Economia

Abismo fiscal dos EUA e dívida europeia preocupam G20

Principais economias do mundo pressionaram os Estados Unidos para agir decisivamente a fim de evitar uma série de cortes de gastos e aumentos de impostos

Ministro das Finanças do México, José Antonio Meade, participa de coletiva de imprensa durante encontro do G20 na Cidade do México (Edgard Garrido/Reuters)

Ministro das Finanças do México, José Antonio Meade, participa de coletiva de imprensa durante encontro do G20 na Cidade do México (Edgard Garrido/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 09h09.

Cidade do México - As principais economias do mundo pressionaram os Estados Unidos no domingo para agir decisivamente a fim de evitar uma série de cortes de gastos e aumentos de impostos, alertando que o chamado abismo fiscal é a maior ameaça ao crescimento global no curto prazo.

A menos que o dividido Congresso norte-americano consiga agir rapidamente para chegar a um acordo depois das eleições de terça-feira, cerca de 600 bilhões de dólares em cortes de gastos do governos e em impostos mais altos terão início em 1o de janeiro e podem levar a economia norte-americana de volta à recessão.

"Se os Estados Unidos não conseguirem resolver o abismo fiscal, isso irá atingir fortemente a economia norte-americana, assim como a economia mundial e japonesa, portanto cada país do G20 irá pedir que os Estados Unidos lide firmemente com isso", afirmou o presidente do Banco do Japão, banco central do país, Masaaki Shirakawa, antes do encontro entre ministros das Finanças e membros de bancos centrais das 20 principais economias do mundo.

Com uma disputada eleição presidencial na terça-feira, assim com as eleições para o Congresso, tem havido um atraso nas ações a fim de evitar o abismo fiscal e há incertezas sobre se o Congresso pode chegar a um acordo.

Delegados europeus na reunião do G20 na Cidade do México estavam particularmente ansiosos por detalhes do plano norte-americano, de acordo com aqueles que participaram das negociações preliminares.

O ministro das Finanças do Canadá, Jim Flaherty, disse que em termos de riscos de curto prazo ao cenário econômico global, o abismo fiscal dos Estados Unidos ultrapassava a crise da dívida europeia.


"Eles podem não lidar com isso até a 11a hora e o 55o minuto, mas eu espero que eles o farão assim como lidaram com seus bancos em 2008", disse ele a repórteres.

O ministro das Finanças da Coreia do Sul, Bahk Jae-wan, prevê que a economia global pode sofrer durante o primeiro trimestre de 2013 por causa das incertezas sobre o abismo fiscal.

Entretanto, ele estava muito otimista de que o Congresso conseguirá achar alguma resolução, dizendo à Reuters: "Eu acho que, comparado à crise da zona do euro, o abismo fiscal é uma questão muito mais simples de resolver." A crise do euro, que começou há mais de dois anos, viu um alívio depois que o Banco Central Europeu (BCE) informou em setembro que estava pronto para comprar mais dívida governamental. Mas os investidores estão agitados sobre quando e se a Espanha irá pedir um resgate internacional e como os profundos problemas financeiros da Grécia podem ser resolvidos.

Um esboço do comunicado que está sendo preparado pelas autoridades do G20 afirmou que há riscos elevados à economia global, incluindo a crise da Europa e potenciais problemas no Japão.

"O crescimento global continua modesto e os riscos permanecem elevados, inclusive devido a possíveis atrasos na complexa implementação de anúncios recentes de políticas na Europa, um potencial aperto fiscal acentuado nos Estados Unidos e no Japão, crescimento mais fraco em alguns mercados emergentes e choques adicionais de oferta em alguns mercados de commodities", mostrou o esboço, de acordo com uma fonte do G20.

O comunicado final será publicado depois que as negociações terminarem nesta segunda-feira.

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