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Cuidado com os “vendedores de rentabilidade”

Enfim, o nosso governo resolveu lançar mão de aumentos de juros para tentar aliviar a crescente pressão inflacionária. Tivemos um ano de 2012 muito interessante, com um marco na história das finanças brasileiras (a alteração das regras da Caderneta de Poupança) e reduções significativas na taxa Selic. Contudo, este ano estamos presenciando uma atuação mais cautelosa das autoridades monetárias. Não há como saber se esses aumentos recentes na taxa de […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 15h29.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h00.

Enfim, o nosso governo resolveu lançar mão de aumentos de juros para tentar aliviar a crescente pressão inflacionária. Tivemos um ano de 2012 muito interessante, com um marco na história das finanças brasileiras (a alteração das regras da Caderneta de Poupança) e reduções significativas na taxa Selic. Contudo, este ano estamos presenciando uma atuação mais cautelosa das autoridades monetárias.

Não há como saber se esses aumentos recentes na taxa de juros são algo “para ficar” (seria a reversão de uma tendência que vem desde o início do Século, considerando-se que a Selic era de 25% ao ano em 2002) ou se são um movimento pontual, apenas para a economia se acomodar e depois continuar caindo. A única coisa que sei é que, se formos comparar com as taxas praticadas em outros países, o “caminho de menor resistência” da Selic ainda é para baixo. Nas economias desenvolvidas, as taxas básicas são, em média, inferiores a 1% ao ano. Outras economias da América Latina como Chile, Peru e México (percebidas pelos investidores estrangeiros como mais “sólidas” que a nossa) têm taxas básicas entre 4% e 5% ao ano. Dos BRICS, apenas a Rússia está com taxa ligeiramente acima da nossa (8,25% ao ano), com destaque positivo para a África do Sul (invejáveis 5% ao ano).

Ao longo de muitos anos, nós, brasileiros, nos acostumamos a ganhar dinheiro com facilidade no mercado financeiro. Há não mais que alguns anos, praticamente qualquer investimento conservador dava retornos significativos acima da inflação. Já no ano passado “bateu o pânico” em muitos investidores, que começaram a ver suas carteiras dando retornos nominais menores e sendo corroídas pela inflação.

Isso chamou a atenção para algo que, até então, era largamente ignorado e negligenciado pelo investidor médio brasileiro: o custo dos investimentos. Seja o custo administrativo das instituições financeiras envolvidas ou os custos fiscais. O fato é que a gente havia, convenientemente, esquecido desses “pequenos detalhes”, uma vez que os retornos eram tão altos que nós mal percebíamos os efeitos desses custos.

Com a queda dos juros e o aumento da inflação, os custos começaram a ficar incomodamente evidentes e as pessoas começaram a fazer questionamentos que, até então, não faziam. Isso ficou muito claro para mim durante o ano passado. Ao mesmo tempo em que eu via notícias de captações recordes na Caderneta de Poupança, investidores mais sofisticados (aqueles que tipicamente fogem da Poupança) começaram a entender uma lição que, nas economias mais desenvolvidas, os investidores já vinham aprendendo há mais tempo.

A lição é muito simples: Nós NÃO TEMOS controle sobre a rentabilidade dos nossos investimentos. Mas nós temos, sim, (quase) total controle sobre os custos… Não podemos ter segurança de que o fundo “XYZ” vai dar o mesmo retorno do ano anterior, nem que os investimentos prefixados não serão corroídos pela inflação e por aí vai. Mas temos o poder de escolher se vamos colocar nosso dinheiro em um fundo de investimentos com taxas altíssimas de administração, se vamos investir em títulos diretamente pagando custos muito baixos ou se optaremos por instrumentos com vantagens fiscais, entre outras coisas.

Da próxima vez que for conversar com seu gerente de banco, consultor de investimentos ou planejador financeiro, lembre-se dessa importante lição: Não dá para ter controle sobre a rentabilidade dos investimentos. Se alguém estiver lhe “vendendo rentabilidade”, fuja!

Saia correndo, e corra muito mesmo, pois essa pessoa está prometendo lhe entregar algo com o qual ela não pode se comprometer. Obviamente, a expectativa de retorno é importante para o investidor, mas se a conversa for totalmente focada nisso, algo está bem errado… Agora se o profissional de finanças de sua confiança estiver tentando chamar sua atenção para fatores como riscos, baixos custos administrativos e eficiência fiscal, aí sim ele merece o adjetivo “de confiança”, pois ele estará focando seus esforços e seu conhecimento em fatores onde é, enfim, possível ter algum tipo de controle.

Enfim, o nosso governo resolveu lançar mão de aumentos de juros para tentar aliviar a crescente pressão inflacionária. Tivemos um ano de 2012 muito interessante, com um marco na história das finanças brasileiras (a alteração das regras da Caderneta de Poupança) e reduções significativas na taxa Selic. Contudo, este ano estamos presenciando uma atuação mais cautelosa das autoridades monetárias.

Não há como saber se esses aumentos recentes na taxa de juros são algo “para ficar” (seria a reversão de uma tendência que vem desde o início do Século, considerando-se que a Selic era de 25% ao ano em 2002) ou se são um movimento pontual, apenas para a economia se acomodar e depois continuar caindo. A única coisa que sei é que, se formos comparar com as taxas praticadas em outros países, o “caminho de menor resistência” da Selic ainda é para baixo. Nas economias desenvolvidas, as taxas básicas são, em média, inferiores a 1% ao ano. Outras economias da América Latina como Chile, Peru e México (percebidas pelos investidores estrangeiros como mais “sólidas” que a nossa) têm taxas básicas entre 4% e 5% ao ano. Dos BRICS, apenas a Rússia está com taxa ligeiramente acima da nossa (8,25% ao ano), com destaque positivo para a África do Sul (invejáveis 5% ao ano).

Ao longo de muitos anos, nós, brasileiros, nos acostumamos a ganhar dinheiro com facilidade no mercado financeiro. Há não mais que alguns anos, praticamente qualquer investimento conservador dava retornos significativos acima da inflação. Já no ano passado “bateu o pânico” em muitos investidores, que começaram a ver suas carteiras dando retornos nominais menores e sendo corroídas pela inflação.

Isso chamou a atenção para algo que, até então, era largamente ignorado e negligenciado pelo investidor médio brasileiro: o custo dos investimentos. Seja o custo administrativo das instituições financeiras envolvidas ou os custos fiscais. O fato é que a gente havia, convenientemente, esquecido desses “pequenos detalhes”, uma vez que os retornos eram tão altos que nós mal percebíamos os efeitos desses custos.

Com a queda dos juros e o aumento da inflação, os custos começaram a ficar incomodamente evidentes e as pessoas começaram a fazer questionamentos que, até então, não faziam. Isso ficou muito claro para mim durante o ano passado. Ao mesmo tempo em que eu via notícias de captações recordes na Caderneta de Poupança, investidores mais sofisticados (aqueles que tipicamente fogem da Poupança) começaram a entender uma lição que, nas economias mais desenvolvidas, os investidores já vinham aprendendo há mais tempo.

A lição é muito simples: Nós NÃO TEMOS controle sobre a rentabilidade dos nossos investimentos. Mas nós temos, sim, (quase) total controle sobre os custos… Não podemos ter segurança de que o fundo “XYZ” vai dar o mesmo retorno do ano anterior, nem que os investimentos prefixados não serão corroídos pela inflação e por aí vai. Mas temos o poder de escolher se vamos colocar nosso dinheiro em um fundo de investimentos com taxas altíssimas de administração, se vamos investir em títulos diretamente pagando custos muito baixos ou se optaremos por instrumentos com vantagens fiscais, entre outras coisas.

Da próxima vez que for conversar com seu gerente de banco, consultor de investimentos ou planejador financeiro, lembre-se dessa importante lição: Não dá para ter controle sobre a rentabilidade dos investimentos. Se alguém estiver lhe “vendendo rentabilidade”, fuja!

Saia correndo, e corra muito mesmo, pois essa pessoa está prometendo lhe entregar algo com o qual ela não pode se comprometer. Obviamente, a expectativa de retorno é importante para o investidor, mas se a conversa for totalmente focada nisso, algo está bem errado… Agora se o profissional de finanças de sua confiança estiver tentando chamar sua atenção para fatores como riscos, baixos custos administrativos e eficiência fiscal, aí sim ele merece o adjetivo “de confiança”, pois ele estará focando seus esforços e seu conhecimento em fatores onde é, enfim, possível ter algum tipo de controle.

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