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Trem nos trilhos

*Por Sócrates Melo Boas e más noticias no mercado mineiro. Começando pela boa: os empresários de Minas Gerais não devem dar tanta atenção às previsões um pouco mais pessimistas sobre o crescimento da economia do Brasil. Os investimentos seguem altos, principalmente no segmento de infraestrutura, novas multinacionais continuam a aterrissar em solo mineiro e a China não deixará de comprar todo o minério local por um bom tempo. Por um […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2012 às 12h36.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h20.

*Por Sócrates Melo

Boas e más noticias no mercado mineiro. Começando pela boa: os empresários de Minas Gerais não devem dar tanta atenção às previsões um pouco mais pessimistas sobre o crescimento da economia do Brasil. Os investimentos seguem altos, principalmente no segmento de infraestrutura, novas multinacionais continuam a aterrissar em solo mineiro e a China não deixará de comprar todo o minério local por um bom tempo.

Por um lado, todas essas notícias devem trazer alívio ao mercado mineiro e confiança para seguir no ritmo de crescimento. Por outro, eis a má notícia: o mercado aquecido também traz riscos tanto para empresas como para profissionais. Em ambos os casos, está mais do que na hora de empresários e talentos pautarem suas decisões por uma visão de médio e longo prazo e se desvencilhar de guinadas repentinas e imediatistas, que acabam por prejudicar a si próprios.

De forma mais específica, em cenário de aquecimento de mercado é natural o aumento da rotatividade de profissionais e o assédio de oportunidades aos profissionais de maior qualificação. Em Minas Gerais, a situação se intensifica pela escassez de mão de obra especializada.

Com este panorama, as empresas se veem no meio de um fogo cruzado na guerra por talentos com dificuldades tanto para contratar como para atrair. Poucos, no entanto, percebem o próprio papel na construção de um mercado sustentável em longo prazo e, no afã de gerar resultados com velocidade, empresários acabam pagando alto preço financeiro para não perder seus profissionais e também para compor os quadros.

Há casos, por exemplo, em que as empresas desejam contratar profissionais mais qualificados do que a função exige. Pagam o preço alto e o talento, em curto intervalo de tempo, pode se frustrar e deixar a empresa logo que percebe que sua bagagem é muita “areia para o caminhãozinho”. O contrário também vale. Muitas vezes, na urgência da contratar e expandir as equipes investe-se mais do que se deve em profissionais, apenas para resolver uma demanda pontual. Em médio e longo prazo isso pode representar a queda de qualidade no serviço, por falta de qualificação para a posição ocupada. Tudo começa por uma contratação adequada e criteriosa, para não dar “tiro no pé”. Nos dois casos, vale frisar, o empresário acaba influenciando na inflação dos salários e indiretamente no seu próprio lucro.

Do ponto de vista do profissional, o aquecimento do mercado faz com que muito vislumbrem no mar de ofertas a oportunidade para alavancar salários. Com a “faca e o queijo na mão” são comuns, por exemplo, casos de pessoas que em um ano mudaram até três vezes de empresa.  Quando pensam em curto prazo e de forma imediatista, os resultados até são satisfatórios. Cada vez mais, no entanto, os profissionais têm deixado para trás os valores como respeito à equipe, pares e subordinados, além do compromisso com os objetivos firmados na contratação. O valor da palavra cai em descrédito.

Como se sabe, a carreira de um profissional não é constituída por meses, mas sim por anos, décadas. E é fundamental que os talentos comecem a agir em função disto. Hoje, o mercado aquecido dá até certa “canja” para quem fica pouco tempo em cada função, graças à quantidade de oportunidades disponíveis. No entanto, o mercado é cíclico, e quando a maré baixar, os profissionais valorizados serão, sem dúvida, aqueles com carreiras sólidas, que plantaram e colherem os frutos nas empresas em que passaram.

Para os profissionais que estão aproveitando a onda para acelerar o crescimento na carreira, fica a sugestão de outras reflexões. Até que ponto os talentos estão, de fato, preparados para a função a que foram promovidos?  Em que medida os salários são condizentes com a realidade das competências e qualificações?

É fato que não há indícios de desaceleração da economia mineira, mas também é certo que os bons momentos, como o atual, são ideias para fazer ajustes e chegar longe sem acidentes de percurso.

*Sócrates Melo é responsável pelo escritório da Robert Half em Minas Gerais

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*Por Sócrates Melo

Boas e más noticias no mercado mineiro. Começando pela boa: os empresários de Minas Gerais não devem dar tanta atenção às previsões um pouco mais pessimistas sobre o crescimento da economia do Brasil. Os investimentos seguem altos, principalmente no segmento de infraestrutura, novas multinacionais continuam a aterrissar em solo mineiro e a China não deixará de comprar todo o minério local por um bom tempo.

Por um lado, todas essas notícias devem trazer alívio ao mercado mineiro e confiança para seguir no ritmo de crescimento. Por outro, eis a má notícia: o mercado aquecido também traz riscos tanto para empresas como para profissionais. Em ambos os casos, está mais do que na hora de empresários e talentos pautarem suas decisões por uma visão de médio e longo prazo e se desvencilhar de guinadas repentinas e imediatistas, que acabam por prejudicar a si próprios.

De forma mais específica, em cenário de aquecimento de mercado é natural o aumento da rotatividade de profissionais e o assédio de oportunidades aos profissionais de maior qualificação. Em Minas Gerais, a situação se intensifica pela escassez de mão de obra especializada.

Com este panorama, as empresas se veem no meio de um fogo cruzado na guerra por talentos com dificuldades tanto para contratar como para atrair. Poucos, no entanto, percebem o próprio papel na construção de um mercado sustentável em longo prazo e, no afã de gerar resultados com velocidade, empresários acabam pagando alto preço financeiro para não perder seus profissionais e também para compor os quadros.

Há casos, por exemplo, em que as empresas desejam contratar profissionais mais qualificados do que a função exige. Pagam o preço alto e o talento, em curto intervalo de tempo, pode se frustrar e deixar a empresa logo que percebe que sua bagagem é muita “areia para o caminhãozinho”. O contrário também vale. Muitas vezes, na urgência da contratar e expandir as equipes investe-se mais do que se deve em profissionais, apenas para resolver uma demanda pontual. Em médio e longo prazo isso pode representar a queda de qualidade no serviço, por falta de qualificação para a posição ocupada. Tudo começa por uma contratação adequada e criteriosa, para não dar “tiro no pé”. Nos dois casos, vale frisar, o empresário acaba influenciando na inflação dos salários e indiretamente no seu próprio lucro.

Do ponto de vista do profissional, o aquecimento do mercado faz com que muito vislumbrem no mar de ofertas a oportunidade para alavancar salários. Com a “faca e o queijo na mão” são comuns, por exemplo, casos de pessoas que em um ano mudaram até três vezes de empresa.  Quando pensam em curto prazo e de forma imediatista, os resultados até são satisfatórios. Cada vez mais, no entanto, os profissionais têm deixado para trás os valores como respeito à equipe, pares e subordinados, além do compromisso com os objetivos firmados na contratação. O valor da palavra cai em descrédito.

Como se sabe, a carreira de um profissional não é constituída por meses, mas sim por anos, décadas. E é fundamental que os talentos comecem a agir em função disto. Hoje, o mercado aquecido dá até certa “canja” para quem fica pouco tempo em cada função, graças à quantidade de oportunidades disponíveis. No entanto, o mercado é cíclico, e quando a maré baixar, os profissionais valorizados serão, sem dúvida, aqueles com carreiras sólidas, que plantaram e colherem os frutos nas empresas em que passaram.

Para os profissionais que estão aproveitando a onda para acelerar o crescimento na carreira, fica a sugestão de outras reflexões. Até que ponto os talentos estão, de fato, preparados para a função a que foram promovidos?  Em que medida os salários são condizentes com a realidade das competências e qualificações?

É fato que não há indícios de desaceleração da economia mineira, mas também é certo que os bons momentos, como o atual, são ideias para fazer ajustes e chegar longe sem acidentes de percurso.

*Sócrates Melo é responsável pelo escritório da Robert Half em Minas Gerais

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