Energia elétrica: levantamento aponta que existem 663 projetos de geração outorgados, com capacidade instalada conjunta de 39.314 MW (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2015 às 18h08.
São Paulo - O 3º Boletim de Expansão de Oferta de Energia elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e divulgado nesta quarta-feira, 29, mostra que aproximadamente um terço da energia nova a ser gerada por projetos previstos para o intervalo de 2015 a 2020 está concentrada em empreendimentos paralisados ou com obras não iniciadas.
O levantamento aponta que existem 663 projetos de geração outorgados, com capacidade instalada conjunta de 39.314 MW.
Desse montante, contudo, 14.002 MW virão de projetos que não estão em construção nesse momento, o que representa 35,6% do total.
Proporcionalmente, a situação mais adversa é registrada entre as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Dos 2.361 MW a serem adicionados ao sistema até 2020, 1.933 MW (81,9%) virão de projetos atualmente paralisados ou com obras não iniciadas.
A Aneel destaca que, dentre os 172 projetos outorgados, 25 empreendimentos enfrentam dificuldades como suspensão de declaração de inviabilidade ambiental ou impasses judiciais.
Como são projetos menores, contudo, é possível que parte das obras de algumas PCHs não tenha sido iniciada em função do cronograma natural de cada empreendimento.
O segundo caso mais preocupante envolve usinas eólicas, projetos igualmente menores quando comparados aos grandes complexos hidrelétricos ou térmicos. Nesse caso, 6.240 MW dos 9.639 MW em projetos outorgados, ou 64,7% do total, virão de empreendimentos atualmente paralisados ou com obras não iniciadas. Há, porém, apenas 6 dos 392 parques outorgados com alguma restrição mais preocupante.
O porcentual de projetos paralisados ou com obras não iniciadas entre as térmicas também é grande, mas em proporções menores.
No caso das térmicas abastecidas com combustível fóssil, 58% dos 6.049 MW previstos estão vinculados a projetos paralisados ou com obras não iniciadas. A situação é mais preocupante em 13 de 24 usinas, mas vale destacar que estes são projetos que levam maior tempo de construção.
Entre as térmicas abastecidas com biomassa a taxa de paralisação ou obras não iniciadas está em 41,4%, com 1.065 MW dos 2.573 MW outorgados nessa situação. De um total de 51 projetos, 15 enfrentam algum tipo de restrição, segundo a Aneel.
A situação mais confortável é vista, curiosamente, entre os grandes projetos hidrelétricos, os quais responderão por 47,5% da expansão prevista até 2020. Segundo o documento da Aneel, apenas 6,5% da energia prevista em projetos outorgados está vinculada a empreendimentos paralisados ou com obras não iniciadas.
Nesse caso, dez das 24 usinas planejadas enfrentam algum tipo de restrição. Há grande concentração de problemas principalmente associados a projetos na região Sul. A principal ameaça ao cronograma desses projetos está relacionada ao processo de licenciamento ambiental.
Expansão
A Aneel destaca que, entre os projetos em expansão, está a usina de Jirau, que já possui 27 turbinas em operação comercial e deve ter mais de dez novas turbinas em operação até o final do ano.
A terceira e última turbina da hidrelétrica Ferreira Gomes, também citada pela Aneel, deve entrar em operação até o final de junho.
Dentre as térmicas, destaque para as usinas Amandina, Colombo Ararinha 2, Eldorado e Moema, todas com expansão de capacidade prevista ainda para o segundo trimestre deste ano. A Aneel também prevê novas usinas eólicas e PCHs para os próximos meses.
Desde o início deste ano, a potência instalada do parque gerador brasileiro foi acrescida em 1.651 MW, o que representa uma adição de 1,2% em relação ao final de 2014.
Outros 5.754 MW devem entrar em operação até o final do ano. A Aneel também prevê a incorporação de 28.478 MW entre 2016 e 2020 e ainda há 5.082 MW vinculados a projetos sem previsão de entrada em operação comercial.