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O problema das promessas de ano novo

Para a maioria das pessoas, as promessas de fim de ano são feitas para serem quebradas. Faça com que suas promessas evoluam de "promessas" para "atitudes".

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Você e o Dinheiro

Publicado em 2 de janeiro de 2014 às, 13h20.

Última atualização em 29 de dezembro de 2019 às, 19h52.

Olá leitores do “Você e o Dinheiro”! Este é o primeiro artigo do ano e, por isso, quero começar desejando a todos nós muito sucesso e um excelente ano novo!

As infames “resoluções de ano novo” (aquelas que a gente nunca cumpre) são um tema recorrente no universo das finanças pessoais; por isso, nada melhor do que começarmos o ano falando delas.

Fiquei um pouco relutante ao escolher o título do artigo; afinal, não existe um único problema com as resoluções e promessas que fazemos. A lista de problemas possíveis que atrapalham a concretização dos nossos planos é, na verdade, infinita. Mas vamos em frente assim mesmo…

Um dos clichês mais batidos do mundo dos negócios (e que acaba sendo muito aplicado no contexto do desenvolvimento pessoal) é que devemos “focar nos resultados” ao fazer planos e estabelecer objetivos.

O problema é que não temos controle sobre o resultado daquilo que fazemos. Não há estratégia, mandinga ou pensamento positivo que garanta que conseguiremos determinado resultado no futuro.

A única coisa sobre a qual temos controle são nossas ações, e um conjunto de ações forma um PROCESSO (palavra que vem do latim procedere – “ir em frente”).

Por isso, precisamos focar no processo, e não no resultado.

Vamos ver algumas típicas promessas de ano novo.

1 – Emagrecer/entrar em forma

A maioria das pessoas foca no resultado, algo como “quero perder ‘x’ quilos este ano”. O problema é que esse resultado não acontece espontaneamente, e sim como consequência de um processo. Processo que envolve, principalmente, mudanças de estilo de vida, como uma alimentação mais saudável e a prática de atividades físicas.

Para aumentar as chances de sucesso em um projeto de transformação física, não foque no resultado (“quero perder ‘x’ quilos”). Ao invés disso, foque no processo (“vou fazer uma hora de exercícios por dia” ou “vou eliminar o açúcar refinado de minha dieta”, por exemplo). No processo temos algum controle. Já no resultado, não temos nenhum.

2 – Acumular dinheiro

Estabelecer como objetivo “ter ‘x’ reais investidos” ou algo do gênero é algo muito interessante, mas assim como no caso da perda de peso, estamos focando em um resultado sobre o qual não temos controle.

Ao invés de focar no número desejado, foque em um processo no qual você tem controle, como “economizar pelo menos 10% do salário por mês” ou limitar compras de artigos supérfluos.

O foco no resultado (o saldo financeiro) leva algumas pessoas a fazer coisas absolutamente ilógicas para “se enganarem” e acreditarem que estão cumprindo aquilo que prometeram, como, por exemplo, ter simultaneamente dívidas e dinheiro investido (a famosa “contabilidade mental”).

Não caia nessa armadilha!

3 – Relacionamentos

Aqui vou falar de algo que, definitivamente, está fora de minha área de expertise, mas acho que serve para ilustrar o espírito da coisa…

Muita gente estabelece planos como “quero arrumar um namorado, namorada, marido etc”. O que vou escrever agora não é nem um pouco romântico, mas arrumar um parceiro de qualidade é (eu sei que existem exceções…) o resultado de um processo.

Ao invés de focar em conseguir um parceiro ou parceira (algo que pode acabar te levando a ficar com qualquer tranqueira que aparecer), que é o resultado, foque no processo de se tornar uma pessoa mais interessante, mais atraente e com um melhor “conteúdo”.

Ao agir desta forma, o resultado nem sempre fica tão visível, mas, acredite, as chances de ter sucesso ficam muito maiores.

4 – Emprego/trabalho

“Quero mudar de emprego” ou “quero ganhar um aumento”. Típicos objetivos profissionais de ano novo. E “tipicamente” focados no resultado…

Empresas contratam pessoas e pagam salários em troca de algo de que precisam. O que você tem a oferecer para conseguir o emprego ou salário que deseja? Você tem alguma habilidade ou característica pessoal pela qual o mercado está disposto a pagar? Se você não tem algo a oferecer, foque em desenvolver essa atividade ou característica que pode te trazer o resultado desejado.

Receber algo sem dar nada de valor em troca é caridade. Querer que alguém te dê um bom emprego ou um bom salário apenas por que você “precisa” ou “está passando por dificuldades” é implorar por caridade. É isso que você quer para si no ano novo? Caridade?

Espero que não…

Então foque no processo de aprendizado e desenvolvimento. Foque no processo de descobrir o que o mercado precisa. O resultado virá.

Feliz ano novo e, não se esqueça, foco nos processos e não nos resultados!