Economia

A ingerência política voltou ao caminho da Petrobras?

A reunião desta terça entre o governo e a Petrobras para discutir a política do preço de combustíveis causa calafrios no mercado

PETROBRAS: depois de voltar a ser a maior empresa do país, petroleira vê de novo o risco da interferência política  / Germano Lüders (Germano Lüders/EXAME/Exame)

PETROBRAS: depois de voltar a ser a maior empresa do país, petroleira vê de novo o risco da interferência política / Germano Lüders (Germano Lüders/EXAME/Exame)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 22 de maio de 2018 às 06h50.

Última atualização em 22 de maio de 2018 às 08h37.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, vai na manhã desta terça-feira ao Ministério da Fazenda para uma reunião que causa calafrios no mercado. O tema é discutir a alta nos preços dos combustíveis, que motivou protestos de caminhoneiros em ao menos 17 estados nesta segunda-feira. Estarão presentes, além de Parente, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia e o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.

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É a segunda reunião do governo para discutir uma resposta aos protestos dos caminhoneiros. Na noite de ontem, num encontro sem Parente, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o presidente está preocupado com a alta constante dos combustíveis, e que vai tentar um acordo para que haja maior previsibilidade nos reajustes. Padilha disse ainda que Michel Temer espera que a questão seja resolvida de forma mais “palatável” para os cidadãos.

Falar em qualquer tipo de controle sobre a política de reajustes traz à lembrança os piores momentos do governo de Dilma Rousseff, que adotou uma política de preços controlados que, aliada à corrupção, quase quebrou a Petrobras. Parente exigiu liberdade total para assumir o cargo, e passou a reajustar os combustíveis com base nas variações internacionais. Só na semana passada o diesel subiu cinco vezes, de 2,21 reais para 2,34 — nesta terça, vai subir de novo, para 2,37.

A adoção de boas práticas na gestão de Parente fez a Petrobras ganhar 140 bilhões de reais de valor de mercado no último ano e voltar a ser a maior companhia do país, valendo 350 bilhões de reais na bolsa. É um porto seguro de um governo que vê suas realizações econômicas se esfacelarem com as revisões para baixo nas previsões de crescimento da economia. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a petroleira preparou até uma campanha publicitária, orçada em 32 milhões de reais, para exaltar a moralização de seus negócios pós-Lava-Jato, que deve ir ao ar nos próximos dias.

A alternativa a um controle de preços é uma redução nos impostos, opção contestada com veemência por Eduardo Guardia, mas defendida pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e do Senado, Eunício Oliviera (MDB). O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato à presidência, Henrique Meirelles (MDB) defendeu ontem a redução de impostos como Pis e Cofins, que ele mesmo aumentou para equilibrar o déficit fiscal.

“Política de preços de combustíveis sempre é um tema sensível, principalmente em ano eleitoral. Espero que a lei que assegura que as refinarias, distribuidoras e postos revendedores tenham liberdade para fixar seus preços seja respeitada”, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

A terça-feira deve mostrar se as boas práticas têm vez contra a sanha eleitoral.

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