Renda Fixa: Quando os custos ficam mais visíveis
Não temos controle sobre os retornos de nossos investimentos, mas temos (sim!) controle sobre os custos.
Publicado em 28 de março de 2018 às, 13h36.
Última atualização em 17 de outubro de 2018 às, 15h45.
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Uma coisa interessante das taxas de juros mais baixas é que elas evidenciam os custos dos investimentos. Eu me lembro em 2012, quando a Selic chegou a 7,25% ao ano (e muitos investidores acharam que aquilo ia ser o “fim do mundo”...), uma das coisas que mais geraram discussões eram exatamente os custos dos investimentos. Aquele fundinho DI “sem vergonha”, com taxa de administração de 2% ao ano (que era diluída e ficava quase invisível com a Selic a dois dígitos), passou a corroer e comprometer seriamente os retornos, e uma boa parte desses fundos mais populares passou a dar retornos reais (acima da inflação) negativos.
Foi só a taxa Selic voltar a subir e tudo isso foi esquecido... O pessoal voltou a colocar dinheiro na Caderneta de Poupança e outros investimentos questionáveis para quem tem alguma educação financeira (inclusive os ditos fundos com altas taxas de administração), mas, enfim, a Selic retomou seu movimento de baixa e estamos agora em águas “nunca antes navegadas”, com a Selic a 6,5% ao ano, no momento em que escrevo estas palavras...
Novamente, os custos dos investimentos começam a ficar mais evidentes (pois eles não podem ser diluídos num retorno nominal alto) e agora as críticas se voltam até ao onipresente e onipotente Tesouro Selic (a LFT) negociado no Tesouro Direto que, com a taxa de custódia cobrada pela bolsa de valores, passa a perder um pouco de sua competitividade em relação a outros títulos privados.
A taxa de custódia é uma taxa fixa, de 0,3% ao ano, que incide sobre o valor investido. Até meados do ano passado, um Tesouro Selic com taxa de administração ZERO estaria retornando uma taxa equivalente a, em números redondos, 98,5% do DI. Nesses níveis, estava difícil para os bancos competirem, especialmente com títulos (como os CDBs) de liquidez diária. São poucas opções acima desses níveis.
Porém, com a Selic a 6,5% e a taxa de custódia mantida nos mesmos níveis, o retorno de um Tesouro Selic (novamente, considerando uma taxa de administração zero) equivale a 95% do DI. Ou seja, vários títulos de bancos voltam a ficar competitivos contra os títulos públicos.
Isso apenas serve para reforçar um dos conceitos que educadores financeiros mais tentam “enfiar nas cabeças” dos investidores (especialmente os iniciantes): de que não temos NENHUM controle sobre o retorno dos investimentos, mas temos TOTAL controle sobre os custos e, conhecendo bem os custos (e seus efeitos), podemos tomar as melhores decisões de investimento, em qualquer cenário.
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