O dilema dos modelos de trabalho na era pós-pandemia
Empresas e profissionais ainda não encontraram o ponto de equilíbrio na questão presencial x híbrido x remoto
Publicado em 17 de maio de 2024 às, 08h30.
Última atualização em 17 de maio de 2024 às, 12h52.
Quatro anos depois do início da pandemia, questões desse desafiador período ainda se fazem sentir. Nas empresas, uma das mais evidentes diz respeito aos modelos de trabalho. O universo corporativo ainda não chegou a um consenso entre os formatos presencial, híbrido e remoto. Enquanto a maioria dos profissionais busca flexibilidade, muitas organizações vêm se posicionando abertamente a favor do retorno integral aos escritórios.
A 27ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH), estudo trimestral que monitora o sentimento profissionais e recrutadores em relação ao mercado e à economia, mapeou minuciosamente o tema no início do ano.
Diante da pergunta “você buscaria um novo emprego caso a empresa não oferecesse uma modalidade de trabalho ao menos parcialmente remota?”, os profissionais passaram seu recado. Para 43%, a resposta foi sim, mas permanecer na empresa atual seria uma opção enquanto não encontram uma outra oportunidade. Para 22%, porém, esse é um fator crucial, que os fariam deixar a companhia.
O modelo híbrido com quantidade de dias presenciais e remotos predefinidos é o mais frequente nas organizações atendidas pelos recrutadores entrevistados, alcançando 43% deles. Já o híbrido com flexibilidade para o profissional decidir os dias presenciais acontece em 15% dos casos.
Nos extremos desse leque de opções, o modelo 100% presencial é o preferido de 35% das empresas, enquanto o totalmente remoto é praticado por apenas 7% das organizações que participaram do estudo.
Quando perguntados sobre os desafios de gestão do trabalho 100% presencial, os recrutadores destacaram os seguintes pontos:
- equilibrar a necessidade de interação presencial com a flexibilidade desejada pelos funcionários;
- lidar com possíveis resistências à cultura presencial em um cenário mais flexível;
- manter a comunicação eficiente;
- adaptar-se às mudanças nas expectativas dos funcionários em relação ao trabalho presencial;
- garantir a segurança e saúde dos funcionários no ambiente de trabalho físico.
Já ao analisar os desafios da gestão 100% remota, os recrutadores apontaram:
- promover a comunicação clara e eficaz em um ambiente virtual;
- manter a equipe engajada e motivada à distância;
- assegurar a segurança da informação em ambientes remotos;
- gerenciar efetivamente o desempenho dos funcionários sem uma presença física constante;
- monitorar a carga de trabalho para evitar o esgotamento dos colaboradores.
Sobre os desafios dos gestores com o trabalho híbrido, foram indicados como principais aspectos:
- gerenciar a comunicação de maneira a manter todos os membros da equipe informados e envolvidos;
- equilibrar efetivamente a colaboração entre equipe presencial e remota;
- promover a colaboração e a coesão da equipe;
- dosar a necessidade de interação presencial com a flexibilidade desejada pelos funcionários;
- manter a comunicação eficiente em um ambiente presencial
Também questionamos os recrutadores sobre as métricas utilizadas pela empresa em que trabalham para avaliar a eficácia do modelo atual. Os cinco métodos mais citados foram:
- medição da produtividade individual e da equipe;
- avaliação da satisfação e engajamento dos funcionários;
- análise de indicadores-chave de desempenho (KPIs) específicos do setor;
- taxa de retenção de talentos e turnover;
- avaliação da eficiência na gestão do tempo e entrega de projetos.
As vantagens do modelo híbrido
Na minha visão, nas funções em que é viável, o modelo híbrido é uma excelente solução a médio e longo prazo. Ele propicia o melhor dos dois mundos: interação, colaboração, autonomia e liberdade.
Em diversas pesquisas, a flexibilidade aparece como um dos principais anseios dos trabalhadores atualmente. Reuni, abaixo, algumas vantagens de flexibilizar horários, local de trabalho etc:
- melhores resultados nas estratégias de atração e retenção de talentos;
- redução do turnover;
- mais tempo para o funcionário se cuidar e manter-se bem física e emocionalmente;
- demonstração de confiança na autonomia, iniciativa e responsabilidade das equipes.
É vital que as organizações sintonizem o radar nas mudanças ao redor do mundo e nas demandas de seus próprios funcionários. Cada tipo de atividade tem suas características, e elas devem ser respeitadas. Mas manter a mente aberta para conhecer, debater e, se for o caso, testar novidades é um bem-vindo sinal de maturidade das empresas.
Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar