Economia

A polêmica – e importante – última reunião do Fed

O presidente do Banco Central americano aumentará ou não os juros? O desafio é não parecer que está se curvando a Trump, ou ignorando o mercado

Donald Trump: presidente dos EUA pressiona FED para que não aumente os juros (Eric Thayer/Reuters)

Donald Trump: presidente dos EUA pressiona FED para que não aumente os juros (Eric Thayer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2018 às 05h59.

Última atualização em 19 de dezembro de 2018 às 06h22.

O Federal Reserve, banco central americano, vai anunciar nesta quarta-feira sua decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos. É a última reunião de 2018 para tratar do tema – e tem tudo para ser também uma das mais polêmicas e relevantes.

Há meses, Jerome Powell, presidente do Fed, vem indicando que deverá aumentar os juros em dezembro para, entre outras coisas, conter as pressões inflacionárias de uma economia em expansão. A postura de Powell provocou a ira do presidente Donald Trump em diversas ocasiões. Para Trump – que já disse que Powell fica feliz toda vez que sobe os juros –, a alta das taxas está indo rápido demais.

Até um mês atrás, analistas e investidores, de forma geral, concordavam com Powell – e criticavam o fato de Trump tentar influenciar a Fed sem entender nada do assunto.

Nos últimos dias, porém, alguns analistas passaram a achar que pode ser melhor manter os juros como estão, entre 2% e 2,5% ao ano. Para esse pessoal, há evidências de que os aumentos já feitos pelo Fed estão atingindo o efeito desejado (só neste ano, as taxas já subiram três vezes). Prova disso seria a queda das bolsas americanas, que vêm apresentando o pior início de dezembro – tradicionalmente um período de mercado em alta – desde 1980.

Entre os que ainda defendem o aumento dos juros, está Michael Hasenstab, vice-presidente executivo da gestora americana Franklin Templeton e um dos maiores especialistas em juros e moedas do mundo. Num artigo recente, ele apontou três motivos principais que justificariam a alta. Um deles é o elevado déficit fiscal americano: para se financiar, o governo precisa emitir títulos e remunerá-los melhor.

Outro motivo é a queda da demanda por títulos públicos americanos, já que a política de compra desses papéis, criada para estimular a economia depois da crise de 2008, está sendo desmontada. E o terceiro é a possibilidade de aumento da inflação. “As pressões salariais têm aumentado com uma força excepcional no mercado de trabalho americano, juntamente com a falta de mão de obra qualificada e não qualificada em certos setores. A disponibilidade de mão de obra sofreu limitações também devido às restrições à imigração, tanto legal quanto ilegal”, escreveu Hasenstab.

O último desafio de Powell no ano está longe de ser trivial: tomar a decisão sobre os juros sem parecer que está ignorando os sinais do mercado – ou, no extremo oposto, sem indicar que está incorporando as críticas de Trump.

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