Economia

14 bilhões de aparelhos de refrigeração em 2050...e uma conta pesada

Se manter fresquinho em um mundo mais quente e mais populoso custará caro

Ar condicionado: apetrecho colocado no aparelho destrói o novo coronavírus no ar em três minutos (Katharina13/Thinkstock)

Ar condicionado: apetrecho colocado no aparelho destrói o novo coronavírus no ar em três minutos (Katharina13/Thinkstock)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de julho de 2018 às 16h01.

São Paulo - Nenhum país do mundo consome tanta energia para se manter fresquinho sob o ar-condicionado quanto os Estados Unidos. Mas à medida que as condições econômicas melhoram em outros países, o uso de sistemas de refrigeração deverá disparar, colocando uma pressão sem precedentes sobre a oferta global de energia.

Atualmente, existem 3,6 bilhões de aparelhos de refrigeração em todo o mundo. Até 2050, mantido o ritmo atual de consumo,  serão 14 bilhões de dispositivos, que consumirão cinco vezes a atual quantidade de energia em uso para essa finalidade, aponta um novo estudo da Universidade de Birmingham.

Esse salto é estimado com base na combinação de dois fatores: uma população maior (seremos 9 bilhões de habitantes na Terra) e um clima mais quente (associado às mudanças climáticas). No cenário atual, nos próximos 30 anos, 19 aparelhos de refrigeração serão vendidos a cada segundo no mundo, prevê a pesquisa.

O volume de eletricidade necessário para abastecer esses aparelhos consumiria mais de 80% da capacidade total de renováveis projetada para o período pela Agência Internacional de Energia e mais de 100% no caso do mundo não conseguir avanços tecnológicos significativos.

Os pesquisadores afirmam que, até 2050, se quisermos atingir as metas climáticas do Acordo de Paris para evitar aumentos de temperatura superiores a 2 graus Celsius, o consumo total de energia para refrigeração deve ser limitado a 6.300 Terawatt-hora (TWh).

Se depender das capacidades tecnológicas atuais e dos ganhos de eficiência, os sistemas de refrigeração poderiam responder por 19.600 TWh em consumo de energia por ano, contra um uso anual atual de 3.600 TWh. Porém, mesmo considerando tecnologias mais avançadas, o consumo seria de 15.500 TWh.

Por isso, dizem os pesquisadores, para atingir as metas climáticas será preciso não apenas reduzir a demanda geral -- por exemplo, diminuindo a necessidade de refrigeração através de projetos de construção mais sustentáveis -- mas pensar e investir na eficiência dos sistemas e ações que tenham uma influência positiva na  operação diária.

“O desafio agora é adotar uma abordagem liderada pelo sistema, aproveitar melhor o portfólio de recursos energéticos e adotar novas tecnologias. Para conseguir isso, precisamos começar nos perguntando uma nova questão - não mais quanta eletricidade precisamos gerar, mas sim qual é o serviço que exigimos e como podemos fornecê-lo da maneira menos prejudicial", disse em nota o professor Toby Peter, autor do relatório.

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