Entrada de Investimentos Diretos no País em 12 meses até abril — US$ 92,495 bilhões — é o melhor desempenho desde dezembro de 2012 (Guadalupe Pardo/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de maio de 2019 às 17h56.
Última atualização em 27 de maio de 2019 às 17h58.
Brasília — O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta segunda-feira, 27, que o déficit de US$ 62 milhões nas transações correntes em abril era esperado pela instituição e ficou praticamente igual ao rombo de US$ 61 milhões de abril do ano passado.
"O equilíbrio das transações correntes em abril era esperado pelo Banco Central. A expectativa é de que o déficit em transações correntes permaneça em patamares baixos", comentou.
Segundo Rocha, o BC estima um superávit de US$ 400 milhões em maio. "Isso está de acordo com a sazonalidade do período. Em maio do ano passado, o superávit foi de US$ 900 milhões", detalhou. "Esses déficits têm sido inteiramente financiados pela entrada de Investimentos Diretos no País (IDP)", lembrou.
Ele destacou ainda que a entrada de IDP em abril, de US$ 6,957 bilhões, foi melhor do que o esperado pelo BC. "O resultado foi mais forte nos últimos dias do mês", relatou.
Rocha apontou ainda que a entrada de IDP em 12 meses até abril - US$ 92,495 bilhões - é o melhor desempenho desde dezembro de 2012. Em porcentual do PIB, a entrada de IDP em 12 meses (4,96%) é a melhor desde maio de 2001 (5,09%).
"Os ingressos de IDP são fluxos mais permanentes e perenes, ao contrário dos fluxos de portfólio, que buscam resultados mais imediatos. Um IDP maior tem determinantes como perspectiva de crescimento do país e da empresa no longo prazo", explicou Rocha. "A desvalorização da moeda nacional também torna mais barato esse investimento para as empresas estrangeiras", completou.
Segundo Rocha, a entrada de IDP em maio, até o dia 23, era de US$ 6,454 bilhões. Com isso, a estimativa do BC para o ingresso de IDP neste mês é de US$ 7,5 bilhões. "Se confirmado, haverá um novo aumento nos fluxos de IDP no acumulado em 12 meses", concluiu.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o déficit conta de viagens ao exterior ficou praticamente estável em abril (US$ 1,021 bilhão), na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 1,040 bilhão).
"Estávamos vendo uma redução no déficit dessa conta em função da depreciação cambial. Quando o dólar aumenta, torna mais caras as viagens a exterior", lembrou ele. "As despesas continuaram caindo em abril, mas as receitas também caíram. Daí a estabilidade do saldo no mês", completou.
Segundo Rocha, o saldo de viagens em maio, até o dia 23, é deficitário em US$ 757 milhões, decorrente de receitas de US$ 308 milhões e despesas de US$ 1,065 bilhão. A estimativa do BC para essa conta em maio é de um déficit inferior a US$ 1 bilhão. "A continuidade da redução do saldo negativo em viagens parece estar condizente com a taxa de câmbio", acrescentou.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC destacou também a redução no déficit na conta de renda primária em abril, tanto no resultado líquido do pagamento de juros como no resultado líquido das remessas de lucros e dividendos.
Segundo ele o aumento das receitas com as reservas internacionais impactou o saldo da conta de juros em abril.
Em maio, até o dia 23, o pagamento líquido de juros somou US$ 457 milhões. Em maio, também até o dia 23, as remessas líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 1,171 bilhão.
Rocha informou que o fluxo cambial total no País está positivo em US$ 1,153 bilhão em maio até o dia 23. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 1,195 bilhão e de um fluxo financeiro negativo de US$ 41 milhões no mesmo período.
Na conta comercial, ocorreram em maio até o dia 23 importações de US$ 10,093 bilhões e exportações de US$ 11,287 bilhões. Dentro das exportações foram US$ 2,219 bilhões de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 2,650 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 6,418 bilhões em demais operações. Dentro da conta financeira, ocorreram no período entradas de US$ 31,775 bilhões e saídas de US$ 31,817 bilhões.
Com o movimento verificado em maio, até o dia 23, a posição dos bancos no mercado à vista passou de vendida em US$ 22,222 bilhões no fim de abril para vendida em US$ 21,294 bilhões agora.