Planejamento financeiro para casais sem filhos
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Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2016 às 14h35.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h35.
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Há pouco mais de uma semana, saiu uma reportagem no portal americano de finanças e negócios CNBC com o título How retirement planning for childless couples is different (“Como o planejamento financeiro para casais sem filhos é diferente”, em tradução livre). A reportagem, em si, não era particularmente boa (ao menos na minha modesta opinião) e talvez não seja muito adequada para a realidade brasileira, mas achei a temática muito interessante, pois é um assunto pouco explorado nos círculos de finanças pessoais.
No Brasil, assim como nos EUA e nas demais economias desenvolvidas, casais sem filhos (por opção) são cada vez mais comuns e a situação vai se tornando cada vez mais “socialmente aceitável”. Obviamente, às vezes acontecem situações constrangedoras, como aquelas pessoas que, numa festa ou encontro social, sempre perguntam “e quando vêm os filhos?”, como se o casal estivesse, de alguma forma, “em falta” com a humanidade… Mas, de uma forma geral, a decisão de não ter filhos vem sendo mais respeitada.
Do ponto de vista financeiro, o que muda? Bem, vendo pelo ponto de vista estritamente financeiro (e é preciso frisar o “estritamente financeiro”), não há discussão de que filhos custam caro, e a decisão de NÃO ter filhos acaba trazendo um considerável alívio nas contas do casal. Inclusive, nos EUA se usa a sigla DINK ( Double Income, No Kids, ou “duas rendas e sem filhos”, em tradução livre) para esses casais sem filhos, já criando mais um rótulo para sinalizar que aquelas pessoas têm mais renda disponível e devem ser “atacadas” como uma classe diferenciada de consumidores.
Porém, nem tudo é uma maravilha (e novamente ressalto que aqui estou falando apenas pelo lado financeiro). Muitos casais acabam se sentindo excessivamente seguros e confortáveis com a ausência da pressão financeira representada pelos filhos e acabam exagerando nos gastos de outro lado, como lazer e viagens. Podem também acabar não se preparando adequadamente para a velhice, apoiados na crença de que “não tem ninguém para deixar o patrimônio que vai sobrar”.
Então, gostaria de expor alguns pontos que acho relevantes para que casais sem filhos considerem (e também adoraria saber a sua opinião, na área de comentários, sobre o que mais casais sem filhos devem considerar em seu planejamento futuro):
Cuidados na velhice
As motivações para ter filhos são, em sua maioria, nobres e louváveis, porém algumas pessoas acabam tendo motivações mais “pragmáticas”, depositando nos filhos a expectativa de que eles cuidarão dos pais na velhice.
Considerar os filhos como se fossem um “plano de previdência” é uma coisa complicada, pois filhos têm vontade própria e bem… às vezes, as coisas acabam não saindo conforme o planejado.
Planejar os cuidados necessários na velhice é uma medida que deveria ser tomada tanto por casais com filhos quanto sem. No caso de casais com filhos, pode ser que os filhos deem o esperado apoio ou pode ser que eles simplesmente virem as costas para os pais (infelizmente acontece e não é tão raro…). Na dúvida, é sempre bom se preparar para um cenário negativo onde o casal não poderá contar com muita ajuda.
No caso dos casais sem filhos, essa “falta de apoio” não é um risco – e sim um fato – então o planejamento é necessário. Nos EUA, existem seguros e planos que provêm cuidados na velhice e que podem ser contratados com bastante antecedência – aqui, este mercado ainda não é tão rico em opções. O melhor caminho é estimar o patrimônio ideal, lutar para formá-lo e já ter uma ideia de quais serão os serviços profissionais necessários para que a vida possa seguir em frente.
Planejamento sucessório
O fato de não ter filhos não significa que se deva simplesmente “torrar” todo o patrimônio, até porque há o “risco” (bastante alto, por sinal) de viver MAIS do que o esperado, por conta do aumento exponencial da longevidade (que deve ganhar ainda mais fôlego com novos avanços médicos e tecnológicos que estão por vir).
Também não se deve abandonar o patrimônio apenas por não ter herdeiros diretos. Frequentemente, o casal (ou os cônjuges, individualmente) tem causas e instituições que apoiam, e podem querer dar uma contribuição quando chegar o momento de “partir”.
Mudanças de ideia…
Um casal pode estar absolutamente convicto de sua decisão de não ter filhos, mas sabemos que convicções absolutas “duram enquanto durarem”. Às vezes, o casal pode, simplesmente, mudar de ideia.
Sabendo que o impacto financeiro de um filho é grande e que convicções sólidas raramente são tão sólidas assim, pode ser uma medida salutar manter uma reserva financeira para uma eventual “mudança de ideia”. E é interessante que essa reserva continue existindo, mesmo que o casal já tenha passado daquela idade em que a Natureza “facilita as coisas”. Afinal, existem caminhos alternativos e altamente válidos, como a adoção.
Enfim, é importante que casais sem filhos tenham em mente que o fato de não ter filhos não deve ser visto como um “passe livre” para tratar o dinheiro de forma pródiga. As necessidades de planejamento podem não ser tão rígidas, mas elas existem e não devem ser negligenciadas.
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Há pouco mais de uma semana, saiu uma reportagem no portal americano de finanças e negócios CNBC com o título How retirement planning for childless couples is different (“Como o planejamento financeiro para casais sem filhos é diferente”, em tradução livre). A reportagem, em si, não era particularmente boa (ao menos na minha modesta opinião) e talvez não seja muito adequada para a realidade brasileira, mas achei a temática muito interessante, pois é um assunto pouco explorado nos círculos de finanças pessoais.
No Brasil, assim como nos EUA e nas demais economias desenvolvidas, casais sem filhos (por opção) são cada vez mais comuns e a situação vai se tornando cada vez mais “socialmente aceitável”. Obviamente, às vezes acontecem situações constrangedoras, como aquelas pessoas que, numa festa ou encontro social, sempre perguntam “e quando vêm os filhos?”, como se o casal estivesse, de alguma forma, “em falta” com a humanidade… Mas, de uma forma geral, a decisão de não ter filhos vem sendo mais respeitada.
Do ponto de vista financeiro, o que muda? Bem, vendo pelo ponto de vista estritamente financeiro (e é preciso frisar o “estritamente financeiro”), não há discussão de que filhos custam caro, e a decisão de NÃO ter filhos acaba trazendo um considerável alívio nas contas do casal. Inclusive, nos EUA se usa a sigla DINK ( Double Income, No Kids, ou “duas rendas e sem filhos”, em tradução livre) para esses casais sem filhos, já criando mais um rótulo para sinalizar que aquelas pessoas têm mais renda disponível e devem ser “atacadas” como uma classe diferenciada de consumidores.
Porém, nem tudo é uma maravilha (e novamente ressalto que aqui estou falando apenas pelo lado financeiro). Muitos casais acabam se sentindo excessivamente seguros e confortáveis com a ausência da pressão financeira representada pelos filhos e acabam exagerando nos gastos de outro lado, como lazer e viagens. Podem também acabar não se preparando adequadamente para a velhice, apoiados na crença de que “não tem ninguém para deixar o patrimônio que vai sobrar”.
Então, gostaria de expor alguns pontos que acho relevantes para que casais sem filhos considerem (e também adoraria saber a sua opinião, na área de comentários, sobre o que mais casais sem filhos devem considerar em seu planejamento futuro):
Cuidados na velhice
As motivações para ter filhos são, em sua maioria, nobres e louváveis, porém algumas pessoas acabam tendo motivações mais “pragmáticas”, depositando nos filhos a expectativa de que eles cuidarão dos pais na velhice.
Considerar os filhos como se fossem um “plano de previdência” é uma coisa complicada, pois filhos têm vontade própria e bem… às vezes, as coisas acabam não saindo conforme o planejado.
Planejar os cuidados necessários na velhice é uma medida que deveria ser tomada tanto por casais com filhos quanto sem. No caso de casais com filhos, pode ser que os filhos deem o esperado apoio ou pode ser que eles simplesmente virem as costas para os pais (infelizmente acontece e não é tão raro…). Na dúvida, é sempre bom se preparar para um cenário negativo onde o casal não poderá contar com muita ajuda.
No caso dos casais sem filhos, essa “falta de apoio” não é um risco – e sim um fato – então o planejamento é necessário. Nos EUA, existem seguros e planos que provêm cuidados na velhice e que podem ser contratados com bastante antecedência – aqui, este mercado ainda não é tão rico em opções. O melhor caminho é estimar o patrimônio ideal, lutar para formá-lo e já ter uma ideia de quais serão os serviços profissionais necessários para que a vida possa seguir em frente.
Planejamento sucessório
O fato de não ter filhos não significa que se deva simplesmente “torrar” todo o patrimônio, até porque há o “risco” (bastante alto, por sinal) de viver MAIS do que o esperado, por conta do aumento exponencial da longevidade (que deve ganhar ainda mais fôlego com novos avanços médicos e tecnológicos que estão por vir).
Também não se deve abandonar o patrimônio apenas por não ter herdeiros diretos. Frequentemente, o casal (ou os cônjuges, individualmente) tem causas e instituições que apoiam, e podem querer dar uma contribuição quando chegar o momento de “partir”.
Mudanças de ideia…
Um casal pode estar absolutamente convicto de sua decisão de não ter filhos, mas sabemos que convicções absolutas “duram enquanto durarem”. Às vezes, o casal pode, simplesmente, mudar de ideia.
Sabendo que o impacto financeiro de um filho é grande e que convicções sólidas raramente são tão sólidas assim, pode ser uma medida salutar manter uma reserva financeira para uma eventual “mudança de ideia”. E é interessante que essa reserva continue existindo, mesmo que o casal já tenha passado daquela idade em que a Natureza “facilita as coisas”. Afinal, existem caminhos alternativos e altamente válidos, como a adoção.
Enfim, é importante que casais sem filhos tenham em mente que o fato de não ter filhos não deve ser visto como um “passe livre” para tratar o dinheiro de forma pródiga. As necessidades de planejamento podem não ser tão rígidas, mas elas existem e não devem ser negligenciadas.
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