Lady Gaga: cantora criou um óculos com lentes LCD embutidas e uma impressora de fotos em parceria com a Polaroid em 2011. (Mike Marsland / Colaborador/Getty Images)
Viviane Martins
Publicado em 29 de julho de 2022 às 16h23.
Por Viviane Martins, CEO da Falconi
O que os líderes empresariais e Lady Gaga têm (ou deveriam ter) em comum? A preocupação com a saúde mental no local de trabalho. A cantora americana e sua mãe, Cynthia Germanotta, criaram a Born This Way Foundation, que capitaneou pesquisa indicando que 89% dos jovens classificam a saúde mental e a gentileza como de altíssima prioridade no ambiente profissional.
O estudo ouviu 1,2 mil jovens de 18 a 29 anos que estão atualmente ou em breve estarão trabalhando. Ainda que realizada nos Estados Unidos, pode-se tranquilamente extrapolar esses dados para outros países. Segundo eles, tanto a Geração Z quanto os millenials mais jovens priorizam a saúde mental e a gentileza no trabalho. Porém, não acreditam que são muitos os empregadores a oferecer sistemas de apoio adequados – apenas 32% dos funcionários trabalham em ambientes onde são fornecidos folgas remuneradas para que cuidem da saúde física ou mental.
Em recente entrevista nos EUA, Gaga e sua mãe alertaram queempresas que não priorizam a saúde mental, arriscam perder os talentos das Gerações Y e Z. E a pesquisa corrobora tal alerta:a grande maioria dos entrevistados (77%) se mostrou mais propensa a se candidatar a uma vaga de emprego que listasse a “gentileza” como um valor importante da empresa.
As Germanottas não estão sozinhas nessa luta. A Organização Mundial de Saúde diz que, seo trabalho faz bem à saúde mental, um ambiente de trabalho negativo pode levar a problemas tanto de saúde física como mental. Segundo a OMS, assédio e o bullying no trabalho são problemas comumente relatados, com possível impacto adverso substancial na saúde mental. Mas, lista, há muitas outras situações relacionadas ao trabalho que embutem risco à saúde mental. Entre elas, a entidade destaca:
- políticas inadequadas de saúde e segurança;
- más práticas de comunicação e gestão;
- participação limitada na tomada de decisões ou baixo controle sobre sua área de trabalho;
- baixos níveis de apoio aos funcionários;
- horário de trabalho inflexível; e
- tarefas ou objetivos organizacionais pouco claros.
Ou seja: seis frentes que possibilitam uma imensa gama de ações efetivas para as organizações promoverem a saúde mental no local de trabalho. Tais medidas também podem beneficiar a produtividade: para cada US$ 1 investido em tratamento ampliado para transtornos mentais comuns, há um retorno de US$ 4 em melhoria da saúde e produtividade.
O fato é, sublinha a OMS, que a economia global perde cerca de US$ 1 trilhão por ano em produtividade devido à depressão - que afeta, segundo estimativas mais recentes, 5% dos adultos em todo o mundo - e ansiedade. Entre os adolescentes, cerca de um em cada sete tem um transtorno mental. Globalmente, os transtornos mentais são responsáveis por um em cada seis anos vividos com deficiência - pior ainda: pessoas com transtornos mentais graves morrem 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral.
Vale lembrar que, no Brasil, já ultrapassamos a linha dos 30% de trabalhadores com burnout, segundo já declaroua presidente do capítulo Brasil da International Stress Management Association (ISMA Brasil) Ana Maria Rossi.Mas nós mesmos, profissionais, podemos tomar medidas para ajudar a fortalecer nossa saúde mental - e, por conseguinte, tornar-nos mais produtivos. Nesta semana, a publicação americana CNBC publicou um texto com três dicas para melhorar a saúde mental e, consequentemente, a produtividade no trabalho:
1. Adotar práticas de mindfullness (ou simplesmente passar algum tempo em um ambiente tranquilo, ouvindo a si próprio antes de se engajar com o resto do mundo);
2. Praticar atividade física;
3. Começar o seu dia se “mimando”: segundo a especialista entrevistada, "fazer algo que você ama ou se presentear com algo que se gosta, pode ser um impulso de energia positiva para um ótimo dia de trabalho".
O engajamento para valer, em projetos robustos, por parte das empresas; a criação e a participação em grupos de apoio; a prática da escuta ativa, e uma série de aparentemente pequenas atitudes e mudanças comportamentais que cada um de nós pode adotar, têm o poder de rapidamente reverter um cenário que gera preocupação crescente. Como Lady Gaga disse em sua canção "Hold my Hand", "sei que você sente medo e que sua dor é imperfeita, mas não desista de si".