Combustível: preço da energia impacta na avaliação do presidente Jair Bolsonaro (PL). (Buda Mendes/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 23 de julho de 2022 às 08h30.
Após a redução do ICMS para o teto de 17%, o preço médio da gasolina no Brasil registrou uma queda nas últimas quatro semanas, em especial nas duas últimas, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O valor caiu, em média, 6,5% na semana de 10 a 16 de julho, para 6,07 reais o litro. Essa redução já é sentida por boa parte dos brasileiros.
Segundo a pesquisa EXAME/IDEIA, 39% já sentiram a queda no preço ao abastecer no posto de combustíveis. Outros 39% ainda não sabem se conseguiram perceber alguma alteração, e 19% dizem que não registraram diminuição no valor.
Os números são da sondagem publicada na quinta-feira, 21. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 15 e 20 de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-09608/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, pondera que esses 39% estão concentrados, sobretudo, na parcela da população que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL). "São pessoas que avaliam o governo, e a forma como ele trabalha, positivamente. Isso mostra que essa redução ainda não rompeu a bolha de aprovação do presidente”, diz.
LEIA TAMBÉM: Pesquisa eleitoral para presidente: Lula tem 44%, e Bolsonaro, 33%, no primeiro turno
Na última quarta-feira, a Petrobras anunciou uma nova redução no valor da gasolina nas refinarias no valor de 20 centavos no litro. Como muitos postos ainda têm estoque, é esperado que ao longo dos próximos dias os consumidores percebam uma redução ainda maior.
O preço dos combustíveis tem impacto direto na avaliação do presidente. Mesmo com a percepção de redução no valor da gasolina, a avaliação de Bolsonaro está no pior patamar em três meses. Segundo EXAME/IDEIA, os brasileiros que consideram o governo como ruim ou péssimo são 48%, valor mais alto em três meses. Os que avaliam como ótimo ou bom são 29%, e os classificam como regulam somam 21% da população.
Maurício Moura, avalia que há uma possibilidade dessa nova rodada de benefícios, assim como queda contínua no preço dos combustíveis, impactar na avaliação do presidente nos próximos meses. Tudo vai depender da velocidade que o dinheiro vai chegar aos brasileiros.
“Ainda não há nenhum reflexo de impacto resultante das medidas do governo de pagamento de auxílio ou de redução de preço dos combustíveis. Ou seja, é algo que precisamos monitorar na opinião pública nos próximos meses. Vale lembrar que o auxílio emergencial demorou aproximadamente dois meses para ter um reflexo na popularidade do presidente”, explica Moura
A PEC promulgada pelo Congresso aumenta o Auxílio Brasil de 400 reais para 600 reais por mês, concede ainda uma "bolsa caminhoneiro" de 1 mil reais mensais e um auxílio-gasolina mensal a taxistas de 200 reais. O texto ainda dobra o vale-gás a famílias de baixa renda. O custo do pacote é de 41,25 bilhões reais, fica fora do teto de gastos e será pago a pouco mais de dois meses das eleições.
LEIA TAMBÉM