O guia financeiro para quem vai casar
Casamento é um negócio de alto risco (vide a quantidade de divórcios). Veja algumas dicas financeiras para aumentar as chances de sucesso de um casamento.
Publicado em 6 de setembro de 2012 às, 13h51.
Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às, 15h29.
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Dentro da linha que eu tanto insisto de que “90% dos problemas de finanças pessoais não são problemas financeiros”, vamos falar de um tema que é sempre popular no universo das finanças pessoais e que mostra o quanto o componente comportamental é infinitamente mais relevante que o componente puramente financeiro.
O assunto “dinheiro” tem um impacto muito mais importante no êxito ou não de um casamento do que gostamos de admitir. Planejamento financeiro não é exatamente um assunto romântico (diria até que é “broxante”), especialmente no início de uma relação, mas não discutir sobre dinheiro com o atual ou futuro cônjuge é uma atitude de alto risco, para dizer o mínimo. Já conversei com psicólogos especializados e advogados de família que me asseguraram que muitos casamentos que fracassaram, por motivos que nada têm a ver com dinheiro, como infidelidade conjugal, violência doméstica ou a infame “incompatibilidade de gênios”, se investigados a fundo, acabam revelando que em algum momento houve um stress financeiro que deu origem ou potencializou a causa “oficial” da ruptura.
Seria possível fazer um imenso checklist para casais em formação ou mesmo casais já casados que precisam de uma “revisão” nas práticas financeiras, mas colocarei, a seguir, quatro itens que, se forem corretamente observados, já aumentam muito as chances de êxito da relação.
1- Compatibilidade financeira
Cada pessoa tem uma atitude diferente com relação ao dinheiro. Valores pessoais e crenças definem a forma como tratamos o dinheiro e os demais recursos. Existem pessoas que torram todo o dinheiro que têm e estão muito bem com isso. São aquelas pessoas que, quando ouvem um educador financeiro ou especialista em finanças falar algum daqueles velhos clichês de finanças pessoais como “guarde 10% de sua renda mensal”, deixam a informação entrar por um ouvido e sair pelo outro. Se a pessoa está bem assim, está consciente dos riscos e é feliz, o que se pode fazer?
Tem também aquele sujeito que beira a paranoia. Economiza cada centavo, anota cada gasto, faz questão de rachar a conta do boteco nos mínimos detalhes e acaba vivendo de uma forma muito aquém de suas possibilidades. As pessoas podem chamá-lo de mesquinho, mas, como no caso anterior, se ele está bem e feliz desse jeito, o que há de se fazer?
Obviamente coloquei dois perfis opostos e bastante exagerados. A maioria das pessoas está em algum lugar entre esses dois, mas juntar duas pessoas que estão próximas às extremidades opostas é praticamente uma garantia de fracasso da relação no futuro.
2- Planos futuros
Um é ambicioso, está investindo na carreira profissional e sonha com um alto padrão de vida. Quer conhecer o mundo, talvez morar um tempo no exterior e não pensa em fincar raízes tão cedo. Já o outro cônjuge é mais tranquilo, quer uma vida pacata, ter filhos cedo e, de preferência, viver sem muita “emoção”. Sonha com uma vida mais caseira e não está tão preocupado em chegar “ao topo”.
Assim como no caso anterior, uma grande divergência de expectativas é um enorme fator de risco para o sucesso do casamento.
3- Juntar ou não?
Um dos tópicos mais controversos quando se fala em finanças e casamento é se o casal deve ou não unir todas as contas. Vendo as coisas pelo ponto de vista estritamente financeiro, juntar tudo é a coisa certa a se fazer. É a forma de obter a máxima “eficiência do capital”. Inclusive, se pode levar essa busca pela eficiência ainda mais longe, fazendo com que um dos cônjuges concentre toda obtenção de renda da família (por ter uma carreira mais “promissora”), enquanto o outro pode acabar se dedicando apenas à própria administração do lar.
Mas em caso de fracasso da relação, a divisão do patrimônio único pode ser extremamente complexa e, nos casos onde um dos cônjuges deixa de trabalhar, este pode acabar numa situação de total dependência e poderá enfrentar grandes dificuldades para voltar a ter uma renda própria.
Não há uma resposta simples para esse dilema de “juntar as contas ou não”, mas é interessante que haja ao menos uma conversa sobre como seriam as coisas na eventualidade de um fracasso (por mais desagradável que seja falar disso) para ver como os futuros cônjuges reagem.
4- Comunicação
Comunicação e, mais que isso, transparência, são fundamentais para o sucesso de uma relação. A chamada “infidelidade financeira”, que é quando um cônjuge oculta do outro questões financeiras importantes, é hoje um tópico “quente” no universo das finanças pessoais.
Sei que não é nada romântico falar desse jeito, mas casamento é, antes de tudo, um “negócio” (por isso existe um contrato…) e, como em qualquer negócio, é de fundamental importância que os “sócios” joguem limpo uns com os outros.
Por isso é recomendável que os casais adotem a prática de fazer uma “reunião financeira mensal”. Define-se uma data e horário no mês para falar apenas e exclusivamente de dinheiro, analisando em conjunto aquilo que está entrando e como o dinheiro está sendo utilizado. É preciso que haja disciplina e seriedade para não permitir que assuntos não financeiros interfiram nessa conversa.
Pode até ser (e isso normalmente acontece) que um dos cônjuges tenha um conhecimento de finanças maior que o outro e que acabe, naturalmente, adotando uma postura um pouco mais “dominante” e persuasiva nessa conversa, propondo novas e diferentes formas de gastar e investir o dinheiro, mas a decisão final, para o bem da relação, deve ser conjunta.
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