Economia

A. Saudita propõe reduzir produção mundial de petróleo para conter preços

A Arábia Saudita, que depende da produção de petróleo, sofreu muito financeiramente nos últimos anos, após a queda das cotações de 2014

Petróleo: o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos disse que uma nova estratégia era "necessária" e que não passaria por um aumento da produção (Cooper Neill/Reuters)

Petróleo: o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos disse que uma nova estratégia era "necessária" e que não passaria por um aumento da produção (Cooper Neill/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 17h18.

A Arábia Saudita anunciou nesta segunda-feira (12) que considera indispensável reduzir a produção mundial de petróleo em 1 milhão de barris ao dia (mbd) a fim de equilibrar o mercado. Este anúncio ocorre em um contexto de queda do preço da commodity, que desperta temores de piora da cotação, como se deu em 2014.

"A análise técnica que estudamos ontem (domingo) revela que devemos reduzir 1 milhão de barris por dia para equilibrar o mercado", disse o ministro de Energia saudita, Jaled Al Faleh, em uma reunião de países membros e não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em Abu Dabi.

Na véspera, Faleh tinha anunciado que Riad, o maior produtor mundial, ia reduzir sua própria produção e diminuir em dezembro suas exportações de 500 mil barris diários, em relação a novembro.

A Arábia Saudita, que recentemente executou uma série de projetos para superar sua dependência excessiva do petróleo, sofreu muito financeiramente nos últimos anos, após a queda das cotações de 2014.

Em reação às últimas declarações de Riad, o "light sweet crude" (WTI), petróleo de referência nos Estados Unidos, e o barril de Brent do Mar do Norte, referência europeia, subiam mais de um dólar nesta segunda-feira.

Devido ao aumento da produção de alguns dos principais países produtores e ao receio de queda na demanda, os preços do petróleo perderam cerca de 20% em um mês, após ter atingido seu nível mais alto em quatro anos no início de outubro.

O barril de Brent foi cotado abaixo de 70 dólares nesta sexta-feira pela primeira vez desde abril. Já o West Texas Intermediate (WTI) ficou abaixo dos 60 dólares - um mínimo em nove meses.

Apesar dos sinais de desaceleração da demanda, a Arábia Saudita, a Rússia, o Kuwait e o Iraque aumentaram recentemente sua produção da commodity, e os Estados Unidos, o de petróleo de xisto.

A decisão oficial sobre uma redução da produção mundial será tomada durante uma reunião marcada para 5 de dezembro, em Viena, entre os países não membros da Opep e os 15 integrantes da organização, disse o ministro saudita.

"Novas estratégias"

Antes deste prazo, os produtores permanecerão atentos aos sinais do mercado. Eles podem flutuar, mas "se tivermos que reduzir a produção de 1 milhão de barris por dia, vamos fazê-lo", insistiu o ministro da Energia da Arábia Saudita.

Seu equivalente russo, Alexander Novak, foi mais comedido ao declarar à Bloomberg nesta segunda-feira que prefere não "se concentrar apenas no declínio da produção", mas "ver como o mercado evolui". "Nosso objetivo final é a estabilidade", disse ele.

Por parte dos Emirados Árabes Unidos, o ministro da Energia, Suheil al Mazruei, afirmou que uma nova estratégia era "necessária" e que não passaria por um aumento da produção.

O Iraque, membro da Opep, "concorda com qualquer decisão a favor da estabilidade dos mercados de petróleo e do retorno ao equilíbrio", disse à AFP o porta-voz do Ministério do Petróleo, Assim Jihad.

A recente queda dos preços responde principalmente à menor demanda da China - o maior importador mundial - e ao impacto, abaixo do esperado, das sanções americanas contra o setor energético iraniano, que ameaçaram reduzir a oferta mundial e elevar os preços.

Com a perspectiva dessas sanções, Moscou e Riad, dois dos três maiores produtores mundiais, alteraram em junho seu acordo de limitação de produção para extrair mais e compensar uma queda nas exportações iranianas.

No domingo, os principais produtores afirmaram que a oferta mundial de petróleo irá superar a demanda no próximo ano, apelando para a adoção de "novas estratégias" baseadas em ajustes de produção.

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