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A “morte” da renda fixa? (Not so fast…)

Com a redução de nossas taxas de juros básicas, muitos analistas financeiros, profissionais de finanças vêm decretando a "morte" da renda fixa.

DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 13h52.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 16h16.

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Uma das características do ano de 2016, no que diz respeito a finanças e economia, foi a retomada (ainda que gradual e discreta) dos cortes na taxa Selic e a diminuição nas expectativas para a inflação futura.

Para os empresários e para o público geral, usualmente a queda nos juros é uma boa notícia, mas, no nosso caso, essa queda vem acompanhada de um aumento da incerteza. A aversão ao risco deverá permanecer alta e vamos descobrindo que “dinheiro mais barato” não é sinônimo de “dinheiro mais acessível”.

Para um investidor, particularmente o investidor em renda fixa, queda de juros é a matéria prima dos pesadelos, em especial para aqueles investidores com planos de longo prazo ou que usam os investimentos para geração de renda.

Outra característica de 2016, no contexto dos investimentos, foi um “retorno à vida” da bolsa de valores. O mercado ficou animado, entre outras coisas, com desdobramentos na cena política, e muitas oportunidades surgiram, inclusive gerando ganhos expressivos. O que levou muitos investidores (especialmente aqueles que estão na “zona de conforto” da renda fixa) a se perguntarem “já é hora de mudar de estratégia e começar a migração para a renda variável”?

A minha resposta para essa pergunta sempre acaba vindo cheia de vieses (é inevitável). Pelas circunstâncias de mercado, nos últimos anos tenho falado muito mais sobre renda fixa, mas minha “área de origem” é renda variável. Sou um entusiasta da renda variável e um crente no poder do mercado de capitais para desenvolver a economia.

Mas, por mais que eu sinta uma vontade de dizer “vamos para a bolsa!”, eu quero lembrar algumas coisas sobre nossos juros. A primeira é que as projeções mais otimistas indicam que, ainda que estejamos em uma trajetória de queda, a taxa deverá se manter nos dois dígitos ao longo de 2017 (ou seja, permaneceremos naquele patamar em que, pelos padrões internacionais, os juros são considerados “indecentes”). A segunda é que as taxas reais projetadas (acima da inflação) não estão refletindo (ou pelo menos não nas mesmas proporções) essa queda.

Ou seja, parece que ainda teremos boas oportunidades por algum tempo e os anúncios da “morte” da renda fixa estão sendo um pouco precipitados…

Eu não acredito (ou, ao menos, não quero acreditar) que o Brasil vai continuar sendo o “paraíso da renda fixa” por muito tempo. Isso beneficia o investidor, mas prejudica o empresariado e a população em geral. Em algum momento, teremos que nos aproximar mais daquilo que se pratica (em termos de juros) no resto do mundo, pois temos taxas de juros, hoje, típicas de um país em colapso econômico ou em guerra civil. Mas tudo indica que ainda há “vida” na zona de conforto da renda fixa. Nossos juros ainda precisam cair muito para chegarem perto do que se considera “normalidade” para um país com as nossas características, então continuaremos a ter, aqui, oportunidades que não existem em nenhum outro lugar do mundo, como, por exemplo, obter ganhos expressivos (acima da inflação) em títulos públicos.

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Para um investidor, particularmente o investidor em renda fixa, queda de juros é a matéria prima dos pesadelos, em especial para aqueles investidores com planos de longo prazo ou que usam os investimentos para geração de renda.

Outra característica de 2016, no contexto dos investimentos, foi um “retorno à vida” da bolsa de valores. O mercado ficou animado, entre outras coisas, com desdobramentos na cena política, e muitas oportunidades surgiram, inclusive gerando ganhos expressivos. O que levou muitos investidores (especialmente aqueles que estão na “zona de conforto” da renda fixa) a se perguntarem “já é hora de mudar de estratégia e começar a migração para a renda variável”?

A minha resposta para essa pergunta sempre acaba vindo cheia de vieses (é inevitável). Pelas circunstâncias de mercado, nos últimos anos tenho falado muito mais sobre renda fixa, mas minha “área de origem” é renda variável. Sou um entusiasta da renda variável e um crente no poder do mercado de capitais para desenvolver a economia.

Mas, por mais que eu sinta uma vontade de dizer “vamos para a bolsa!”, eu quero lembrar algumas coisas sobre nossos juros. A primeira é que as projeções mais otimistas indicam que, ainda que estejamos em uma trajetória de queda, a taxa deverá se manter nos dois dígitos ao longo de 2017 (ou seja, permaneceremos naquele patamar em que, pelos padrões internacionais, os juros são considerados “indecentes”). A segunda é que as taxas reais projetadas (acima da inflação) não estão refletindo (ou pelo menos não nas mesmas proporções) essa queda.

Ou seja, parece que ainda teremos boas oportunidades por algum tempo e os anúncios da “morte” da renda fixa estão sendo um pouco precipitados…

Eu não acredito (ou, ao menos, não quero acreditar) que o Brasil vai continuar sendo o “paraíso da renda fixa” por muito tempo. Isso beneficia o investidor, mas prejudica o empresariado e a população em geral. Em algum momento, teremos que nos aproximar mais daquilo que se pratica (em termos de juros) no resto do mundo, pois temos taxas de juros, hoje, típicas de um país em colapso econômico ou em guerra civil. Mas tudo indica que ainda há “vida” na zona de conforto da renda fixa. Nossos juros ainda precisam cair muito para chegarem perto do que se considera “normalidade” para um país com as nossas características, então continuaremos a ter, aqui, oportunidades que não existem em nenhum outro lugar do mundo, como, por exemplo, obter ganhos expressivos (acima da inflação) em títulos públicos.

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