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O Kindle está salvando minha conta bancária

“Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Eu tenho lá minha lista de pecados (e ela não é pequena). E, pior que isso, algumas vezes eu cometo exatamente aqueles pecados que eu costumo apontar aqui neste blog. Comprar (seja lá o que for) por impulso é um dos maiores pecados financeiros que alguém pode cometer. Eu, mero mortal que está muito longe da perfeição tenho, por exemplo, um “fraco” […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2012 às 11h56.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h35.

“Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Eu tenho lá minha lista de pecados (e ela não é pequena). E, pior que isso, algumas vezes eu cometo exatamente aqueles pecados que eu costumo apontar aqui neste blog.

Comprar (seja lá o que for) por impulso é um dos maiores pecados financeiros que alguém pode cometer. Eu, mero mortal que está muito longe da perfeição tenho, por exemplo, um “fraco” por livros. Sou um leitor compulsivo. Não vou falar aqui quantos livros leio por mês (até para não parecer presunçoso), mas posso garantir que estou significativamente acima da média brasileira (que hoje está um pouco abaixo de cinco livros por ano), mas ainda assim minha compulsão por COMPRAR livros é muito mais forte que a compulsão por LER, e tenho alguns armários em casa abarrotados de livros que não foram lidos, e que me causam uma sensação de culpa imensa.

Há muito anos, eu era aquele sujeito que entrava numa livraria, ficava horas folheando um monte de coisas e saía de lá carregado com mais alguns quilos de papel. Eu costumava brincar dizendo que meu bichinho de estimação era um ácaro do tamanho de um chihuahua.

Depois “descobri” a internet e a facilidade de comprar livros no exterior. Livros são muito mais baratos fora do Brasil e, para melhorar, não pagamos imposto de importação. Isso foi nos “primórdios” da internet, quando a Amazon ainda era não mais que uma piada. Eu recebia os catálogos da Barnes & Noble impressos em casa, via correio, e os usava para fazer minha “lista de compras”.

Comprei uma vez uma caixinha com os quatro volumes de “ A History of the English Speaking Peoples ”, do Winston Churchill, onde faltava o quarto volume e o terceiro estava repetido. Mandei um email para a Barnes & Noble reclamando e tive como resposta: “sabemos que você está no Brasil e o transporte deve ser caro, por isso não se preocupe em nos mandar de volta. Doe os volumes para alguma biblioteca pública e faremos o estorno do valor em seu cartão de crédito imediatamente”. Isso foi há muitos anos, e sonho com o dia em que encontrarei esse tipo de profissionalismo e cortesia aqui no Brasil…

Em algum momento, acabei virando cliente da Amazon e, diga-se de passagem, um cliente dos sonhos, pois comprava com eles religiosamente todo mês (e não eram compras pequenas). Como os livros demoravam algumas semanas para chegar aqui, eu já comprava de “baciada”. Obviamente, usava essa demora como desculpa para justificar as compras em um volume superior ao que era capaz de consumir. Mandava vir dez livros, lia dois ou três e já mandava vir mais dez. A quantidade de papel ia aumentando, aumentando… E os ácaros ficavam cada vez mais felizes.

Até que veio o Kindle, essa invenção maravilhosa que está acabando com a minha compulsão. Pela primeira vez na vida estou pagando APENAS por aquilo que vou ler. Consigo ver o sumário e algumas páginas do livro sem custo e, se resolver comprar, é só passar o cartão de crédito e esperar alguns segundos. Acabou a conversa de esperar semanas para ter o livro e, nesse intervalo, resolver comprar mais uma pilha de livros para aliviar minha ansiedade. Sinto que a compulsão foi derrotada agora (apesar de saber que não era intenção dos criadores do Kindle acabar com a compulsão de ninguém…).

Não sei se existe essa coisa de reencarnação, mas, se houver, na minha próxima vida quero ser profissional de marketing. Me fascina ver como alguém consegue “fisgar” uma pessoa pelo lado emocional e leva-la a tomar decisões impulsivas no ponto de venda, seja esse ponto real (uma loja física) ou virtual. Até as pessoas que, ao menos teoricamente (hum, hum…), são mais preparadas para não cair nesse tipo de armadilha acabam cometendo algum deslize em algum momento (às vezes em muitos momentos…).

Acho que venci uma batalha, mas a guerra ainda está longe de ser ganha. O impulso consumista deve ser combatido todo dia e de todas as formas possíveis, por mim e por todas as pessoas. A tentação é enorme e, mesmo tendo preparo para lidar com ela, é preciso vigilância constante. Na prática diária como educador e planejador financeiro, fico às vezes espantado com a capacidade destrutiva que o impulso consumista tem. Para muitas pessoas ele pode ser apenas um aborrecimento, algo que gera sensação de culpa e de fraqueza, mas que não causa abalos significativos nas finanças. Mas outros estão literalmente “quebrando” por não conseguirem resistir aos impulsos. Todo cuidado é pouco e precisamos estar sempre nos questionando se aquilo que compramos é realmente necessário e se vai realmente trazer o benefício que esperamos.

“Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Eu tenho lá minha lista de pecados (e ela não é pequena). E, pior que isso, algumas vezes eu cometo exatamente aqueles pecados que eu costumo apontar aqui neste blog.

Comprar (seja lá o que for) por impulso é um dos maiores pecados financeiros que alguém pode cometer. Eu, mero mortal que está muito longe da perfeição tenho, por exemplo, um “fraco” por livros. Sou um leitor compulsivo. Não vou falar aqui quantos livros leio por mês (até para não parecer presunçoso), mas posso garantir que estou significativamente acima da média brasileira (que hoje está um pouco abaixo de cinco livros por ano), mas ainda assim minha compulsão por COMPRAR livros é muito mais forte que a compulsão por LER, e tenho alguns armários em casa abarrotados de livros que não foram lidos, e que me causam uma sensação de culpa imensa.

Há muito anos, eu era aquele sujeito que entrava numa livraria, ficava horas folheando um monte de coisas e saía de lá carregado com mais alguns quilos de papel. Eu costumava brincar dizendo que meu bichinho de estimação era um ácaro do tamanho de um chihuahua.

Depois “descobri” a internet e a facilidade de comprar livros no exterior. Livros são muito mais baratos fora do Brasil e, para melhorar, não pagamos imposto de importação. Isso foi nos “primórdios” da internet, quando a Amazon ainda era não mais que uma piada. Eu recebia os catálogos da Barnes & Noble impressos em casa, via correio, e os usava para fazer minha “lista de compras”.

Comprei uma vez uma caixinha com os quatro volumes de “ A History of the English Speaking Peoples ”, do Winston Churchill, onde faltava o quarto volume e o terceiro estava repetido. Mandei um email para a Barnes & Noble reclamando e tive como resposta: “sabemos que você está no Brasil e o transporte deve ser caro, por isso não se preocupe em nos mandar de volta. Doe os volumes para alguma biblioteca pública e faremos o estorno do valor em seu cartão de crédito imediatamente”. Isso foi há muitos anos, e sonho com o dia em que encontrarei esse tipo de profissionalismo e cortesia aqui no Brasil…

Em algum momento, acabei virando cliente da Amazon e, diga-se de passagem, um cliente dos sonhos, pois comprava com eles religiosamente todo mês (e não eram compras pequenas). Como os livros demoravam algumas semanas para chegar aqui, eu já comprava de “baciada”. Obviamente, usava essa demora como desculpa para justificar as compras em um volume superior ao que era capaz de consumir. Mandava vir dez livros, lia dois ou três e já mandava vir mais dez. A quantidade de papel ia aumentando, aumentando… E os ácaros ficavam cada vez mais felizes.

Até que veio o Kindle, essa invenção maravilhosa que está acabando com a minha compulsão. Pela primeira vez na vida estou pagando APENAS por aquilo que vou ler. Consigo ver o sumário e algumas páginas do livro sem custo e, se resolver comprar, é só passar o cartão de crédito e esperar alguns segundos. Acabou a conversa de esperar semanas para ter o livro e, nesse intervalo, resolver comprar mais uma pilha de livros para aliviar minha ansiedade. Sinto que a compulsão foi derrotada agora (apesar de saber que não era intenção dos criadores do Kindle acabar com a compulsão de ninguém…).

Não sei se existe essa coisa de reencarnação, mas, se houver, na minha próxima vida quero ser profissional de marketing. Me fascina ver como alguém consegue “fisgar” uma pessoa pelo lado emocional e leva-la a tomar decisões impulsivas no ponto de venda, seja esse ponto real (uma loja física) ou virtual. Até as pessoas que, ao menos teoricamente (hum, hum…), são mais preparadas para não cair nesse tipo de armadilha acabam cometendo algum deslize em algum momento (às vezes em muitos momentos…).

Acho que venci uma batalha, mas a guerra ainda está longe de ser ganha. O impulso consumista deve ser combatido todo dia e de todas as formas possíveis, por mim e por todas as pessoas. A tentação é enorme e, mesmo tendo preparo para lidar com ela, é preciso vigilância constante. Na prática diária como educador e planejador financeiro, fico às vezes espantado com a capacidade destrutiva que o impulso consumista tem. Para muitas pessoas ele pode ser apenas um aborrecimento, algo que gera sensação de culpa e de fraqueza, mas que não causa abalos significativos nas finanças. Mas outros estão literalmente “quebrando” por não conseguirem resistir aos impulsos. Todo cuidado é pouco e precisamos estar sempre nos questionando se aquilo que compramos é realmente necessário e se vai realmente trazer o benefício que esperamos.

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