As “perguntas erradas” nos investimentos
Cuidado com aquilo que você pergunta, pois alguém sempre terá uma resposta... errada!
Andre
Publicado em 31 de julho de 2018 às 10h29.
Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 15h45.
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Tem uma frase popular que diz “cuidado com aquilo que você quer, pois você pode conseguir”. Eu não acho que essa frase seja correta. Aliás, na verdade, prefiro uma versão adaptada dela que diz “cuidado com aquilo que você quer, pois alguém vai te oferecer” (perceba a diferença...).
Nós vivemos em um mundo onde todos estão tentando vender algo. Isso não é, intrinsecamente, algo bom nem ruim – simplesmente “é assim”. As pessoas estão tentando ganhar dinheiro e “se virar”, e algumas fazem isso de forma mais ou menos adequada do ponto de vista moral.
Por exemplo, se você postar, neste exato momento, uma mensagem nas suas redes sociais dizendo que você quer “conquistar sua independência financeira sem fazer força” ou “perder dez quilos em um mês”, aposto que não levará mais que alguns minutos para que alguém lhe ofereça uma “solução mágica” por uma módica quantia... E, desnecessário dizer, será uma solução falsa e que não vai funcionar.
É a famosa “demanda que gera a sua própria oferta”. Se você quer ilusão, alguém vai te vender ilusão. Você quer soluções mágicas? Alguém vai te oferecer uma solução mágica (e falsa).
Nos investimentos, a coisa funciona do mesmo jeito. Uma verdadeira indústria de promessas e ilusões existe exatamente porque o investidor IMPLORA por isso. E a indústria está aí para atender qualquer demanda, por mais extravagante que seja. Quer saber o que vai acontecer na economia após as eleições? Alguém vai ter uma “resposta” para te vender... Quer saber o que vai acontecer com o dólar? Fique tranquilo, pois alguém tem a bola de cristal e vai compartilhar a resposta com você... Quer aprender a técnica mirabolante e infalível para aplicar seu dinheiro e ganhar 50% ao mês? Você terá dificuldade em escolher entre tantas pessoas oferecendo a “receita do bolo turbinado”.
E como a demanda gera a sua própria oferta, a única forma de não criar a oferta é não criando a demanda... Ou seja, é simplesmente “parando de perguntar”, pois você sabe que, se perguntar, a resposta virá – ainda que seja errada.
Nessa linha, tem duas perguntas que são particularmente perniciosas e que os investidores deveriam para de fazer (sob o risco de continuarem obtendo respostas falsas e ilusórias).
A primeira delas é “o que vai acontecer no futuro?”.
Os mercados são, em grande parte, aleatórios e basicamente “tudo” pode acontecer. E tem tanta gente fazendo previsões e “chutes”, que é inevitável que, em algum momento, alguém acerte. E esses acertos nada têm a ver com alguma capacidade premonitória.
Então, aceite que o mercado é imprevisível e pare de querer saber se o dólar vai subir, se os juros vão cair e qual é a “boa do dia”...
A segunda pergunta é “o que devo fazer?” (e suas variações).
Como professor de finanças e de investimentos, uma das situações mais frustrantes que me acontecem é quando estou falando sobre o funcionamento dos mercados (que sempre tem alguma complexidade) e me aparece alguém com a clássica pergunta “mas, afinal, é pra comprar ou pra vender?”.
Esse é aquele momento em que a pessoa escancara a preguiça mental e diz algo como “não quero saber nada, apenas me dê uma resposta pronta”.
Eu não dou esse tipo de resposta. Sei que o risco de dar uma resposta errada é alto e não quero aumentar meu “karma ruim”, caso induza a pessoa a perder dinheiro – mesmo sabendo que a decisão final é sempre do investidor. Mas grande parte dos integrantes da indústria de “atender à demanda do investidor, ainda que entregando coisas ilusórias”, dará essa resposta com um sorriso no rosto e dormirá tranquilamente à noite, como se nada tivesse acontecido.
Então, antes de fazer uma pergunta, tenha em mente que sempre existe uma resposta – ainda que seja uma resposta errada...
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Tem uma frase popular que diz “cuidado com aquilo que você quer, pois você pode conseguir”. Eu não acho que essa frase seja correta. Aliás, na verdade, prefiro uma versão adaptada dela que diz “cuidado com aquilo que você quer, pois alguém vai te oferecer” (perceba a diferença...).
Nós vivemos em um mundo onde todos estão tentando vender algo. Isso não é, intrinsecamente, algo bom nem ruim – simplesmente “é assim”. As pessoas estão tentando ganhar dinheiro e “se virar”, e algumas fazem isso de forma mais ou menos adequada do ponto de vista moral.
Por exemplo, se você postar, neste exato momento, uma mensagem nas suas redes sociais dizendo que você quer “conquistar sua independência financeira sem fazer força” ou “perder dez quilos em um mês”, aposto que não levará mais que alguns minutos para que alguém lhe ofereça uma “solução mágica” por uma módica quantia... E, desnecessário dizer, será uma solução falsa e que não vai funcionar.
É a famosa “demanda que gera a sua própria oferta”. Se você quer ilusão, alguém vai te vender ilusão. Você quer soluções mágicas? Alguém vai te oferecer uma solução mágica (e falsa).
Nos investimentos, a coisa funciona do mesmo jeito. Uma verdadeira indústria de promessas e ilusões existe exatamente porque o investidor IMPLORA por isso. E a indústria está aí para atender qualquer demanda, por mais extravagante que seja. Quer saber o que vai acontecer na economia após as eleições? Alguém vai ter uma “resposta” para te vender... Quer saber o que vai acontecer com o dólar? Fique tranquilo, pois alguém tem a bola de cristal e vai compartilhar a resposta com você... Quer aprender a técnica mirabolante e infalível para aplicar seu dinheiro e ganhar 50% ao mês? Você terá dificuldade em escolher entre tantas pessoas oferecendo a “receita do bolo turbinado”.
E como a demanda gera a sua própria oferta, a única forma de não criar a oferta é não criando a demanda... Ou seja, é simplesmente “parando de perguntar”, pois você sabe que, se perguntar, a resposta virá – ainda que seja errada.
Nessa linha, tem duas perguntas que são particularmente perniciosas e que os investidores deveriam para de fazer (sob o risco de continuarem obtendo respostas falsas e ilusórias).
A primeira delas é “o que vai acontecer no futuro?”.
Os mercados são, em grande parte, aleatórios e basicamente “tudo” pode acontecer. E tem tanta gente fazendo previsões e “chutes”, que é inevitável que, em algum momento, alguém acerte. E esses acertos nada têm a ver com alguma capacidade premonitória.
Então, aceite que o mercado é imprevisível e pare de querer saber se o dólar vai subir, se os juros vão cair e qual é a “boa do dia”...
A segunda pergunta é “o que devo fazer?” (e suas variações).
Como professor de finanças e de investimentos, uma das situações mais frustrantes que me acontecem é quando estou falando sobre o funcionamento dos mercados (que sempre tem alguma complexidade) e me aparece alguém com a clássica pergunta “mas, afinal, é pra comprar ou pra vender?”.
Esse é aquele momento em que a pessoa escancara a preguiça mental e diz algo como “não quero saber nada, apenas me dê uma resposta pronta”.
Eu não dou esse tipo de resposta. Sei que o risco de dar uma resposta errada é alto e não quero aumentar meu “karma ruim”, caso induza a pessoa a perder dinheiro – mesmo sabendo que a decisão final é sempre do investidor. Mas grande parte dos integrantes da indústria de “atender à demanda do investidor, ainda que entregando coisas ilusórias”, dará essa resposta com um sorriso no rosto e dormirá tranquilamente à noite, como se nada tivesse acontecido.
Então, antes de fazer uma pergunta, tenha em mente que sempre existe uma resposta – ainda que seja uma resposta errada...
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