São Paulo - O que Filipinas, Austrália e Romênia tem em comum? Muito pouco: tirando o fato de que todas vão terminar 2015 com crescimento respeitável e a sensação de avanços nos seus desafios econômicos. Com um governo reformista pronto pra explorar as potencialidades do seu bilhão de habitantes, a Índia já está roubando da China o posto de estrela da Ásia. Na Austrália, a recessão foi driblada e permitiu a comemoração de um quarto de século com PIB em expansão constante. Na Romênia, a turbulência política não foi capaz de abalar uma melhora generalizada dos números. Veja a seguir estas e outras economias que tiveram um 2015 para ser lembrado:
Em 2015, a Índia ultrapassou um marco importante. Com 7,4% de expansão do PIB no terceiro trimestre, ultrapassou os 6,9% da China e se tornou a grande economia do mundo que mais cresce. O país está sendo favorecido por uma série de fatores. Importadora de commodities, ela foi favorecida pela queda destes preços, além de ter uma demografia favorável, ao contrário dos outros BRICS. Na gestão da economia, um raro alinhamento: a chegada do prestigiado Raghuram Rajan ao comando do Banco Central em 2013 foi seguida pela eleição de Narendra Modi em maio de 2014, e uma série de reformas estão sendo delineadas. Segunda a Economist Intelligence Unit, a Índia terá crescimento médio de 5% ao ano até 2050 e será catapultada do 10º para o 3º lugar entre as maiores economias do mundo.
O ano não foi fácil para a Austrália. Depois de décadas puxada pela locomotiva China, ela teve que se adaptar a um cenário de commodities mais baratas e menos investimentos em mineração. Mas os dados do terceiro trimestre mostram que uma transição bem-sucedida de modelo está acontecendo, com crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado e aumento inclusive das exportações. Com isso, a Austrália caminha para seu 25o ano consecutivo sem uma recessão. É um caso único no mundo desenvolvido, fruto de uma boa gestão econômica em tempos de bonança e de dificuldade.
As Filipinas continuam sua trajetória promissora e são hoje a terceira economia que mais cresce na Ásia (6%), depois de China (6,9%) e Vietnã (6,8%). Apesar de pobreza persistente, o desemprego está em uma baixa histórica (6%) e o país conseguiu saltar de 85º em 2010 para 47º este ano no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. "O crescimento real do consumo deve acelerar para 5,4% em 2015, acima dos 3,9% de 2014, sustentado pelo crescimento no emprego, inflação baixa e maiores fluxos de remessas", diz a consultoria Euromonitor.
Bangladesh também cresce de forma vigorosa: a previsão para este ano é de 6,3%, contra 6,1% no ano passado, e "a reforma comercial com maior integração à economia global deve turbinar as exportações", segundo a Euromonitor. Depois da morte de mais de mil pessoas em um desabamento em abril de 2013, a indústria têxtil de Bangladesh (que só perde em tamanho para a chinesa) se reorganizou com a ajuda (e pressão) das grandes marcas ocidentais. Os resultados já começam a aparecer, apesar dos salários continuarem vergonhosos: uma camiseta vendida por 29 euros em uma loja na Alemanha rendeu apenas 18 centavos para o trabalhador que a produziu em Bangladesh. Bangladesh continua pobre, desigual e instável politicamente, além de ter a base de impostos mais baixa de todas as economias asiáticas (9,6% do PIB), mas o otimismo com o futuro nunca foi tão grande.
Nenhum país na União Europeia cresce hoje mais do que a Romênia. No terceiro trimestre deste ano, o país registrou expansão do PIB de 1,4% em relação ao trimestre anterior e 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo ano em que viu a queda do primeiro-ministro após um incêndio em uma casa noturna, a Romênia pôde contar com boas novas como a escalada de 6 posições para o 53º lugar no relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial. No mês passado, a Moody's mudou a perspectiva de nota do país de "negativa" para "estável" citando "progressos significativos na correção de desequilíbrios macroeconômicos e consolidação das finanças públicas".
O ano foi cheio de desafios para a Europa: o terrorismo mostrou a sua força mais de uma vez em Paris. o fluxo de imigrantes e refugiados superou a marca de 1 milhão de pessoas e a ameaça de deflação não foi afastada. A Alemanha ainda teve que lidar com o escândalo de falsificação dos resultados de emissão de poluentes da s