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O desafio da gestão de talentos quando o foco é em crescimento sustentável

Em sua coluna desta semana, Viviane Martins faz reflexão sobre gestão de pessoas em um ecossistema tech marcado, agora, por diversos desligamentos

(ronstik/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2022 às 12h23.

Última atualização em 28 de novembro de 2022 às 08h35.

Por Viviane Martins, CEO da Falconi

Se os anos anteriores foram de abundância de capital, com contratações aos milhares, vagas que não acabavam e escassez de profissionais de tecnologia, 2022 vai terminando como um ano que inverteu muitas dessas tendências e que ainda aliou novos desafios aos enfrentados pelo ecossistema de inovação.

Ao todo, as empresas de tecnologia, antes contratantes, demitiram mais de 121 mil profissionais neste ano, com novembro marcado por cortes em massa em Big Techs – entre elas, Twitter, Meta e outras quem têm receita fortemente ligada à publicidade digital.

No Brasil, algumas das principais startups do país - inclusive unicórnios que antes contratavam aos lotes - também demitiram centenas de pessoas ao longo dos últimos meses. E não apenas em setores afetados por redução de investimento em mídia digital.

O fato é que aqui, da mesma forma que globalmente, os investidores de venture capital já tinham alertado que iria acontecer, os tempos gelados de um inverno inesperado serão dias para que se aprenda e se passe a tomar melhores decisões. Em todas as frentes.

Chega ao fim a era do crescimento a qualquer custo, da busca incessante pelos próximos unicórnios. O foco enfim se ajusta para crescer de forma organizada e consistente, e ganhar escala de maneira sustentável, com agilidade, amadurecendo a gestão e os processos à medida da jornada de crescimento, governança e transparência. Nada de fumaça ou espuma.

Entretanto, não há homogeneidade neste momento - se há quem demite em bando, também há quem precisa contratar, mas não consegue. Como mostra análise do Crunchbase, em tempos de cortes pronunciados, o mercado lastreado por tecnologia segue, paradoxalmente, enfrentando a escassez de talento.

Nos Estados Unidos, por exemplo, para cada pessoa demitida em 2022, há quase oito vagas tech em aberto. Segundo o Crunchbase, funções ligadas às áreas de segurança cibernética, ciência e análise de dados, e computação em nuvem, sobretudo, continuam a apresentar demanda altíssima.

Neste cenário, será imprescindível que as corporações se mantenham muito atentas aos profissionais que fazem a inovação acontecer - ao que lhes atrai e o que eles rejeitam. Vale lembrar que pesquisa divulgada também neste mês pela startup Revelo mostrou que quase 80% dos profissionais de tecnologia preferem pedir demissão a deixar o home office. E cerca de 60% responderam que sequer aceitariam propostas de emprego no modelo presencial.

Ao mesmo tempo, e não só entre profissionais da área de tecnologia, é cada vez mais premente a necessidade de complementar - e muitas vezes, atualizar - a bagagem acadêmica do time e dos indivíduos. Inclusive partindo para modelos inovadores de formação, já que a rapidez com que a inovação acontece é muito mais rápida que a produção acadêmica de conhecimento.

A sobrecarga do caminho clássico de aprendizado, da escola à universidade, torna cada vez mais vital que haja outros players na distribuição do conhecimento que as corporações necessitam para ontem, integrando o desenvolvimento do indivíduo ao da organização, de maneira a trabalhar conhecimentos tácitos e explícitos.

Neste papel, as empresas podem contar com parceiros especialistas em desenhar trilhas corporativas sob medida para times inteiros ou para pessoas-chave, com apoio tecnológico. É crucial que os profissionais estejam prontos para lidar não só com esse ou aquele problema específico, mas se tornem aptos a lidar com situações inéditas que surgem cada vez mais velozmente e a todo tempo. É o dito aprendizado ágil.

Também é crucial o engajamento dos próprios profissionais na busca permanente por novas habilidades. Em uma época de novos conhecimentos abundantes, o mundo já decretou que a vida útil de muito do que foi aprendido no passado por vezes não passa de poucos anos. Ou seja: o aprendizado tem de acontecer, sim, ao longo de toda a vida, seja qual for a profissão.

No fim das contas, 2023 não começará muito diferente de 2022 tanto não em termos de demanda e oferta como, também, em termos de atração e permanência de talentos. E uma coisa é certa: em um mercado repleto de desafios internos e externos, será mandatório aliar as estratégias do próprio negócio com as expectativas das pessoas que o constroem, para que assim, juntos, todos caminhem para frente.

Por Viviane Martins, CEO da Falconi

Se os anos anteriores foram de abundância de capital, com contratações aos milhares, vagas que não acabavam e escassez de profissionais de tecnologia, 2022 vai terminando como um ano que inverteu muitas dessas tendências e que ainda aliou novos desafios aos enfrentados pelo ecossistema de inovação.

Ao todo, as empresas de tecnologia, antes contratantes, demitiram mais de 121 mil profissionais neste ano, com novembro marcado por cortes em massa em Big Techs – entre elas, Twitter, Meta e outras quem têm receita fortemente ligada à publicidade digital.

No Brasil, algumas das principais startups do país - inclusive unicórnios que antes contratavam aos lotes - também demitiram centenas de pessoas ao longo dos últimos meses. E não apenas em setores afetados por redução de investimento em mídia digital.

O fato é que aqui, da mesma forma que globalmente, os investidores de venture capital já tinham alertado que iria acontecer, os tempos gelados de um inverno inesperado serão dias para que se aprenda e se passe a tomar melhores decisões. Em todas as frentes.

Chega ao fim a era do crescimento a qualquer custo, da busca incessante pelos próximos unicórnios. O foco enfim se ajusta para crescer de forma organizada e consistente, e ganhar escala de maneira sustentável, com agilidade, amadurecendo a gestão e os processos à medida da jornada de crescimento, governança e transparência. Nada de fumaça ou espuma.

Entretanto, não há homogeneidade neste momento - se há quem demite em bando, também há quem precisa contratar, mas não consegue. Como mostra análise do Crunchbase, em tempos de cortes pronunciados, o mercado lastreado por tecnologia segue, paradoxalmente, enfrentando a escassez de talento.

Nos Estados Unidos, por exemplo, para cada pessoa demitida em 2022, há quase oito vagas tech em aberto. Segundo o Crunchbase, funções ligadas às áreas de segurança cibernética, ciência e análise de dados, e computação em nuvem, sobretudo, continuam a apresentar demanda altíssima.

Neste cenário, será imprescindível que as corporações se mantenham muito atentas aos profissionais que fazem a inovação acontecer - ao que lhes atrai e o que eles rejeitam. Vale lembrar que pesquisa divulgada também neste mês pela startup Revelo mostrou que quase 80% dos profissionais de tecnologia preferem pedir demissão a deixar o home office. E cerca de 60% responderam que sequer aceitariam propostas de emprego no modelo presencial.

Ao mesmo tempo, e não só entre profissionais da área de tecnologia, é cada vez mais premente a necessidade de complementar - e muitas vezes, atualizar - a bagagem acadêmica do time e dos indivíduos. Inclusive partindo para modelos inovadores de formação, já que a rapidez com que a inovação acontece é muito mais rápida que a produção acadêmica de conhecimento.

A sobrecarga do caminho clássico de aprendizado, da escola à universidade, torna cada vez mais vital que haja outros players na distribuição do conhecimento que as corporações necessitam para ontem, integrando o desenvolvimento do indivíduo ao da organização, de maneira a trabalhar conhecimentos tácitos e explícitos.

Neste papel, as empresas podem contar com parceiros especialistas em desenhar trilhas corporativas sob medida para times inteiros ou para pessoas-chave, com apoio tecnológico. É crucial que os profissionais estejam prontos para lidar não só com esse ou aquele problema específico, mas se tornem aptos a lidar com situações inéditas que surgem cada vez mais velozmente e a todo tempo. É o dito aprendizado ágil.

Também é crucial o engajamento dos próprios profissionais na busca permanente por novas habilidades. Em uma época de novos conhecimentos abundantes, o mundo já decretou que a vida útil de muito do que foi aprendido no passado por vezes não passa de poucos anos. Ou seja: o aprendizado tem de acontecer, sim, ao longo de toda a vida, seja qual for a profissão.

No fim das contas, 2023 não começará muito diferente de 2022 tanto não em termos de demanda e oferta como, também, em termos de atração e permanência de talentos. E uma coisa é certa: em um mercado repleto de desafios internos e externos, será mandatório aliar as estratégias do próprio negócio com as expectativas das pessoas que o constroem, para que assim, juntos, todos caminhem para frente.

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