Economia

10 motivos para a euforia com o Brasil, segundo o Citi

O mercado está reagindo à possibilidade de troca de governo e de reformas tocadas por Temer; Citi acredita que "rali do impeachment" deve continuar


	O vice-presidente Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto
 (Ueslei Marcelino/ Reuters)

O vice-presidente Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto (Ueslei Marcelino/ Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de maio de 2016 às 16h11.

São Paulo - Com a consolidação do impeachment da presidente Dilma Rousseff como cenário-base, os investidores tem demonstrado euforia com o Brasil.

A dúvida é se a mudança política já está precificada ou se Bolsa e dólar ainda tem espaço para se movimentar, questão que divide analistas de mercado.

Em um relatório enviado para investidores neste domingo, o Citi lista 10 razões para acreditar que o chamado "rali do impeachment" ainda vai longe.

Veja quais são elas:

1. "A chance de que a mudança de governo emperre está se aproximando de zero"

Logo depois da votação na Câmara, a posição do Senado ainda era incerta, mas isso mudou.  Hoje é difícil encontrar, entre defensores e detratores, quem aposte na permanência de Dilma.

O voto do relatório no Senado deve ocorrer na próxima quarta ou quinta-feira. Confirmada o "Sim", a presidente já é afastada por até 180 dias e Temer assume, gerando um fato político difícil de reverter.

2. Até a equipe de Dilma já está se preparando para sair

O governo está anunciando medidas, como o reajuste do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda, que agradam ao PT, aumentam gastos e teriam custo político caso revertidas por Temer.

Além disso, fala-se na criação de um "bunker da resistência" onde os assessores próximos da presidente se reuniriam durante o afastamento.

3. O vice-presidente Michel Temer se comprometeu a não se candidatar a presidente em 2018

Com isso, partidos preocupados com a próxima eleição presidencial ganham flexibilidade para apoiar Temer sem atrapalhar suas próprias ambições eleitorais.

O Citi fala que o novo governo se gaba de uma possível base de apoio de 78% da Câmara, mas este número pode estar superestimado. Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, explica em entrevista para EXAME.com:

"É equivocado isso de que Temer teria a base dos 367 deputados que votaram pelo impeachment. Nesse sistema que eles estão acobertados, eu acredito que não haja consenso algum." 

4. O PSDB fará parte do novo governo

Nesta terça-feira, o PSDB divulgou as propostas que considera fundamentais para apoiar um eventual governo Temer. Entre elas estão o combate à corrupção, reforma política e simplificação do sistema tributário.

A adesão "aumenta a chance de que o partido dará liderança para passar logo reformas econômicas difíceis ao invés de esperar para ver o quão impopulares elas são", diz o Citi.

5. Henrique Meirelles já está praticamente confirmado no Ministério da Fazenda

Ex-presidente do Banco Central durante toda a era Lula, Meirelles está se encontrando regularmente com Temer, que já admitiu sua preferência por ele.

O Citi diz que Meirelles traz "uma combinação incomum: habilidades do setor privado de negócios global, experiência de políticas financeiras, apoio dos mercados, jogo de cintura político, contatos e experiência legislativa e executiva".

6. "Reformas estruturais antes consideradas tabus políticos estão sendo sondadas como as primeiras iniciativas esperadas do novo governo"

Estabelecimento de idade mínima para aposentadoria, abertura comercial e fim das vinculações no Orçamento.

Estas devem ser algumas das prioridades do novo governo caso ele siga as diretrizes da "Ponte Para o Futuro", divulgada pelo PMDB em outubro do ano passado.

7. "A privatização da infraestrutura está emergindo como um potencial vetor de crescimento"

"O Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura", diz o documento "A Travessia Social", da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB.

O plano de Temer é criar um novo conselho para coordenar concessões, privatizações e parcerias público-privadas sob liderança de Wellington Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma.

8. Os preços de commodities estão subindo

A queda generalizada dos preços das commodities diante da fraqueza da demanda chinesa foi um dos fatores que derrubaram o crescimento do Brasil e de outros países da América Latina, mas há sinais positivos neste campo.

O índice de commodities da Bloomberg subiu 8,5% em abril, maior alta mensal desde dezembro de 2010. O retorno do índice da S&P foi ainda maior: 10,1%.

9. As taxas de juros de longo prazo domésticas caíram 420 pontos-base nos últimos 3 meses

E as projeções de inflação também vem caindo para os próximos 2 anos, de acordo com as estimativas de mercado captadas pelo último Boletim Focus, o que abre espaço para uma maior queda dos juros.

10. A balança de pagamentos continua melhorando

O lado bom de ter dólar mais alto é que o ajuste das contas externas fica mais rápido. Os brasileiros gastam menos no exterior, as importações caem e as exportações são estimuladas.

O Citi espera um superávit de balança comercial de US$ 54 bilhões este ano. No acumulado de janeiro a abril, já são US$ 13 bilhões - um recorde para o período.

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesExecutivos brasileirosHenrique MeirellesImpeachmentMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerOposição políticaPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPrivatizaçãoPSDB

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados