Economia

21% das famílias mais pobres estão sem renda na pandemia, diz diagnóstico

Pesquisa com mais de 20 mil famílias em todo o Brasil mostra ainda que 38% dependem de doações para se alimentar

 (Kay Fochtmann / EyeEm/Getty Images)

(Kay Fochtmann / EyeEm/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 08h16.

A pandemia de covid-19 reduziu ainda mais a renda das famílias brasileiras. Além disso, muitas delas não conseguiram acesso ao auxílio emergencial de 600 reais do governo federal. Com isso, 21% dos mais pobres estão sem renda alguma, segundo um levantamento inédito feito pela empresa Bússola Social.

A pesquisa revela que 12,5% das famílias vivem com menos de 500 reais por mês e 31,5%, com renda entre 500 e 1.000 reais mensais. Ainda de acordo com os dados, em 71% das famílias pelo menos um membro perdeu o emprego durante a pandemia do coronavírus.

Todas essas informações resultaram no Diagnóstico Familiar, uma grande plataforma gratuita, que fornece informações em tempo real para a gestão de projetos sociais de Organizações Não Governamentais, empresas e do poder público. Mais de 20 mil famílias em todo o Brasil, que são atendidas por projetos sociais, responderam aos questionários sobre renda, alimentação e distanciamento social durante a pandemia.

"Fica muito difícil para as famílias garantir seu próprio sustento com a crise econômica e a situação foi se agravando com a pandemia. O grande objetivo da plataforma é ajudar e entender o que está acontecendo no Brasil para que as instituições possam planejar ações", explica Áureo Giunco Júnior, co-fundador da Bússola Social e idealizador do Diagnóstico Familiar.

Sem uma fonte de renda, as famílias não têm acesso a alimentos básicos e dependem de doações. Para 14,1% a única maneira de conseguir comida é com a ajuda de outras pessoas.

Além do aperto na renda, a inflação está pressionando ainda mais quem ganha menos. No ano, o Indicador Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de Inflação por Faixa de Renda para as famílias muito pobres acumula alta de 1,5%. Para os mais ricos, há retração de 0,07% no índice.

"Deveria haver uma distribuição de renda de forma emergencial para as pessoas terem acesso a comida. É garantir a asistência mínima e direitos básicos. O governo precisa também planejar como vai se dar a retomada econômica, mas como as pessoas que perderam o emprego serão recolocadas no mercado de trabalho", avalia Giunco.

 

Auxílio emergencial

Instituído em abril para conter os efeitos da pandemia sobre a população mais pobre e os trabalhadores informais, o auxílio emergencial começou a ser pago com parcelas mensais de 600 reais a 1.200 reais (no caso das mães chefes de família) a cada beneficiário.

Inicialmente projetado para durar três meses, o benefício foi estendido para um total de cinco parcelas. No começo de setembro, o governo começou a pagar mais uma prorrogação do benefício, mas desta vez com um valor menor, de 300 reais, e que vai até o fim do ano.

O governo federal já distribuiu mais de 197 bilhões em auxílio emergencial para 67,2 milhões de beneficiários do programa em todo o Brasil. Cerca de 45% dessas pessoas vivem nas regiões Norte e Nordeste do país.

(Com Agência Brasil)

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