Por que fazer coisas chatas?
Há alguns dias, uma jornalista me ligou para uma matéria de finanças pessoais. Já era uma “velha conhecida” (o mundinho das finanças pessoais não é muito grande, praticamente todo mundo se conhece) e já tinha intimidade suficiente comigo para logo de cara me perguntar se eu tinha alguma dica diferente para dar, além daquelas já mais do que batidas como “faça uma planilha com suas despesas”, que (usando as palavras […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2013 às 14h53.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h55.
Há alguns dias, uma jornalista me ligou para uma matéria de finanças pessoais. Já era uma “velha conhecida” (o mundinho das finanças pessoais não é muito grande, praticamente todo mundo se conhece) e já tinha intimidade suficiente comigo para logo de cara me perguntar se eu tinha alguma dica diferente para dar, além daquelas já mais do que batidas como “faça uma planilha com suas despesas”, que (usando as palavras dela) são coisas “muito chatas”.
Eu atuo na área de finanças há vinte anos e se tem uma coisa que eu aprendi é que… Não adianta, controle financeiro é chato mesmo! A gente (me refiro agora aos profissionais de educação financeira, escritores, palestrantes etc.) tenta, se esforça, procura inventar joguinhos, historinhas, brincadeiras, “contos”, teatrinhos. Tentamos escrever livros e artigos mais leves, mais divertidos… Mas não adianta, não tem como transformar algo “chato” em algo “legal”.
Educação financeira não é a mesma coisa que “informação financeira”. Uma boa vida financeira não se faz apenas com livros, palestras e workshops, é preciso “colocar para funcionar”. A informação precisa virar ação, ela precisa “frutificar”, e isso implica em criar novos hábitos. Inclusive, cada vez mais os estudiosos do comportamento humano trazem evidências de que a mera “força de vontade” é fraca, mas os hábitos são fortes.
O problema é que criar novos hábitos é… Chato! Praticamente, tudo aquilo que está associado a uma vida saudável, próspera e produtiva está baseado em coisas chatas.
Vida financeira em ordem? Planilhas, contas, um monte de coisas chatas… Estar em forma para o próximo verão? Dieta, ginástica, chatice ao cubo… Aprender um novo idioma? Estudos, demora, frustração, esforço e muita chatice… Desenvolver uma boa e sólida carreira profissional? Bem, vocês me digam…
Essas coisas todas não são chatas apenas por serem desagradáveis. São chatas porque, em sua grande maioria, não vemos o resultado no curto prazo. Uma dieta pode ser extremamente desagradável e dolorosa, mas o que dói mais é esperar meses pelo resultado, principalmente quando nossa mente é programada para enxergar o futuro como algo muito mais distante do que ele realmente está (maldito desconto hiperbólico!). Se fosse apenas a dor… Conheço gente que faria uma cirurgia plástica sem anestesia com um sorriso no rosto, contanto que o resultado fosse “para amanhã”.
Corremos atrás daquilo que nos traz gratificação no curto prazo (ou mesmo imediata), mas aquilo que nos satisfaz no curto prazo muitas vezes acaba comprometendo negativamente o longo prazo. Evitamos a chatice a todo custo, vivemos no curto prazo e, por conta disso, acabamos não saindo do lugar.
Somos tão orientados para o que é “legal”, divertido e prazeroso no curto prazo, e ao mesmo tempo acabamos produzindo e conquistando tão pouco na vida, que me arrisco a dizer que se você vir uma atividade chata e demorada pela frente, faça, pois há uma grande possibilidade de que seja algo bom para você!
E quero terminar este texto com uma frase do Tony Robbins, um cara que eu respeito apesar de ser um pouco “autoajuda demais para a minha cabeça”:
“A maioria das pessoas superestima o que pode fazer em um ano e subestima o que pode fazer em uma década”.
Há alguns dias, uma jornalista me ligou para uma matéria de finanças pessoais. Já era uma “velha conhecida” (o mundinho das finanças pessoais não é muito grande, praticamente todo mundo se conhece) e já tinha intimidade suficiente comigo para logo de cara me perguntar se eu tinha alguma dica diferente para dar, além daquelas já mais do que batidas como “faça uma planilha com suas despesas”, que (usando as palavras dela) são coisas “muito chatas”.
Eu atuo na área de finanças há vinte anos e se tem uma coisa que eu aprendi é que… Não adianta, controle financeiro é chato mesmo! A gente (me refiro agora aos profissionais de educação financeira, escritores, palestrantes etc.) tenta, se esforça, procura inventar joguinhos, historinhas, brincadeiras, “contos”, teatrinhos. Tentamos escrever livros e artigos mais leves, mais divertidos… Mas não adianta, não tem como transformar algo “chato” em algo “legal”.
Educação financeira não é a mesma coisa que “informação financeira”. Uma boa vida financeira não se faz apenas com livros, palestras e workshops, é preciso “colocar para funcionar”. A informação precisa virar ação, ela precisa “frutificar”, e isso implica em criar novos hábitos. Inclusive, cada vez mais os estudiosos do comportamento humano trazem evidências de que a mera “força de vontade” é fraca, mas os hábitos são fortes.
O problema é que criar novos hábitos é… Chato! Praticamente, tudo aquilo que está associado a uma vida saudável, próspera e produtiva está baseado em coisas chatas.
Vida financeira em ordem? Planilhas, contas, um monte de coisas chatas… Estar em forma para o próximo verão? Dieta, ginástica, chatice ao cubo… Aprender um novo idioma? Estudos, demora, frustração, esforço e muita chatice… Desenvolver uma boa e sólida carreira profissional? Bem, vocês me digam…
Essas coisas todas não são chatas apenas por serem desagradáveis. São chatas porque, em sua grande maioria, não vemos o resultado no curto prazo. Uma dieta pode ser extremamente desagradável e dolorosa, mas o que dói mais é esperar meses pelo resultado, principalmente quando nossa mente é programada para enxergar o futuro como algo muito mais distante do que ele realmente está (maldito desconto hiperbólico!). Se fosse apenas a dor… Conheço gente que faria uma cirurgia plástica sem anestesia com um sorriso no rosto, contanto que o resultado fosse “para amanhã”.
Corremos atrás daquilo que nos traz gratificação no curto prazo (ou mesmo imediata), mas aquilo que nos satisfaz no curto prazo muitas vezes acaba comprometendo negativamente o longo prazo. Evitamos a chatice a todo custo, vivemos no curto prazo e, por conta disso, acabamos não saindo do lugar.
Somos tão orientados para o que é “legal”, divertido e prazeroso no curto prazo, e ao mesmo tempo acabamos produzindo e conquistando tão pouco na vida, que me arrisco a dizer que se você vir uma atividade chata e demorada pela frente, faça, pois há uma grande possibilidade de que seja algo bom para você!
E quero terminar este texto com uma frase do Tony Robbins, um cara que eu respeito apesar de ser um pouco “autoajuda demais para a minha cabeça”:
“A maioria das pessoas superestima o que pode fazer em um ano e subestima o que pode fazer em uma década”.