Economia

3 notícias econômicas que melhoraram a semana do governo

Avanço da lista de Janot e protestos contra reformas foram contrabalançados por dados que mostram efeitos da agenda do governo

Michel Temer chega a encontros com políticos em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

Michel Temer chega a encontros com políticos em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de março de 2017 às 08h00.

Última atualização em 18 de março de 2017 às 14h17.

São Paulo - A semana não foi fácil para o governo de Michel Temer.

Na terça-feira, o procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de abertura de inquérito com base nas delações de executivos da Odebrecht.

As informações que circulam são da presença de ministros, governadores, deputados e senadores de dentro e de fora da base do governo.

Na quarta-feira, as principais capitais do país reuniram dezenas de milhares de pessoas em protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência.

A ameaça ao segundo projeto também vem de dentro, já que a própria base do governo apresentou 146 emendas com alteração de pontos centrais.

Mas na seara econômica, a semana teve três 3 notícias que ajudaram a impulsionar a narrativa de volta da confiança e recuperação da atividade.

E na sexta-feira, a cereja do bolo veio com a nova capa da The Economist que incluiu o Brasil entre seus balões em ascensão.

"De forma lenta mas constante, a economia brasileira se move em direção a um melhor equilíbrio macro, deixando para trás um legado infeliz de grandes desequilíbrios domésticos e externos e baixa credibilidade de suas políticas", diz a análise do banco americano Goldman Sachs assinada por Alberto Ramos no fechamento da semana.

Veja as notícias que ajudaram a melhorar a semana para o governo:

1. Revisão pela Moody's da perspectiva da nota brasileira

A agência de classificação de risco Moody’s alterou na quarta-feira a perspectiva da nota dos títulos de dívida do Brasil de negativa para estável.

Entre os fatores para a decisão, são citados “sinais de que o funcionamento da estrutura de políticas econômicas está melhorando e de que as instituições estão recuperando sua solidez”, o que permite a implementação das reformas fiscais.

O Ministério da Fazenda enviou nota afirmando que a reavaliação “é um reconhecimento importante dos recentes esforços na recuperação fiscal e destaca os benefícios a serem alcançados com a efetivação das reformas.”

O Brasil perdeu o grau de investimento pela Moody’s em fevereiro de 2016, quando sua nota caiu dois degraus de uma vez e ainda foi colocada em perspectiva negativa.

Isso sinalizava a possibilidade de mais um rebaixamento, que acabou não acontecendo e agora foi descartado - mas a volta do grau de investimento ainda deve demorar.

2. A volta da criação de empregos formais após 22 meses de queda

O Brasil abriu 35.612 vagas formais de emprego em fevereiro, o primeiro dado mensal positivo desde março de 2015.

O dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que costuma ser divulgado apenas virtualmente, dessa vez mereceu coletiva de imprensa com o presidente Michel Temer.

“É a notícia que eu mais queria dar”, disse ele depois no Twitter.

Ainda é pouco, e não significa que o desemprego vai parar de subir tão cedo: quando a situação parece melhor, mais gente volta a buscar emprego, o que segue pressionando a taxa por um tempo.

3. O leilão de 4 aeroportos 

O governo federal leiloou na quinta-feira quatro aeroportos: Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis.

O valor em lances mínimos, que devem ser desembolsados no momento da compra, ficou em R$ 1,46 bilhão, ágio de 93,7%.

O valor a ser desembolsado no período total da outorga ficou em R$ 3,72 bilhões, ágio de cerca de 23%.

Não é muito do ponto de vista da arrecadação, mas prova que há interesse no país e destrava uma previsão de R$ 6,6 bilhões em investimentos para todo o período (30 anos para todos com exceção de Porto Alegre, onde serão 25 anos).

Foram menos concorrentes do que nos leilões anteriores e todos foram vencidos por grupos europeus, reflexo do enfraquecimento das empreiteiras brasileiras com a Lava Jato.

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