Favela em São Paulo (Danny Lehman/Corbis)
João Pedro Caleiro
Publicado em 13 de outubro de 2015 às 18h36.
São Paulo - O 1% mais rico da população já acumula metade de toda a riqueza global, diz um relatório lançado hoje pelo banco Credit Suisse.
Eles estimam que 3,4 bilhões de pessoas (71% da população) tem menos de US$ 10 mil em riqueza cada.
Combinada, essa maioria absoluta tem em suas mãos apenas US$ 7,4 trilhões, uma fração (3%) do total de riqueza global.
Nos países desenvolvidos, apenas 1 em cada 5 indivíduos está na categoria mais baixa, e muitas vezes de forma transitória. Na Índia e na África, são 90%.
Logo depois vem o 1 bilhão de pessoas (21% da população) que cai na faixa entre US$ 10 mil e US$ 100 mil. Os 383 milhões de indivíduos que sobram (8% da população) são aqueles com mais de 100 mil dólares.
Veja na pirâmide. Do lado esquerdo, está a faixa de riqueza de cada grupo. Do lado direito, a riqueza total do grupo e quanto isso representa do total global. No meio, a quantidade de indivíduos e quanto isso representa da população mundial:
A concentração vai ficando ainda maior quanto mais perto se chega do topo. Veja a ponta da figura anterior expandida; na esquerda está a faixa de renda e na direita está o número de indivíduos:
Há 33,6 milhões de indivíduos com riqueza entre US$ 1 milhão e US$ 50 milhões (a maioria bem mais perto da base do que do topo desta faixa).
Em seguida, vem os 123.800 indivíduos considerados ultra-ricos, com mais de US$ 50 milhões de dólares, incluindo os 45 mil que têm mais de US$ 100 milhões.
"Enquanto a base da pirâmide é ocupado por pessoas de todos os países em vários estágios de seus ciclos de vida, os indivíduos muito ricos estão altamente concentrados em países e regiões específicos e tendem a compartilhar estilos de vida mais similiares", diz o relatório.
A lista dos países com mais ultra-ricos tem o Brasil em 16º e é liderada de longe pelos Estados Unidos, com mais de 5 vezes o número de representantes da segunda colocada, a China. Em seguida vem Reino Unido, Alemanha e Suíça.
"O número de milionários em um país é determinado por três fatores: tamanho da população, riqueza média e desigualdade de renda. Os EUA tem notas fortes em todos estes critérios", diz o relatório.
Se estivessem nos Estados Unidos, apenas 8,1% dos brasileiros adultos seriam de classe média e 0,6% estariam acima disso, segundo os cálculos do banco.
No começo do ano, a ONG Oxfam já havia antecipado projeções similares para a desigualdade global com base em dados anteriores do Credit Suisse.
Em maio, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) lançou um relatório com diagnóstico sobre a explosão da desigualdade e sugestões para reverter o processo sem prejudicar o crescimento.