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Pizzas, sexo e fundos de pensão

Uma das maiores “pedras no sapato” daquelas empresas que são patrocinadoras de fundos de pensão é como persuadir os funcionários a aderirem aos programas de previdência que são oferecidos. O baixo engajamento de funcionários aos planos de pensão é uma coisa que desafia a lógica financeira e que só pode ser explicado pelo baixo (ou inexistente) grau de educação financeira das pessoas. E este problema não se verifica apenas no […] Leia mais

V
Você e o Dinheiro

Publicado em 4 de agosto de 2014 às, 13h38.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h22.

Uma das maiores “pedras no sapato” daquelas empresas que são patrocinadoras de fundos de pensão é como persuadir os funcionários a aderirem aos programas de previdência que são oferecidos.

O baixo engajamento de funcionários aos planos de pensão é uma coisa que desafia a lógica financeira e que só pode ser explicado pelo baixo (ou inexistente) grau de educação financeira das pessoas. E este problema não se verifica apenas no Brasil. Nos EUA, a maioria das ações de educação financeira em empresas é voltada para questões previdenciárias e, de certa forma, para a promoção dos programas previdenciários oferecidos por essas empresas.

Quando se coloca “promoção” de algum tipo de serviço financeiro e “educação financeira” na mesma frase, raramente sai alguma coisa boa dessa junção… Mas, no caso dos fundos de pensão, eu abro uma exceção, principalmente quando falamos de um esquema de previdência em que a empresa contribui junto com o funcionário (o chamado “match”). Não é uma regra, mas a maioria das empresas que oferecem esquemas de previdência faz o match, e frequentemente ele chega a 100% daquilo que o funcionário coloca no fundo. Ou seja, para cada um real, a empresa coloca outro real. Se o funcionário não colocar dinheiro, a empresa não coloca…

Peraí! Estamos falando aqui de um investimento que, sem considerar taxa de juros nem nada, já dá um retorno de 100%! Afinal, você investe um real, e ganha mais um real. Aqui entre nós, nem pirâmide financeira dá isso…

Se é tão bom, por que muitos trabalhadores resistem a entrar nos esquemas de pensão? Uma possível explicação (a mais óbvia e intuitiva) é que eles simplesmente não têm noção de como um programa desses funciona. Outra possível explicação é que alguns trabalhadores até saibam como funciona, mas não conseguem fazer sobrar dinheiro para aproveitarem ao máximo possível o benefício oferecido.

Tudo bem que fundos de pensão não são perfeitos. A liquidez é baixa (só vemos o dinheiro quando nos desligamos da empresa), alguns fundos apresentam rentabilidade baixa por circunstâncias de mercado e outros são simplesmente mal geridos, mas… ainda assim, estamos falando de um investimento com potencial de dar um retorno imediato de 100%!

Quando não aproveitamos o benefício previdenciário em sua integralidade, estamos simplesmente “deixando dinheiro na mesa”. Por isso que, quando temos a oportunidade, devemos aderir, independentemente de ser um fundo mal ou bem gerido (obviamente que, se for bem gerido, é melhor ainda).

Tudo isso me lembra de uma frase de autor desconhecido (já a vi atribuída a vários autores diferentes), que ficou famosa ao ser mencionada em uma comédia romântica dos anos noventa:

“Pizza é como sexo. Quando é bom, é ótimo. Mas quando é ruim, ainda assim é muito bom”.

Substitua “pizza” por “fundo de pensão”, e a frase continuará igualmente sólida (talvez até mais, pois pizza não é um consenso).

Quando temos oportunidade de entrar em um fundo de pensão que tem match do empregador, ainda que o fundo não seja “aquela maravilha”, nós devemos entrar e, mais que isso, devemos nos esforçar para aproveitar o benefício em sua integralidade, buscando maximizar a contribuição do empregador.

Não fazer isso é um dos maiores erros financeiros que alguém pode cometer, independentemente da qualidade da gestão do fundo, pois não entrar significa pura e simplesmente “jogar dinheiro fora”.

Se for bem gerido, é ótimo. Mas mesmo que não seja, ainda assim “está valendo”.