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O dilema dos modelos de trabalho na era pós-pandemia

Empresas e profissionais ainda não encontraram o ponto de equilíbrio na questão presencial x híbrido x remoto

Empresas e profissionais ainda não encontraram o ponto de equilíbrio na questão presencial x híbrido x remoto  (ismagilov/Getty Images)
Empresas e profissionais ainda não encontraram o ponto de equilíbrio na questão presencial x híbrido x remoto (ismagilov/Getty Images)

Quatro anos depois do início da pandemia, questões desse desafiador período ainda se fazem sentir. Nas empresas, uma das mais evidentes diz respeito aos modelos de trabalho. O universo corporativo ainda não chegou a um consenso entre os formatos presencial, híbrido e remoto. Enquanto a maioria dos profissionais busca flexibilidade, muitas organizações vêm se posicionando abertamente a favor do retorno integral aos escritórios. 

A 27ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), estudo trimestral que monitora o sentimento profissionais e recrutadores em relação ao mercado e à economia, mapeou minuciosamente o tema no início do ano. 

Diante da pergunta “você buscaria um novo emprego caso a empresa não oferecesse uma modalidade de trabalho ao menos parcialmente remota?”, os profissionais passaram seu recado. Para 43%, a resposta foi sim, mas permanecer na empresa atual seria uma opção enquanto não encontram uma outra oportunidade. Para 22%, porém, esse é um fator crucial, que os fariam deixar a companhia.  

O modelo híbrido com quantidade de dias presenciais e remotos predefinidos é o mais frequente nas organizações atendidas pelos recrutadores entrevistados, alcançando 43% deles. Já o híbrido com flexibilidade para o profissional decidir os dias presenciais acontece em 15% dos casos. 

Nos extremos desse leque de opções, o modelo 100% presencial é o preferido de 35% das empresas, enquanto o totalmente remoto é praticado por apenas 7% das organizações que participaram do estudo. 

Quando perguntados sobre os desafios de gestão do trabalho 100% presencial, os recrutadores destacaram os seguintes pontos: 

  • equilibrar a necessidade de interação presencial com a flexibilidade desejada pelos funcionários;  
  • lidar com possíveis resistências à cultura presencial em um cenário mais flexível;  
  • manter a comunicação eficiente; 
  • adaptar-se às mudanças nas expectativas dos funcionários em relação ao trabalho presencial; 
  • garantir a segurança e saúde dos funcionários no ambiente de trabalho físico. 

Já ao analisar os desafios da gestão 100% remota, os recrutadores apontaram:

  • promover a comunicação clara e eficaz em um ambiente virtual; 
  • manter a equipe engajada e motivada à distância; 
  • assegurar a segurança da informação em ambientes remotos; 
  • gerenciar efetivamente o desempenho dos funcionários sem uma presença física constante; 
  • monitorar a carga de trabalho para evitar o esgotamento dos colaboradores. 

Sobre os desafios dos gestores com o trabalho híbrido, foram indicados como principais aspectos:

  • gerenciar a comunicação de maneira a manter todos os membros da equipe informados e envolvidos; 
  • equilibrar efetivamente a colaboração entre equipe presencial e remota; 
  • promover a colaboração e a coesão da equipe; 
  • dosar a necessidade de interação presencial com a flexibilidade desejada pelos funcionários; 
  • manter a comunicação eficiente em um ambiente presencial

Também questionamos os recrutadores sobre as métricas utilizadas pela empresa em que trabalham para avaliar a eficácia do modelo atual. Os cinco métodos mais citados foram: 

  • medição da produtividade individual e da equipe; 
  • avaliação da satisfação e engajamento dos funcionários; 
  • análise de indicadores-chave de desempenho (KPIs) específicos do setor; 
  • taxa de retenção de talentos e turnover;  
  • avaliação da eficiência na gestão do tempo e entrega de projetos. 

As vantagens do modelo híbrido 

Na minha visão, nas funções em que é viável, o modelo híbrido é uma excelente solução a médio e longo prazo. Ele propicia o melhor dos dois mundos: interação, colaboração, autonomia e liberdade.  

Em diversas pesquisas, a flexibilidade aparece como um dos principais anseios dos trabalhadores atualmente. Reuni, abaixo, algumas vantagens de flexibilizar horários, local de trabalho etc:

  • melhores resultados nas estratégias de atração e retenção de talentos; 
  • redução do turnover; 
  • mais tempo para o funcionário se cuidar e manter-se bem física e emocionalmente; 
  • demonstração de confiança na autonomia, iniciativa e responsabilidade das equipes.  

É vital que as organizações sintonizem o radar nas mudanças ao redor do mundo e nas demandas de seus próprios funcionários. Cada tipo de atividade tem suas características, e elas devem ser respeitadas. Mas manter a mente aberta para conhecer, debater e, se for o caso, testar novidades é um bem-vindo sinal de maturidade das empresas.  
Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks. 

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar