Quando falamos em turnover, o sentimento predominante costuma ser de preocupação. A saída de talentos, especialmente em um mercado competitivo, pode gerar custos elevados, perda de conhecimento e impactos na motivação das equipes. No entanto, há um outro lado dessa moeda: o turnover pode ser uma chance para as empresas se renovarem, ajustarem suas estratégias e até ganharem um novo fôlego em termos de cultura.

De acordo com a 30ª edição do Índice de Confiança Robert Half, 24% dos recrutadores relataram, em 2024, um aumento no volume de turnover em relação ao ano anterior. Os principais motivos para as saídas voluntárias incluem, na sequência, melhores oportunidades em outras empresas (71%), falta de perspectiva de crescimento interno (40%) e salários abaixo da média do mercado (24%).

Embora esses dados possam parecer alarmantes, eles também revelam oportunidades de renovação. A saída de um colaborador, apesar de desafiadora, pode abrir espaço para iniciativas que beneficiem a organização. Confira duas formas de enxergar o turnover por uma perspectiva mais positiva:

• Renovação de talentos: a saída de um profissional oferece a chance de buscar alguém cujas competências técnicas e comportamentais estejam mais alinhadas aos objetivos atuais da empresa. Essa renovação pode trazer novas ideias, melhorar a dinâmica da equipe e reforçar a diversidade – um fator essencial para a inovação.
• Reavaliação de prioridades: uma vaga aberta é uma oportunidade para revisar a descrição do cargo e avaliar se as responsabilidades ainda atendem às necessidades da organização. É o momento ideal para atualizar as competências exigidas, incluir habilidades em alta no mercado ou redistribuir tarefas para aumentar a eficiência.

Para minimizar os impactos negativos e potencializar os benefícios do turnover, os gestores podem adotar práticas que garantam uma transição positiva:

1) Realize entrevistas de desligamento com atenção: segundo os dados do ICRH, 21% dos recrutadores planejam investir na análise de conversas de desligamento para identificar pontos de melhoria. Esse momento é valioso para ouvir o profissional e compreender as razões da saída, gerando insights para aprimorar políticas internas.

2) Comunique-se com clareza e ofereça apoio à equipe: a saída de um colega pode gerar incertezas no time. Seja transparente sobre os próximos passos e demonstre apoio, garantindo que a redistribuição de tarefas seja feita de forma justa até que um novo profissional seja contratado.

3) Estruture um offboarding positivo: um processo de desligamento respeitoso fortalece a marca empregadora da empresa e deixa uma impressão positiva no colaborador que está saindo. Essa prática é essencial para atrair novos talentos e manter uma boa reputação no mercado.

4) Reavalie processos de retenção: o turnover é uma oportunidade para identificar melhorias nos planos de carreira, pacotes de benefícios e práticas de reconhecimento. Avalie se o ambiente da empresa é competitivo e alinhado às expectativas dos profissionais.

Altos índices de rotatividade podem ser um sinal de alerta, sem dúvidas, mas lembre-se: um time estável não significa necessariamente uma equipe eficiente. A saída de profissionais, quando bem administrada, pode representar uma chance de oxigenação. No final, o verdadeiro diferencial está na capacidade de transformar mudanças em aprendizado, aproveitando cada saída como um passo em direção a um futuro mais forte.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar