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Em dias cinzentos, a regra é se estruturar para voltar a crescer

Na coluna desta semana, Viviane Martins, CEO da Falconi, aborda a crescente escassez de capital no mercado de startups

Female character in pink suit is increasing the money by watering money plant. Concept of successful investor or entrepreneur. Money grows with ideas as a metaphor. Flat cartoon vector illustration (Rudzhan Nagiev/Getty Images)
Female character in pink suit is increasing the money by watering money plant. Concept of successful investor or entrepreneur. Money grows with ideas as a metaphor. Flat cartoon vector illustration (Rudzhan Nagiev/Getty Images)
V
Viviane Martins

Publicado em 13 de junho de 2022 às, 10h21.

Os investidores enviaram um recado ao mercado - brasileiro e global – de startups e scale-ups (nome dado às startups de altíssimo crescimento): depois de dois anos de abundância na oferta de capital, decidiram pisar no freio. O movimento foi motivado por uma série de fatores, como apontou a carta da Y Combinator, uma das principais aceleradoras e investidoras de startups do mundo, ao seu portfólio de ‘investidas’.

No memorando nomeado “Economic Downturn”, a instituição avisou: empreendedores devem conseguir sobreviver sem novas injeções de capital ao longo dos próximos dois anos. “Não há previsão do quão ruim a economia pode ficar”, disse a aceleradora na carta, em que lista fatores como alta dos juros, inflação e até o confronto entre Rússia e Ucrânia como elementos que transformaram o ótimo momento do mercado de venture capital em ponto de atenção e cuidado para negócios de alto crescimento. “O movimento seguro é se planejar para o pior”, vaticinou.

O reflexo veio rápido - inclusive no Brasil: diversas scale-ups se viram no olho do furacão, chegando ao noticiário com extensas listas de funcionários demitidos. Os tempos de vagas não preenchidas deram lugar ao realinhamento de prioridades dentro dos chamados unicórnios, startups avaliadas em US$ 1 bilhão e marcadas pelo seu crescimento contínuo e agressivo. Como afirmou a CNN norte-americana no fim da semana, nessa mudança repentina e vertiginosa, o clima atual no setor de tecnologia talvez possa ser melhor descrito como "corte custos e tente sobreviver".

O fato é que, em momentos como esse, as prioridades mudam. Terão de se (re)estruturar, aqueles que quiserem manter seu crescimento – talvez não na mesma velocidade e com o apoio de tanto capital como antes, mas ainda em crescimento. Neste processo, as empresas devem se voltar para elas mesmas, focando-se na implementação de um modelo de trabalho centrado em resultados. Porque temas até então alheios a empresas que floresceram na abundância, agora entram na pauta: redução de despesas, aumento da eficiência da operação e a elaboração de um planejamento estratégico mais robusto.

Se quiserem manter, ou recolocar, o pé no acelerador, arrumar a casa será um passo providencial. E para tal, deverão ter especial atenção não só ao caixa, mas também às pessoas. Sem o engajamento dos colaboradores, afetados pelas demissões compulsórias das últimas semanas, dificilmente esses negócios encontrarão o equilíbrio (financeiro e emocional) para seguirem relevantes.