Os ricos e seus carros (lá fora…)
Nós conseguimos aprender muito com as pessoas, observando como elas se relacionam com os seus carros. Eu, por exemplo, fico espantado cada vez que levo meu modesto meio de transporte para uma troca de óleo e vejo outros clientes ao meu lado olhando minuciosamente seus carros e enchendo o saco dos mecânicos para saber se aquele parafusinho do protetor do cárter está bem apertado. Eu imagino como seria se as […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2012 às 11h11.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h20.
Nós conseguimos aprender muito com as pessoas, observando como elas se relacionam com os seus carros. Eu, por exemplo, fico espantado cada vez que levo meu modesto meio de transporte para uma troca de óleo e vejo outros clientes ao meu lado olhando minuciosamente seus carros e enchendo o saco dos mecânicos para saber se aquele parafusinho do protetor do cárter está bem apertado. Eu imagino como seria se as pessoas fossem igualmente detalhistas na hora de investir seus recursos, mas a prática mostra que, em geral, essas mesmas pessoas são muito mais negligentes com o dinheiro, deixando que decisões importantes sejam tomadas pelo gerente de banco, ou por aquele amigo de boteco que “sabe tudo de bolsa de valores”.
Há alguns anos, li um livro americano de finanças pessoais que fez muito sucesso, inclusive aqui no Brasil. Chamava-se “O milionário mora ao lado” e falava sobre o estilo de vida frugal e modesto da maioria dos milionários americanos, que vivem de forma discreta e sem ostentações, como qualquer pessoa “normal”. Aquele milionário extravagante, com padrões de consumo anômalos é, ao menos segundo as conclusões dos autores do livro, uma minoria, e talvez muitos desses exibicionistas nem sejam tão ricos assim.
O livro fala de muitos aspectos pitorescos da vida desses “milionários simples”, entre eles o fato de que a maioria deles prefere comprar carros usados e funcionais, procurando bons preços e raramente se preocupando com o status que esses veículos dão aos seus condutores (faço questão de frisar aqui o termo “condutores” ao invés de donos, pois nos EUA é muito comum fazer leasing de carros e nunca comprá-los efetivamente).
De fato, do ponto de vista estritamente financeiro, comprar um carrão exótico zero quilômetro raramente é uma decisão “inteligente”. Comprar a prestações, então, nem se fala… Mas não vamos entrar em pormenores aqui, isso fica para um outro artigo. O fato é que, aparentemente, grande parte dos ricos americanos sabe que gastar muito dinheiro com carros não é uma coisa muito sensata (talvez por isso mesmo eles sejam ricos…).
Há poucos dias, uma empresa americana chamada TrueCar que, entre outras coisas, desenvolve cenários e análises para a indústria automotiva, divulgou uma pesquisa que mostra quais os automóveis que as pessoas estão adquirindo nos dez endereços mais “ricos” dos EUA (utilizando como referência o código postal).
Os dez carros mais adquiridos pelos moradores desses endereços são, pela ordem:
Mercedes Classe E
BMW 328
Mercedes Classe C
Lexus RX
Toyota Prius
Volkswagen Jetta
Honda CR-V
Honda Accord
Toyota Camry
BMW X5
Podemos ver nesta lista algumas coisas interessantes. Desses dez modelos, cinco pertencem a marcas “premium” (Mercedes, BMW e Lexus), enquanto os demais são de marcas que, para o padrão americano, são vistas como “populares”. Entre esses carros de marcas premium, alguns são modelos que podem ser considerados “básicos” nas linhas desses fabricantes, como a Mercedes classe C e a BMW série 3. Hoje, inclusive, existem modelos desses mesmos fabricantes que encontram-se abaixo dos mencionados, mas até poucos anos esses eram os modelos “de entrada” dessas marcas.
O livro “O milionário mora ao lado” foi publicado nos EUA em 1996. A pesquisa feita pelo site TrueCar em 2012 indica que, anos depois, o padrão identificado pelos autores do livro é ainda consistente.
E aqui no Brasil, como será que funciona? Bem, poderia escrever diversos artigos sobre este assunto (e talvez um dia eu até escreva), mas o que vejo ainda no momento são pessoas com um grau de maturidade financeira infinitamente menor do que esses americanos aparentam ter, que não só fazem questão de comprar carros novos, como o fazem de forma financiada, com juros que são considerados inaceitáveis para os padrões internacionais e pagando pelo carro (sem contar os custos financeiros) mais que o dobro do que ele custa em países desenvolvidos. E, aparentemente, estamos felizes da vida com isso…
Nós conseguimos aprender muito com as pessoas, observando como elas se relacionam com os seus carros. Eu, por exemplo, fico espantado cada vez que levo meu modesto meio de transporte para uma troca de óleo e vejo outros clientes ao meu lado olhando minuciosamente seus carros e enchendo o saco dos mecânicos para saber se aquele parafusinho do protetor do cárter está bem apertado. Eu imagino como seria se as pessoas fossem igualmente detalhistas na hora de investir seus recursos, mas a prática mostra que, em geral, essas mesmas pessoas são muito mais negligentes com o dinheiro, deixando que decisões importantes sejam tomadas pelo gerente de banco, ou por aquele amigo de boteco que “sabe tudo de bolsa de valores”.
Há alguns anos, li um livro americano de finanças pessoais que fez muito sucesso, inclusive aqui no Brasil. Chamava-se “O milionário mora ao lado” e falava sobre o estilo de vida frugal e modesto da maioria dos milionários americanos, que vivem de forma discreta e sem ostentações, como qualquer pessoa “normal”. Aquele milionário extravagante, com padrões de consumo anômalos é, ao menos segundo as conclusões dos autores do livro, uma minoria, e talvez muitos desses exibicionistas nem sejam tão ricos assim.
O livro fala de muitos aspectos pitorescos da vida desses “milionários simples”, entre eles o fato de que a maioria deles prefere comprar carros usados e funcionais, procurando bons preços e raramente se preocupando com o status que esses veículos dão aos seus condutores (faço questão de frisar aqui o termo “condutores” ao invés de donos, pois nos EUA é muito comum fazer leasing de carros e nunca comprá-los efetivamente).
De fato, do ponto de vista estritamente financeiro, comprar um carrão exótico zero quilômetro raramente é uma decisão “inteligente”. Comprar a prestações, então, nem se fala… Mas não vamos entrar em pormenores aqui, isso fica para um outro artigo. O fato é que, aparentemente, grande parte dos ricos americanos sabe que gastar muito dinheiro com carros não é uma coisa muito sensata (talvez por isso mesmo eles sejam ricos…).
Há poucos dias, uma empresa americana chamada TrueCar que, entre outras coisas, desenvolve cenários e análises para a indústria automotiva, divulgou uma pesquisa que mostra quais os automóveis que as pessoas estão adquirindo nos dez endereços mais “ricos” dos EUA (utilizando como referência o código postal).
Os dez carros mais adquiridos pelos moradores desses endereços são, pela ordem:
Mercedes Classe E
BMW 328
Mercedes Classe C
Lexus RX
Toyota Prius
Volkswagen Jetta
Honda CR-V
Honda Accord
Toyota Camry
BMW X5
Podemos ver nesta lista algumas coisas interessantes. Desses dez modelos, cinco pertencem a marcas “premium” (Mercedes, BMW e Lexus), enquanto os demais são de marcas que, para o padrão americano, são vistas como “populares”. Entre esses carros de marcas premium, alguns são modelos que podem ser considerados “básicos” nas linhas desses fabricantes, como a Mercedes classe C e a BMW série 3. Hoje, inclusive, existem modelos desses mesmos fabricantes que encontram-se abaixo dos mencionados, mas até poucos anos esses eram os modelos “de entrada” dessas marcas.
O livro “O milionário mora ao lado” foi publicado nos EUA em 1996. A pesquisa feita pelo site TrueCar em 2012 indica que, anos depois, o padrão identificado pelos autores do livro é ainda consistente.
E aqui no Brasil, como será que funciona? Bem, poderia escrever diversos artigos sobre este assunto (e talvez um dia eu até escreva), mas o que vejo ainda no momento são pessoas com um grau de maturidade financeira infinitamente menor do que esses americanos aparentam ter, que não só fazem questão de comprar carros novos, como o fazem de forma financiada, com juros que são considerados inaceitáveis para os padrões internacionais e pagando pelo carro (sem contar os custos financeiros) mais que o dobro do que ele custa em países desenvolvidos. E, aparentemente, estamos felizes da vida com isso…