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Satori – Uma nova tendência de consumo?

Jovens japoneses se rebelam contra o consumismo e vão se tornando cada vez mais insensíveis aos apelos do marketing

DR

Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2014 às 10h11.

Última atualização em 11 de maio de 2019 às 14h38.

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Quem lê o blog “Você e o Dinheiro” com alguma regularidade deve se lembrar de que, em algum momento do ano passado, falei que o tema “frugalidade” iria estar mais presente por aqui. Pois bem, chegou a hora de cumprir a promessa…

Eu gosto muito de uma revista canadense chamada “ Adbusters ”. É uma dessas revistas meio “modernosas”, que gente de vanguarda e ativistas em geral adoram ler. Não é exatamente o meu perfil, mas eu ainda assim gosto muito da revista por causa da linha editorial anticonsumismo, que é algo que me diz respeito (o título da revista, por si só, já diz muita coisa).

Há alguns dias, saiu no site deles uma matéria que me chamou a atenção, chamada “The Satori Generation” (A Geração Satori). A matéria fala sobre jovens japoneses que resolveram, por razões diversas, abraçar a postura de minimalismo e frugalidade, procurando viver de uma forma materialmente simplificada (por necessidade e, em parte, por opção) e combatendo as tentativas de persuasão do marketing e da propaganda.

Lendo do jeito que eu escrevi, alguns podem pensar “Ah! Isso não é nenhuma novidade, os hippies já faziam isso nos anos 60…”, mas não é bem isso. Inclusive recomendo a leitura do artigo original, em Inglês, que pode ser acessado aqui.

Para entender a origem do nome, vou traduzir aqui o primeiro parágrafo da matéria:

No Japão, eles ficaram conhecidos como satori sedai – a “geração iluminada”. Em termos budistas: livres de desejos materiais, focados em autoconsciência e encontrando verdades fundamentais. Mas há uma tradução mais cruel: “geração resignação”, ou aqueles sem ideais, ambições ou esperança.

Para deixar bem contextualizado, é importante lembrar que o Japão não vem passando por uma fase economicamente muito “brilhante” nessas últimas décadas, e os jovens estão pagando um preço alto. Muitos acabam sendo forçados a trabalhar em empregos de subsistência e a morar com a família por longos períodos.

São jovens que acabaram se tornando insensíveis aos apelos do marketing, que não ligam para marcas, não ligam para identidades fabricadas e consomem muito pouco. Quando li a matéria, imediatamente me lembrei de um livro chamado “Reconhecimento de Padrões” (do William Gibson, mesmo autor do clássico de ficção científica “Neuromancer”), onde a personagem principal é uma consultora de marketing (isso mesmo…) que tem alergia e repulsa a marcas e griffes, o que a faz remover qualquer etiqueta ou identificação de suas roupas e acessórios.

É irônico este movimento surgir no Japão, um país onde os jovens carregam um estereótipo de consumistas e seguidores de modismos exagerados. Dizem que toda ação gera uma reação de mesma intensidade em sentido oposto – então deve ser isso…

Não vamos aqui especular se esses jovens que estão levando a frugalidade a extremos são “iluminados” ou meramente “resignados”. O fato é que já deve haver alguns profissionais de marketing torcendo para que seja apenas um modismo passageiro e que essa onda não se espalhe. Imaginem se os jovens daqui resolvem copiá-los…

Aproveite para ler outro artigo de minha autoria, onde proponho dicas para combater o consumismo e os gastos por impulso (porém, sem exageros e radicalismos!).

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Para entender a origem do nome, vou traduzir aqui o primeiro parágrafo da matéria:

No Japão, eles ficaram conhecidos como satori sedai – a “geração iluminada”. Em termos budistas: livres de desejos materiais, focados em autoconsciência e encontrando verdades fundamentais. Mas há uma tradução mais cruel: “geração resignação”, ou aqueles sem ideais, ambições ou esperança.

Para deixar bem contextualizado, é importante lembrar que o Japão não vem passando por uma fase economicamente muito “brilhante” nessas últimas décadas, e os jovens estão pagando um preço alto. Muitos acabam sendo forçados a trabalhar em empregos de subsistência e a morar com a família por longos períodos.

São jovens que acabaram se tornando insensíveis aos apelos do marketing, que não ligam para marcas, não ligam para identidades fabricadas e consomem muito pouco. Quando li a matéria, imediatamente me lembrei de um livro chamado “Reconhecimento de Padrões” (do William Gibson, mesmo autor do clássico de ficção científica “Neuromancer”), onde a personagem principal é uma consultora de marketing (isso mesmo…) que tem alergia e repulsa a marcas e griffes, o que a faz remover qualquer etiqueta ou identificação de suas roupas e acessórios.

É irônico este movimento surgir no Japão, um país onde os jovens carregam um estereótipo de consumistas e seguidores de modismos exagerados. Dizem que toda ação gera uma reação de mesma intensidade em sentido oposto – então deve ser isso…

Não vamos aqui especular se esses jovens que estão levando a frugalidade a extremos são “iluminados” ou meramente “resignados”. O fato é que já deve haver alguns profissionais de marketing torcendo para que seja apenas um modismo passageiro e que essa onda não se espalhe. Imaginem se os jovens daqui resolvem copiá-los…

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