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De volta aos anos noventa

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DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2015 às 12h20.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h56.

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Parece que foi ontem. O Brasil era o “país do pleno emprego” e a imagem do Cristo Redentor subindo como um foguete, na capa de uma das mais respeitadas revistas de negócios do mundo, nos enchia de orgulho e de esperança.

Capa da “The Economist” de 2009

Porém, há indícios de que esse período de aquecimento econômico, que durou pouco mais de dez anos, não foi nada mais que mais um “voo de galinha”, apenas um pouco mais prolongado que o habitual. No momento em que escrevo este artigo, me lembro de uma reunião que tive hoje, com um parceiro de negócios com muitos contatos no exterior, que relatou a dificuldade que está tendo em “vender o Brasil”. Empresários e investidores estrangeiros querem distância de nós.

Capa da “The Economist” de 2013

Para mim, isso trouxe uma sensação de déjà vu. Nos anos noventa, quando ainda estava no mercado corporativo, eu ouvia, de empresários e executivos de firmas estrangeiras, que o Brasil “não era prioridade” e que a maior parte dos recursos para países emergentes estava endereçada para a China e a Índia, entre outros. O que vinha para o Brasil era “o que sobrava” ou, então, investimentos de grupos empresariais de países com maiores afinidades culturais conosco, como Portugal e Espanha. Mas o “dinheiro pesado” de americanos, alemães e japoneses ia, majoritariamente, para outros lugares.

Outra coisa que me traz um estranho sabor de anos noventa (e vamos incluir os oitenta nisso) é a volta do desemprego. Eu me lembro de como eram as coisas no final dos anos oitenta e no começo dos anos noventa. Naquela época, as pessoas buscavam empregos em classificados de jornal. Inclusive havia uma brincadeira comum, em que um sujeito desempregado, ao ser perguntado sobre sua atividade profissional, respondia que era “Procurador do Estado”. Era uma piada com o nome de um dos maiores jornais do país, sugerindo que a atividade da pessoa era “procurar” empregos nos classificados do referido jornal…

Mas falei dos classificados de emprego, pois, naquela época, os grandes jornais faziam pesquisas que mostravam o tempo médio de recolocação de vários cargos e não era incomum ver posições onde uma pessoa poderia esperar levar mais de um ano para se recolocar, em caso de desemprego.

O desemprego era, disparado, o maior medo das pessoas. Mais ainda do que a inflação galopante (que também tem dado alguns sinais de vida…).

Eu, às vezes, penso nos profissionais mais jovens, em particular aqueles que começaram as carreiras nos últimos dez anos e que pegaram todo esse período de efervescência econômica. O desemprego crescente pode ser muito angustiante para quem se criou, profissionalmente, num ambiente de “pleno emprego”. Os profissionais mais jovens devem estar achando que as coisas estão piorando…

Mas eu tenho um recado para eles: as coisas NÃO estão piorando. Na verdade, o que está acontecendo é que o Brasil está voltando a ser aquilo que sempre foi: Um país extremamente difícil de fazer negócios, com ambiente econômico hostil e onde as pessoas vivem inseguras com a perspectiva de perderem o emprego e de terem o patrimônio corroído pela inflação. Estamos voltando à nossa “normalidade”. A galinha, enfim, pousou…

E aí entra em cena o universo das finanças pessoais, que é o tema principal deste blog. Em finanças pessoais, é preciso ressaltar a palavra “pessoais”. As boas práticas de finanças pessoais, que envolvem o planejamento financeiro, o consumo consciente, os investimentos e o gerenciamento de riscos, existem exatamente para que nós, pessoas, possamos sobreviver (e viver) com alguma dignidade em qualquer cenário econômico, inclusive os mais desafiadores.

Nós temos pouca ou nenhuma influência sobre questões “macro”, como desemprego, juros e inflação, mas temos total influência sobre nós mesmos e sobre nossas decisões. Muita gente vai conseguir viver bem e prosperar neste cenário sombrio em que estamos entrando, assim como muita gente viveu bem e prosperou nos anos oitenta e noventa. Tudo é uma questão de reconhecer e aceitar as circunstâncias, não tentar lutar com a realidade e tomar decisões de acordo com essas circunstâncias.

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Parece que foi ontem. O Brasil era o “país do pleno emprego” e a imagem do Cristo Redentor subindo como um foguete, na capa de uma das mais respeitadas revistas de negócios do mundo, nos enchia de orgulho e de esperança.

Capa da “The Economist” de 2009

Porém, há indícios de que esse período de aquecimento econômico, que durou pouco mais de dez anos, não foi nada mais que mais um “voo de galinha”, apenas um pouco mais prolongado que o habitual. No momento em que escrevo este artigo, me lembro de uma reunião que tive hoje, com um parceiro de negócios com muitos contatos no exterior, que relatou a dificuldade que está tendo em “vender o Brasil”. Empresários e investidores estrangeiros querem distância de nós.

Capa da “The Economist” de 2013

Para mim, isso trouxe uma sensação de déjà vu. Nos anos noventa, quando ainda estava no mercado corporativo, eu ouvia, de empresários e executivos de firmas estrangeiras, que o Brasil “não era prioridade” e que a maior parte dos recursos para países emergentes estava endereçada para a China e a Índia, entre outros. O que vinha para o Brasil era “o que sobrava” ou, então, investimentos de grupos empresariais de países com maiores afinidades culturais conosco, como Portugal e Espanha. Mas o “dinheiro pesado” de americanos, alemães e japoneses ia, majoritariamente, para outros lugares.

Outra coisa que me traz um estranho sabor de anos noventa (e vamos incluir os oitenta nisso) é a volta do desemprego. Eu me lembro de como eram as coisas no final dos anos oitenta e no começo dos anos noventa. Naquela época, as pessoas buscavam empregos em classificados de jornal. Inclusive havia uma brincadeira comum, em que um sujeito desempregado, ao ser perguntado sobre sua atividade profissional, respondia que era “Procurador do Estado”. Era uma piada com o nome de um dos maiores jornais do país, sugerindo que a atividade da pessoa era “procurar” empregos nos classificados do referido jornal…

Mas falei dos classificados de emprego, pois, naquela época, os grandes jornais faziam pesquisas que mostravam o tempo médio de recolocação de vários cargos e não era incomum ver posições onde uma pessoa poderia esperar levar mais de um ano para se recolocar, em caso de desemprego.

O desemprego era, disparado, o maior medo das pessoas. Mais ainda do que a inflação galopante (que também tem dado alguns sinais de vida…).

Eu, às vezes, penso nos profissionais mais jovens, em particular aqueles que começaram as carreiras nos últimos dez anos e que pegaram todo esse período de efervescência econômica. O desemprego crescente pode ser muito angustiante para quem se criou, profissionalmente, num ambiente de “pleno emprego”. Os profissionais mais jovens devem estar achando que as coisas estão piorando…

Mas eu tenho um recado para eles: as coisas NÃO estão piorando. Na verdade, o que está acontecendo é que o Brasil está voltando a ser aquilo que sempre foi: Um país extremamente difícil de fazer negócios, com ambiente econômico hostil e onde as pessoas vivem inseguras com a perspectiva de perderem o emprego e de terem o patrimônio corroído pela inflação. Estamos voltando à nossa “normalidade”. A galinha, enfim, pousou…

E aí entra em cena o universo das finanças pessoais, que é o tema principal deste blog. Em finanças pessoais, é preciso ressaltar a palavra “pessoais”. As boas práticas de finanças pessoais, que envolvem o planejamento financeiro, o consumo consciente, os investimentos e o gerenciamento de riscos, existem exatamente para que nós, pessoas, possamos sobreviver (e viver) com alguma dignidade em qualquer cenário econômico, inclusive os mais desafiadores.

Nós temos pouca ou nenhuma influência sobre questões “macro”, como desemprego, juros e inflação, mas temos total influência sobre nós mesmos e sobre nossas decisões. Muita gente vai conseguir viver bem e prosperar neste cenário sombrio em que estamos entrando, assim como muita gente viveu bem e prosperou nos anos oitenta e noventa. Tudo é uma questão de reconhecer e aceitar as circunstâncias, não tentar lutar com a realidade e tomar decisões de acordo com essas circunstâncias.

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