Economia circular do Bitcoin: cabe a nós virarmos a chave
O sistema bancário atual está totalmente ligado aos governos, é custoso e burocrático. A economia circular do Bitcoin precisa começar agora.
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 12h35.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 16h21.
Esses dias eu estava viajando em alguns pensamentos sobre o início da rede bitcoin, o mistério do seu criador e a idade desta tecnologia. Onde será que eu estava em 3 de janeiro de 2009, enquanto Satoshi Nakamoto lançava sua ideia revolucionária ao mundo? Meus 20 e poucos anos, um tanto agitados, abriram um gap de memória nessa linha do tempo, mas, em 2011, aconteceu algo que eu jamais vou esquecer.
Foi durante a faculdade de publicidade. Sempre fui apaixonada por tecnologia, as marcas estavam começando a prestar atenção nas redes sociais e, nessa época, eu já trabalhava com social media. Como de costume, um dia pela manhã abri um jornal online e me interessei por uma reportagem sobre uma tal moeda chamada bitcoin.
A matéria contava a história de um gringo que usava a moeda e dizia que isso iria revolucionar o dinheiro. Fiquei fascinada. Para mim, era fato que aquilo era o futuro. Queria comprar. Onde? Como? Opa, achei! Mas que coisa mais estranha! O que são essas oito casas decimais? E esse site bizarro? Não pode ser real, isso aqui vai encher meu computador de vírus. Deixei para lá (arrependimento, sim ou com certeza?).
Então, dez anos se passaram até que eu reencontrasse meu crush digital do passado. Em 2019, nos cruzamos de novo, porém, agora era diferente. Ambos estávamos em um novo estágio de vida, evoluídos, estabelecidos e mais conscientes. Deixar escapar a segunda chance? Jamais! Mas o que aconteceu nesse meio tempo? O que eu perdi? Na rede, muita coisa. Aqui fora, na minha bolha de mundo real, eu achava que as coisas tinham andado, mas, quando comecei a estudar sobre economia, percebi que passamos esse tempo todo correndo em círculos atrás do próprio rabo.
O começo do começo
Se você fez sua lição de casa, sabe que o Bitcoin foi criado em meio ao crash de 2008, quando a bolha americana estourou. Agora, pare e pense: o que está acontecendo atualmente, senão um remake em alta definição da mesma cena dos anos 2000? Bolsa americana mega inchada, indicando uma bela bomba prestes a explodir com suas milhares de notas sem valor algum, degradando o planeta inteiro, onde talvez só os ratos sobrevivam. BOOM! Uma bela ficção científica do Netflix? A arte usa da tecnologia para imitar a vida, mas não deveríamos criar um quadro de apocalipse a essa altura. Talvez rever uma sessãozinha rápida de Matrix nos faria bem para podermos seguir em frente.
Então, eu estava estudando e me deparei com um conceito muito interessante: economia circular do Bitcoin. O conceito de economia circular é ser um sistema de ciclo que elimina a poluição e os resíduos. Muitas empresas utilizam esse conceito voltado para sustentabilidade nas suas cadeias de produção. Trazendo o conceito para a economia circular do Bitcoin, as moedas fiduciárias (real, dólar, euro e etc.) seriam a poluição econômica, e os resíduos as taxas, intermediários e custos do sistema bancário tradicional.
As moedas fiduciárias carregam uma alta carga de corrupção, manipulação e jogo sujo de poder. O sistema bancário da forma como conhecemos está totalmente ligado aos governos, é custoso e burocrático. Não é nessa economia que está a resposta que vai nos levar para a vida promissora que queremos. Precisamos recomeçar.
“O negócio é holdar!”
Não cheguei a vivenciar a "batalha dos forks", mas sei que, nessa guerra pelos tamanhos dos blocos do Bitcoin, houve muitos feridos e marcas que estão expostas até hoje. Eu e Carol, minha partner in crime no UseCripto, não entendíamos porque entusiastas torciam o nariz quando falávamos a palavra “usabilidade”. Até estudarmos as tretas do passado. As pessoas ficaram muito traumatizadas com o Bitcoin Cash e outras criptos se lançando como o "verdadeiro Bitcoin" e como melhores alternativas como meios de pagamento.
“Usabilidade é coisa de entusiasta vira-casaca, o negócio é holdar ”!
Tá, mas peraí… não queríamos um mundo descentralizado e diferente daquele do crash?
Se você sentar com alguns bitcoiners, vai ouvir muitos conceitos sobre o Bitcoin, sua tecnologia e como ele resolve muitas coisas: não é emitido por bancos centrais, é global, é escasso e é para todos. Ótimo. Temos aqui algo novo e uma resposta a tudo que não tem funcionado na economia. Mas de que adianta todos esses conceitos incríveis se há um exército dizendo: guarde! De que adianta compartilhar aos quatro cantos um pedido de liberdade e independência com frases “Bitcoin fixes it” ("o Bitcoin resolve isto", na tradução livre) se estão estocando 100% dos satoshis (menor unidade decimal de bitcoin), enquanto aguardam a pentatriplicação de valor? Isso me parece não mudar em nada o jogo econômico que vivemos hoje.
Você tem esperança?
A grande maioria das pessoas está endividada e a tendência é sentirmos cada dia mais a inflação engolir o saldo e o suor do nosso trabalho. Só para refrescar, esse ano o real foi uma das top 5 moedas que mais desvalorizaram no mundo. Para completar, temos uma nova nota de 200 reais com um magrelo lobo-guará estampado que acaba de entrar em circulação. Disseram que era uma homenagem a este belo animal. Pobre bicho… Mal sabe que o papão mesmo é a inflação que começou a pegar. Corram para as montanhas! Ou melhor: comprem bitcoin.
Essa grande massa de pessoas que está sendo esmagada pelo sistema fiduciário ainda desconhece o Bitcoin. Elas estão vivendo suas vidas sem saber qual a saída. Sem entender porque trabalham cada vez mais sem ver resultados positivos na qualidade de vida financeira. Elas não têm como ter a mesma esperança que nós, bitcoiners, simplesmente porque não sabem que o Bitcoin existe. A economia circular do Bitcoin precisa começar agora. Enquanto há uma legião defendendo o estoque do ouro digital, as pessoas seguem sem saber que a liberdade existe agora no presente.
Bitcoin fixes it!
Partindo da ideia de que Bitcoin é uma poderosa tecnologia impossível de corromper e que fica ainda mais forte a cada dia que passa, podemos pensar que ele é o caminho para substituir as moedas fiduciárias. Bom, mas como colocar em prática uma economia circular do Bitcoin? Optando por deixar de usar e incentivar o uso das moedas fiduciárias e passando a usar e incentivar o uso do bitcoin.
Dificuldades vão existir? Absolutamente. Afinal estamos em zona de "disrupção" para algo totalmente inovador, um novo paradigma. Mas as soluções estão na mesa. Se você der um 360 graus no ecossistema, vai se deparar com diversas ferramentas que ajudam nesse processo do uso do bitcoin como dinheiro e outras muitas estão sendo desenvolvidas e aprimoradas. Para citar alguns exemplos, é o caso da rede Lightning que acelera as transações de bitcoin para segundos, o Strike, que possibilita receber em bitcoin pelos seus serviços mesmo que o lado oposto esteja em fiat, além dos gift cards, cartões pré-pagos e cripto-bancos que podem vir a ser os novos super apps.
“Ah, mas eu prefiro gastar dinheiro fiat do que meus preciosos bitcoins”
Continuar no sistema fiat, usando reais no dia a dia, ajuda a quem? Definitivamente não às pessoas e nem ao próprio bitcoin.
Você, bitcoiner, sabe que o bitcoin é o melhor dinheiro que existe. É limpo. É neutro. É resistente. Usar bitcoin é não compactuar com as fraquezas econômicas que estamos sentindo no bolso. É colocar em prática o que você acredita. Ficar esperando o próximo colapso da economia não vai fazer o jogo mudar.
Cabe a nós, bitcoiners, virarmos a chave.
Esses dias eu estava viajando em alguns pensamentos sobre o início da rede bitcoin, o mistério do seu criador e a idade desta tecnologia. Onde será que eu estava em 3 de janeiro de 2009, enquanto Satoshi Nakamoto lançava sua ideia revolucionária ao mundo? Meus 20 e poucos anos, um tanto agitados, abriram um gap de memória nessa linha do tempo, mas, em 2011, aconteceu algo que eu jamais vou esquecer.
Foi durante a faculdade de publicidade. Sempre fui apaixonada por tecnologia, as marcas estavam começando a prestar atenção nas redes sociais e, nessa época, eu já trabalhava com social media. Como de costume, um dia pela manhã abri um jornal online e me interessei por uma reportagem sobre uma tal moeda chamada bitcoin.
A matéria contava a história de um gringo que usava a moeda e dizia que isso iria revolucionar o dinheiro. Fiquei fascinada. Para mim, era fato que aquilo era o futuro. Queria comprar. Onde? Como? Opa, achei! Mas que coisa mais estranha! O que são essas oito casas decimais? E esse site bizarro? Não pode ser real, isso aqui vai encher meu computador de vírus. Deixei para lá (arrependimento, sim ou com certeza?).
Então, dez anos se passaram até que eu reencontrasse meu crush digital do passado. Em 2019, nos cruzamos de novo, porém, agora era diferente. Ambos estávamos em um novo estágio de vida, evoluídos, estabelecidos e mais conscientes. Deixar escapar a segunda chance? Jamais! Mas o que aconteceu nesse meio tempo? O que eu perdi? Na rede, muita coisa. Aqui fora, na minha bolha de mundo real, eu achava que as coisas tinham andado, mas, quando comecei a estudar sobre economia, percebi que passamos esse tempo todo correndo em círculos atrás do próprio rabo.
O começo do começo
Se você fez sua lição de casa, sabe que o Bitcoin foi criado em meio ao crash de 2008, quando a bolha americana estourou. Agora, pare e pense: o que está acontecendo atualmente, senão um remake em alta definição da mesma cena dos anos 2000? Bolsa americana mega inchada, indicando uma bela bomba prestes a explodir com suas milhares de notas sem valor algum, degradando o planeta inteiro, onde talvez só os ratos sobrevivam. BOOM! Uma bela ficção científica do Netflix? A arte usa da tecnologia para imitar a vida, mas não deveríamos criar um quadro de apocalipse a essa altura. Talvez rever uma sessãozinha rápida de Matrix nos faria bem para podermos seguir em frente.
Então, eu estava estudando e me deparei com um conceito muito interessante: economia circular do Bitcoin. O conceito de economia circular é ser um sistema de ciclo que elimina a poluição e os resíduos. Muitas empresas utilizam esse conceito voltado para sustentabilidade nas suas cadeias de produção. Trazendo o conceito para a economia circular do Bitcoin, as moedas fiduciárias (real, dólar, euro e etc.) seriam a poluição econômica, e os resíduos as taxas, intermediários e custos do sistema bancário tradicional.
As moedas fiduciárias carregam uma alta carga de corrupção, manipulação e jogo sujo de poder. O sistema bancário da forma como conhecemos está totalmente ligado aos governos, é custoso e burocrático. Não é nessa economia que está a resposta que vai nos levar para a vida promissora que queremos. Precisamos recomeçar.
“O negócio é holdar!”
Não cheguei a vivenciar a "batalha dos forks", mas sei que, nessa guerra pelos tamanhos dos blocos do Bitcoin, houve muitos feridos e marcas que estão expostas até hoje. Eu e Carol, minha partner in crime no UseCripto, não entendíamos porque entusiastas torciam o nariz quando falávamos a palavra “usabilidade”. Até estudarmos as tretas do passado. As pessoas ficaram muito traumatizadas com o Bitcoin Cash e outras criptos se lançando como o "verdadeiro Bitcoin" e como melhores alternativas como meios de pagamento.
“Usabilidade é coisa de entusiasta vira-casaca, o negócio é holdar ”!
Tá, mas peraí… não queríamos um mundo descentralizado e diferente daquele do crash?
Se você sentar com alguns bitcoiners, vai ouvir muitos conceitos sobre o Bitcoin, sua tecnologia e como ele resolve muitas coisas: não é emitido por bancos centrais, é global, é escasso e é para todos. Ótimo. Temos aqui algo novo e uma resposta a tudo que não tem funcionado na economia. Mas de que adianta todos esses conceitos incríveis se há um exército dizendo: guarde! De que adianta compartilhar aos quatro cantos um pedido de liberdade e independência com frases “Bitcoin fixes it” ("o Bitcoin resolve isto", na tradução livre) se estão estocando 100% dos satoshis (menor unidade decimal de bitcoin), enquanto aguardam a pentatriplicação de valor? Isso me parece não mudar em nada o jogo econômico que vivemos hoje.
Você tem esperança?
A grande maioria das pessoas está endividada e a tendência é sentirmos cada dia mais a inflação engolir o saldo e o suor do nosso trabalho. Só para refrescar, esse ano o real foi uma das top 5 moedas que mais desvalorizaram no mundo. Para completar, temos uma nova nota de 200 reais com um magrelo lobo-guará estampado que acaba de entrar em circulação. Disseram que era uma homenagem a este belo animal. Pobre bicho… Mal sabe que o papão mesmo é a inflação que começou a pegar. Corram para as montanhas! Ou melhor: comprem bitcoin.
Essa grande massa de pessoas que está sendo esmagada pelo sistema fiduciário ainda desconhece o Bitcoin. Elas estão vivendo suas vidas sem saber qual a saída. Sem entender porque trabalham cada vez mais sem ver resultados positivos na qualidade de vida financeira. Elas não têm como ter a mesma esperança que nós, bitcoiners, simplesmente porque não sabem que o Bitcoin existe. A economia circular do Bitcoin precisa começar agora. Enquanto há uma legião defendendo o estoque do ouro digital, as pessoas seguem sem saber que a liberdade existe agora no presente.
Bitcoin fixes it!
Partindo da ideia de que Bitcoin é uma poderosa tecnologia impossível de corromper e que fica ainda mais forte a cada dia que passa, podemos pensar que ele é o caminho para substituir as moedas fiduciárias. Bom, mas como colocar em prática uma economia circular do Bitcoin? Optando por deixar de usar e incentivar o uso das moedas fiduciárias e passando a usar e incentivar o uso do bitcoin.
Dificuldades vão existir? Absolutamente. Afinal estamos em zona de "disrupção" para algo totalmente inovador, um novo paradigma. Mas as soluções estão na mesa. Se você der um 360 graus no ecossistema, vai se deparar com diversas ferramentas que ajudam nesse processo do uso do bitcoin como dinheiro e outras muitas estão sendo desenvolvidas e aprimoradas. Para citar alguns exemplos, é o caso da rede Lightning que acelera as transações de bitcoin para segundos, o Strike, que possibilita receber em bitcoin pelos seus serviços mesmo que o lado oposto esteja em fiat, além dos gift cards, cartões pré-pagos e cripto-bancos que podem vir a ser os novos super apps.
“Ah, mas eu prefiro gastar dinheiro fiat do que meus preciosos bitcoins”
Continuar no sistema fiat, usando reais no dia a dia, ajuda a quem? Definitivamente não às pessoas e nem ao próprio bitcoin.
Você, bitcoiner, sabe que o bitcoin é o melhor dinheiro que existe. É limpo. É neutro. É resistente. Usar bitcoin é não compactuar com as fraquezas econômicas que estamos sentindo no bolso. É colocar em prática o que você acredita. Ficar esperando o próximo colapso da economia não vai fazer o jogo mudar.
Cabe a nós, bitcoiners, virarmos a chave.