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Dando-se ao luxo de ser ineficiente

O motivo pelo qual a maioria das pessoas acaba falhando em seus planos financeiros pessoais não é a falta de conhecimento, e sim o fato de que as boas práticas financeiras estão associadas a bons hábitos. Você pode ler todos os livros de finanças pessoais disponíveis no mercado, todos os blogs, todas as notícias… Vai acabar adquirindo uma quantidade de informação e conhecimento invejáveis, mas a verdade é que essa […] Leia mais

Ineficiente
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Você e o Dinheiro

Publicado em 26 de junho de 2013 às, 15h27.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h57.

O motivo pelo qual a maioria das pessoas acaba falhando em seus planos financeiros pessoais não é a falta de conhecimento, e sim o fato de que as boas práticas financeiras estão associadas a bons hábitos.

Você pode ler todos os livros de finanças pessoais disponíveis no mercado, todos os blogs, todas as notícias… Vai acabar adquirindo uma quantidade de informação e conhecimento invejáveis, mas a verdade é que essa informação toda vai acabar sendo de pouca utilidade prática. Ler um livro de finanças é como ler um livro de dietas. Você vai conhecer muito sobre dietas, sobre princípios nutricionais, mas a dieta não “se faz” sozinha. Você precisa fazê-la! Se não fizer, é apenas mais um livro que você leu.

É possível desenvolver bons hábitos financeiros com informações e conhecimentos rudimentares, mas a implementação desses hábitos exige disciplina e, às vezes, pode até ser um pouco dolorosa.

A maioria das pessoas já “trava” logo no começo, só de imaginar que vai precisar adotar uma série de procedimentos chatos e desagradáveis como anotar cada despesa, cortar cada gasto supérfluo e por aí vai. Quando nos deparamos com esses percalços que ocorrem no momento presente, fica difícil enxergarmos os benefícios que teremos no futuro.

Mas uma vez que essa fase inicial é superada, uma parte significativa desses procedimentos de controle entra no “piloto automático”. Começamos a fazer sem perceber e não sentimos mais (tanto) desprazer.

Com o tempo, à medida que as contas se equilibram e adquirimos sustentabilidade econômica (fazendo, sistematicamente, sobrar dinheiro no final do mês), podemos até mesmo abandonar alguns desses procedimentos de controle ou, pelo menos, executá-los de forma menos rígida. Pessoas que estão em situação financeira crítica devem acompanhar seus registros e atividades em intervalos muito curtos, de preferência em tempo real. Já quem está “em ordem”, pode adotar uma postura mais relaxada e só pensar no assunto, talvez, uma vez por mês.

Buscar um estado de “máxima eficiência”, controlando cada centavo e gastando da forma mais sensata possível é uma coisa importante quando estamos criando hábitos financeiros mais saudáveis, mas não é algo viável no longo prazo – ninguém consegue viver 100% do tempo no pico da performance. A ineficiência é inevitável; todos os processos da Natureza envolvem grandes perdas de energia e com nossas finanças não é diferente.

Grandes empresas, por exemplo, muitas vezes fazem bobagens monumentais, perdem rios de dinheiro em projetos absolutamente “furados” e gastam dinheiro em coisas absurdas, mas ainda assim elas sobrevivem, prosperam e dão lucro, pois criaram, ao longo do tempo, uma base de sustentação econômica que dá a elas o luxo de ser ineficiente (sem que elas quebrem por conta disso).

Obviamente, se a ineficiência ficar fora de controle, elas acabam quebrando, mas é possível trabalhar “com folga” (contanto que haja uma certa vigilância).

O mesmo vale para indivíduos e famílias. Uma vez que se consegue superar a fase da formação dos hábitos e da criação da sustentabilidade econômica, as pessoas podem “aliviar” os controles e viver de uma forma mais descontraída, menos obsessiva e também se dar ao luxo da ineficiência, “perdendo” um pouco de dinheiro (no bom sentido) sem culpa e preservando a qualidade de vida.