O que acontece com os investimentos a partir de agora?
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Da Redação
Publicado em 7 de março de 2016 às 11h19.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h44.
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Blogs são, por natureza, opinativos. O blog “Você e o Dinheiro” não foge à regra e é bastante opinativo, apesar de explorar também aspectos técnicos das finanças e da economia. Porém, esta é uma daquelas ocasiões especiais em que sinto uma necessidade de colocar, em letras garrafais, que este é um ARTIGO OPINATIVO e as opiniões nele contidas estão muito mais apoiadas em minhas percepções do que em algum modelo objetivo.
Na sexta feira passada, assistimos a mais um capítulo da crise política que vem assolando o Brasil, e as coisas chegaram a um pico de dramaticidade (que poderá ser superado no curtíssimo prazo).
O mercado financeiro reagiu com euforia à possibilidade concreta de uma mudança de regime que poderia, entre outras coisas, interromper o lamentável ciclo de deterioração econômica que nosso país vem enfrentando. A bolsa disparou, o dólar derreteu e os juros estão em compasso de espera.
Muita gente se pergunta (e ME pergunta…): Já é hora de entrar na bolsa? É hora de comprar dólares? É hora de sair da renda fixa ou, pelo menos, começar a prefixar a carteira de títulos?
Vamos à minha “modesta opinião”…
Na eventualidade de uma troca de regime e de um alinhamento mais “pró-mercado”, como vem acontecendo na Argentina (velas acesas!), simplesmente “muda tudo” no médio e no longo prazo. Nossos mercados de renda variável devem voltar a brilhar; a bolsa deverá ver, enfim, mais aberturas do que fechamentos de capital; o empreendedorismo será fortemente incentivado e, quem sabe, nossas taxas de juros voltem a cair e rumem para níveis “decentes”, onde se encontram outras economias latino-americanas que vêm fazendo a lição de casa econômica, como Chile, México e Peru, com taxas básicas entre inimagináveis (para os nossos padrões) 3,5 a 4,25% ao ano.
Em uma situação assim, a moleza de ganhar dinheiro (praticamente) sem risco na renda fixa acaba e o investidor brasileiro vai passar pelo mesmo sufoco que passam os investidores das economias desenvolvidas, que precisam enfrentar uma razoável volatilidade se quiserem ter algum retorno real.
Porém, no curto prazo (leia-se: alguns anos), creio que não muda muita coisa. Infelizmente, nossa crise não é apenas política – temos efeitos reais na economia e perdemos muito daquilo que conquistamos nos últimos anos. É razoável imaginar que, numa eventual mudança de regime, teremos um período em que o novo governo terá que desfazer todas as cag…. digo, as medidas econômicas com repercussões negativas do governo atual.
Eu imagino que seria necessário uma espécie de “Plano Real light”, onde os juros ficariam altos ainda por um tempo (possivelmente mais altos que nos níveis atuais). Talvez até se adote alguma espécie de “âncora cambial” como no passado, para dar um pouco de estabilidade e previsibilidade. Eu acho muito pouco provável que essa “arrumação de casa” seja indolor. O estrago feito é grande e confiança não é algo que se recupera da noite para o dia.
Por isso, na minha visão, as coisas não mudam no curto prazo. Não vou negar que dá uma tremenda vontade de apertar o botão “compra” do homebroker. Mas ainda acho precipitado.
Inclusive, acho que é um momento interessante para rever um artigo que escrevi no ano retrasado, chamado “ Uma fórmula besta para investir em ações ”. Nele, procurei apresentar uma fórmula simples (“besta”, mas funcional…) para o investidor comum saber quando seria o momento ideal de começar a sair da renda fixa e ir migrando, gradualmente, para a renda variável.
Eu tenho uns bons anos de mercado de ações no meu curriculum, e costumo torcer o nariz (de forma explícita ou não, dependendo da ocasião) quando ouço aqueles investidores que se apoiam em frases feitas como “comprar ao som dos canhões e vender ao dos violinos”, “o importante é comprar na baixa” e outras do gênero. Se tem uma coisa que aprendi na vida é que a gente nunca sabe ao certo quando aquele som é realmente de canhão e quando estamos, de fato, no fundo do poço. Aliás, por falar em “frases prontas”, uma das mais brilhantes que ouvi nos últimos dias, proferida por um famoso e badalado gestor de investimentos é que, no Brasil, “o fundo do poço tem alçapão”. Nada está tão ruim que não possa piorar um pouco mais…
Eu já assisti de camarote às violentas manifestações da “lei da gravidade financeira” (alguém aqui se lembra da célebre PLIM3, anos antes do “Senhor X”?) e sei o que costuma acontecer com aquelas pessoas que acham que sabem que o fundo do poço já chegou. Só posso alertar aos investidores que sejam muito cuidadosos com os argumentos de que a bolsa está “cara” ou “barata” – as coisas não são tão simples quanto parecem…
Na dúvida, ainda vejo a renda fixa brasileira, com suas generosas (e indecentes) taxas de juros, como algo sem paralelo nas economias desenvolvidas e uma oportunidade que precisa ser aproveitada enquanto existir.
No médio e no longo prazo muda tudo. No curto prazo… nada.
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Na sexta feira passada, assistimos a mais um capítulo da crise política que vem assolando o Brasil, e as coisas chegaram a um pico de dramaticidade (que poderá ser superado no curtíssimo prazo).
O mercado financeiro reagiu com euforia à possibilidade concreta de uma mudança de regime que poderia, entre outras coisas, interromper o lamentável ciclo de deterioração econômica que nosso país vem enfrentando. A bolsa disparou, o dólar derreteu e os juros estão em compasso de espera.
Muita gente se pergunta (e ME pergunta…): Já é hora de entrar na bolsa? É hora de comprar dólares? É hora de sair da renda fixa ou, pelo menos, começar a prefixar a carteira de títulos?
Vamos à minha “modesta opinião”…
Na eventualidade de uma troca de regime e de um alinhamento mais “pró-mercado”, como vem acontecendo na Argentina (velas acesas!), simplesmente “muda tudo” no médio e no longo prazo. Nossos mercados de renda variável devem voltar a brilhar; a bolsa deverá ver, enfim, mais aberturas do que fechamentos de capital; o empreendedorismo será fortemente incentivado e, quem sabe, nossas taxas de juros voltem a cair e rumem para níveis “decentes”, onde se encontram outras economias latino-americanas que vêm fazendo a lição de casa econômica, como Chile, México e Peru, com taxas básicas entre inimagináveis (para os nossos padrões) 3,5 a 4,25% ao ano.
Em uma situação assim, a moleza de ganhar dinheiro (praticamente) sem risco na renda fixa acaba e o investidor brasileiro vai passar pelo mesmo sufoco que passam os investidores das economias desenvolvidas, que precisam enfrentar uma razoável volatilidade se quiserem ter algum retorno real.
Porém, no curto prazo (leia-se: alguns anos), creio que não muda muita coisa. Infelizmente, nossa crise não é apenas política – temos efeitos reais na economia e perdemos muito daquilo que conquistamos nos últimos anos. É razoável imaginar que, numa eventual mudança de regime, teremos um período em que o novo governo terá que desfazer todas as cag…. digo, as medidas econômicas com repercussões negativas do governo atual.
Eu imagino que seria necessário uma espécie de “Plano Real light”, onde os juros ficariam altos ainda por um tempo (possivelmente mais altos que nos níveis atuais). Talvez até se adote alguma espécie de “âncora cambial” como no passado, para dar um pouco de estabilidade e previsibilidade. Eu acho muito pouco provável que essa “arrumação de casa” seja indolor. O estrago feito é grande e confiança não é algo que se recupera da noite para o dia.
Por isso, na minha visão, as coisas não mudam no curto prazo. Não vou negar que dá uma tremenda vontade de apertar o botão “compra” do homebroker. Mas ainda acho precipitado.
Inclusive, acho que é um momento interessante para rever um artigo que escrevi no ano retrasado, chamado “ Uma fórmula besta para investir em ações ”. Nele, procurei apresentar uma fórmula simples (“besta”, mas funcional…) para o investidor comum saber quando seria o momento ideal de começar a sair da renda fixa e ir migrando, gradualmente, para a renda variável.
Eu tenho uns bons anos de mercado de ações no meu curriculum, e costumo torcer o nariz (de forma explícita ou não, dependendo da ocasião) quando ouço aqueles investidores que se apoiam em frases feitas como “comprar ao som dos canhões e vender ao dos violinos”, “o importante é comprar na baixa” e outras do gênero. Se tem uma coisa que aprendi na vida é que a gente nunca sabe ao certo quando aquele som é realmente de canhão e quando estamos, de fato, no fundo do poço. Aliás, por falar em “frases prontas”, uma das mais brilhantes que ouvi nos últimos dias, proferida por um famoso e badalado gestor de investimentos é que, no Brasil, “o fundo do poço tem alçapão”. Nada está tão ruim que não possa piorar um pouco mais…
Eu já assisti de camarote às violentas manifestações da “lei da gravidade financeira” (alguém aqui se lembra da célebre PLIM3, anos antes do “Senhor X”?) e sei o que costuma acontecer com aquelas pessoas que acham que sabem que o fundo do poço já chegou. Só posso alertar aos investidores que sejam muito cuidadosos com os argumentos de que a bolsa está “cara” ou “barata” – as coisas não são tão simples quanto parecem…
Na dúvida, ainda vejo a renda fixa brasileira, com suas generosas (e indecentes) taxas de juros, como algo sem paralelo nas economias desenvolvidas e uma oportunidade que precisa ser aproveitada enquanto existir.
No médio e no longo prazo muda tudo. No curto prazo… nada.
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