Economia

A geração Y reclama nos EUA? A situação da geração X é pior

Os membros da geração X têm motivos para reclamar, já que se encontram em uma situação pior em relação aos baby boombers e aos millennials

Homem no escritório: membros da geração X ainda estão pagando empréstimos e ao mesmo tempo sustentando famílias com salários que pouco aumentaram (Getty Images)

Homem no escritório: membros da geração X ainda estão pagando empréstimos e ao mesmo tempo sustentando famílias com salários que pouco aumentaram (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2015 às 20h20.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 17h16.

Os membros da geração X têm diversos motivos para serem mal-humorados. Para começar, ninguém mais fala deles. É só geração Y o tempo todo.

Além disso, existe outro motivo para os americanos nascidos entre 1965 e 1980 serem tão pessimistas: eles se encontram em uma situação financeira pior em relação aos baby boomers, a geração pós-Segunda Guerra Mundial que os antecedeu, e à geração Y, que chegou depois.

É claro que muitos boomers não economizaram o suficiente para a aposentadoria. E sem dúvida a geração Y está sendo espremida pelas altas dívidas do crédito estudantil.

Mas os membros da geração X ainda estão pagando empréstimos estudantis e ao mesmo tempo sustentando famílias com salários que pouco aumentaram nos últimos anos.

Eles têm mais dívidas que as outras faixas etárias e são mais pessimistas quanto à possibilidade de se darem ao luxo de se aposentarem algum dia, segundo diversas pesquisas.

Quase 40 por cento dizem que “definitivamente não se sentem seguros, do ponto de vista financeiro”, e 38 por cento têm mais dívidas que economias, uma fatia maior que a de qualquer outra geração, segundo uma pesquisa recente da Northwestern Mutual Life Insurance Co., que ouviu 5.474 americanos.

Em média, as pessoas na casa dos 40 anos tinham US$ 62.087 guardados em seus planos de aposentadoria 401(k) no fim de 2013, segundo o Instituto de Pesquisas de Benefícios do Empregado, dos EUA.

Isso significa que os membros da geração X que pretendem se aposentar aos 65 anos têm um caminho considerável a percorrer até poderem acumular a quantia de US$ 1 milhão de que precisarão para gerar US$ 40.000 ao ano quando estiverem aposentados.

“Os membros da geração X são a geração do filho do meio esquecido”, diz Faith Popcorn, consultora de tendências que assessora empresas a respeito das diferenças entre gerações.

“Eles estão preocupados tanto com o presente quanto com o futuro. Eles entendem melhor que a geração Y que podem vir a ser substituídos por robôs e muitos deles não acreditam que algum dia terão dinheiro para ter filhos ou se qualificarem para terem hipotecas”.

Popcorn diz que “seis em cada 10 boomers e membros da geração Y acham que sua geração é especial, mas apenas um terço dos membros da geração X pensa assim. Ninguém gosta de ser da geração X”.

Caricatura de uma geração

O termo geração X foi popularizado por Douglas Coupland, cujo livro “geração X: Contos Para Uma Cultura Acelerada” (“Generation X: Tales for an Accelerated Culture”) foi publicado em 1991.

A geração X americana é um grupo relativamente pequeno, de cerca de 65,7 milhões de pessoas, contra cerca de 74,9 milhões de boomers e 75,3 milhões de membros da geração Y, segundo projeções do Departamento do Censo dos EUA para 2015.

Quando se tornaram adultos, entre o fim dos anos 1980 e o começo dos anos 1990, os membros da geração X foram descritos como preguiçosos e cínicos que escutavam música grunge e idolatravam Kurt Cobain. Isso sempre foi uma caricatura. Os membros da geração X foram mais moldados pelos solavancos inoportunos das crises econômicas.

Eles ingressaram no mercado de trabalho durante a recessão dos anos 1990 e depois, justamente quando começavam a se firmar, estourou a bolha das pontocom.

Quando o mercado imobiliário se recuperou, nos anos 2000, alguns deles compraram imóveis a altos preços e logo viram os valores imobiliários despencarem durante a crise financeira.

Eles formam a geração mais atingida durante a Grande Recessão e perderam quase metade de sua riqueza quando o mercado de ações despencou. O prejuízo dos baby boomers, em contrapartida, foi de 25 por cento, segundo uma pesquisa de 2013 da Pew Charitable Trusts.

Sem aumentos

Apesar de o mercado de ações ter se recuperado, os salários reais (descontada a inflação) da maioria dos funcionários não apresenta melhora desde antes da recessão, segundo o Economic Policy Institute.

Vinte e três por cento dos membros da geração X não receberam nenhum aumento e 26 por cento tiveram um aumento de 1 por cento a 2 por cento, apenas, nos últimos 12 meses.

Até mesmo os jovens da geração Y conseguiram mais do que isso.

“Além de passar por uma série de ciclos econômicos, esse grupo (geração X) está fazendo malabarismos com as hipotecas residenciais, as dívidas estudantis e as necessidades cotidianas”, disse Rebekah Barsch, vice-presidente de planejamento financeiro da Northwestern Mutual, com sede em Milwaukee.

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