Economia

22% das empresas só conseguem manter atividades por mais um mês, diz CNI

Levantamento indica que três em cada quatro indústrias diminuíram ou paralisaram produção

Indústria: 45% das empresas dizem só continuarão funcionando por até três meses (David Alves/Palácio Piratini/Reprodução)

Indústria: 45% das empresas dizem só continuarão funcionando por até três meses (David Alves/Palácio Piratini/Reprodução)

AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de maio de 2020 às 06h31.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 10h48.

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que os efeitos da pandemia de coronavírus sobre o setor industrial brasileiro têm sido perversos: três, de cada cada quatro executivos, diminuíram ou paralisaram sua produção. Além disso, 22% das empresas só têm condições financeiras de manter suas atividades por mais um mês e 45% dizem que o prazo em que continuarão funcionando é de até três meses.

Apesar desse cenário, 44% dos entrevistados acreditam que a economia vai registrar expansão nos próximos três anos.

Encomendado pelo Instituto FSB Pesquisa, o levantamento também mostra que, mesmo com os negócios impactados pela pandemia, o industrial brasileiro resiste em demitir. Embora 74% das empresas tenham sido afetadas negativamente pela crise e 82% tenham registrado queda no faturamento nos últimos 45 dias, 66% delas não exoneraram seus empregados.

Entre as que fecharam postos de trabalho, 78% das indústrias creem que voltarão a contratar.

- É possível enxergar a resiliência do empresário industrial nos dados trazidos pela pesquisa. A demissão é uma das últimas opções e, por isso, é preciso dar condições para evitar que os executivos cheguem a esse ponto - disse o presidente da CNI, Robson Andrade.

Redução de jornada e salários impacta 39% das indústrias

Segundo ele, as medidas trabalhistas, que resultaram em mais de 8 milhões de acordos individuais para redução de jornada e salário e suspensão de contratos de trabalho, foram importantes para a preservação de empregos. A redução da jornada, autorizada pela medida provisória (MP) 936, impactou 39% das indústrias consultadas, e 22% a suspensão temporária dos contratos.

Para garantirem a preservação dos empregos, muitos empresários foram obrigados a reduzir a jornada de trabalho com diminuição proporcional dos salários ou suspenderem os contratos. O estudo da CNI revela que 56% dos industriais recorreram aos programas oficiais do governo federal e 53% renegociaram com fornecedores.

Para 26%, impostos são problemas mais graves

Os impostos foram apontados como os problemas financeiros mais significativos para as indústrias por 26% dos entrevistados, seguidos da folha de pagamento (23% do total). Diante do quadro, o adiamento ou parcelamento do pagamento de impostos representa a política mais eficaz do governo para 38% dos executivos.

A maioria aprova as medidas governamentais, mas as considera insuficientes.

Os dados mostram, ainda, que praticamente todos (96%) os empresários consideram importante a empresa adotar medidas de segurança contra o coronavírus, como uso de máscara e distanciamento mínimo entre as pessoas. Percentual idêntico foi verificado entre aqueles que disseram que vão continuar adotando medidas de combate ao coronavírus, mesmo no cenário pós-isolamento.

Assim, serão incorporadas às rotinas das indústrias a disponibilização de materiais de higiene pessoal, os esforços adicionais de limpeza no ambiente de trabalho e o fornecimento de equipamentos de proteção individual.

A pesquisa foi feita, por telefone, com 1.017 executivos industriais de todas as regiões do Brasil, entre os dias 15 e 25 de maio. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Acompanhe tudo sobre:CNI – Confederação Nacional da IndústriaCoronavírusCrise econômicaIndústrias em geral

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês