nestes termos quando, em paralelo, a Comissão Europeia se comprometeu a "descarbonizar" o setor do transporte e a eliminar progressivamente os combustíveis baseados em cultivos.
Concretamente, a proposta do Executivo comunitário é para limitar os chamados "biocombustíveis de primeira geração" (baseados em açúcar, graxa animal ou óleos vegetais) de forma progressiva na próxima década, desde um máximo de 7% em 2021 até 3,8% em 2030.