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Afinal, quanto da renda mensal devemos guardar?

Saiba como definir, conforme sua realidade e seus objetivos, qual o percentual ideia de sua renda a ser poupado.

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Você e o Dinheiro

Publicado em 15 de abril de 2015 às, 11h14.

Última atualização em 29 de dezembro de 2019 às, 19h49.

Olá leitores do “Você e o Dinheiro”! Depois de um razoavelmente longo período de “recesso”, estamos de volta ao jogo! E com algumas novidades… Uma delas é que eu criei (depois de uma certa insistência de alguns amigos e leitores) uma newsletter via email, para informar ao público sobre os conteúdos que eu publico, que incluem os artigos aqui do blog e os vídeos que faço para o canal “Seu Dinheiro na TV”, aqui do portal EXAME. Cadastre-se clicando aqui.

Mas, enfim, vamos falar sobre um dos temas que mais geram dúvidas em finanças pessoais: Quanto uma pessoa deve poupar de sua renda mensal?

Nove em dez livros de finanças pessoais falam em dez por cento da renda mensal. É um valor interessante e que, para a maioria das pessoas, vai funcionar. Aliás, é sempre bom estabelecer esse valor de poupança mensal, em termos percentuais, pois assim ele irá aumentando ao mesmo tempo em que a renda aumenta, acelerando a formação do patrimônio e ajudando a combater a chamada “inflação do estilo de vida” (clique aqui para saber mais).

Mas os tais dez por cento não se aplicam a todo mundo. De uma forma geral, podemos dizer que dez por cento deveria ser um valor mínimo. Se for possível poupar mais (obviamente, sem sacrificar a qualidade de vida), devemos fazê-lo. Algumas pessoas mais afortunadas têm capacidade de poupar bem mais que dez por cento, com folga. Imagine uma pessoa com uma renda alta, sem filhos, sem grandes responsabilidades financeiras. Ou um jovem profissional bem sucedido, mas que ainda mora com os pais. Pessoas com essas características conseguem guardar bem mais que dez por cento, sem que isso implique em qualquer privação ou impacto negativo na qualidade de vida.

Para outras pessoas, que estão na situação oposta à descrita no parágrafo anterior, dez por cento pode ser algo inviável. Às vezes, a pessoa reduz despesas, “corta na carne”, mas, ainda assim, não consegue chegar a esse percentual. De duas uma: ou faz investimentos na atividade profissional para aumentar a renda, ou se conforma com um patrimônio crescendo a uma velocidade muito mais baixa.

Existem ainda algumas pessoas que NÃO DEVEM e que NÃO PRECISAM poupar dinheiro mensalmente. As que não devem são aquelas que têm dívidas em aberto com juros altos. Pessoas nessa situação devem direcionar todos os recursos possíveis para o pagamento das dívidas. Fazer poupança ou investir dinheiro, nessas circunstâncias, nos leva a cair na armadilha da “contabilidade mental”, que é aquela situação onde temos, ao mesmo tempo, dinheiro investido rendendo pouco e dívidas que custam muito, quando o mais lógico seria lançar mão dos investimentos para pagar as dívidas e, assim, estancar a sangria financeira.

E, por fim, tem aqueles que simplesmente não precisam poupar dinheiro. É o caso, por exemplo, de servidores públicos que trabalham em regime estatutário, especialmente aqueles que têm direito à aposentadoria integral (regime “antigo”). Sem entrar em qualquer juízo de valor sobre o mérito ou não desse privilégio, o fato é que pessoas nessa situação não precisam se preocupar tanto com poupança, pois o risco de cessação repentina de renda é baixo e uma aposentadoria confortável está, de certa forma, assegurada. Tenho alguns clientes, servidores públicos nessa situação, que me perguntam quanto devem poupar por mês. Não gosto de responder perguntas com outras perguntas, mas, nesse caso, minha resposta, invariavelmente é: “Pra quê?”.

Para pessoas nessa situação, a não ser que exista um plano de adquirir um bem de alto valor, alguma ideia de negócio que exija investimento financeiro ou então uma necessidade muito específica de uma reserva de liquidez, poupar dinheiro não é algo tão necessário. É bom (ter dinheiro guardado sempre dá uma sensação extra de segurança), mas não é necessário.

De qualquer forma, a tal regrinha dos dez por cento é um bom ponto de partida para a maioria das pessoas. Arriscaria dizer que, para uns 80% da população, ela é adequada. Para os demais, é preciso criar uma regra mais “personalizada”.

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