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O Batman pelo preço do Robin

Nem todo gestor dá a devida atenção ao processo de recrutamento. É comum ver situações em que falta um planejamento adequado para a substituição de um profissional que deixará a equipe no curto ou médio prazo (seja por decisão do funcionário ou da empresa). Em casos de ampliação de quadro, pode ser que haja alguma diferença, pois, em geral, essa expansão envolve novos projetos que demandam alguma habilidade específica. Pode […] Leia mais

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Fernando Mantovani — Sua Carreira, Sua Gestão

Publicado em 19 de setembro de 2016 às, 09h29.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h29.

Nem todo gestor dá a devida atenção ao processo de recrutamento. É comum ver situações em que falta um planejamento adequado para a substituição de um profissional que deixará a equipe no curto ou médio prazo (seja por decisão do funcionário ou da empresa). Em casos de ampliação de quadro, pode ser que haja alguma diferença, pois, em geral, essa expansão envolve novos projetos que demandam alguma habilidade específica. Pode ser que aí o processo seja um pouco mais claro. Entretanto, a maioria das vagas existentes no mercado hoje são por substituição e o que encontramos é o primeiro cenário um tanto caótico.

Para amenizar a situação, a primeira providência é entender qual o perfil que se deseja contratar. Deve-se aproveitar essa lacuna na equipe para trazer um profissional que não apenas substitua aquele que deixou a empresa, mas que que possa também trazer novas competências e agregar valor. Ao mesmo tempo, é preciso compor um pacote de remuneração que seja compatível com esse perfil. Nesse momento, vemos muitos desencontros.

Com a maior oferta de mão de obra disponível no mercado, as empresas acham que conseguirão contratar o melhor profissional pelo menor custo. É fato que os salários estão estagnados e que quem está no mercado provavelmente será contratado por uma remuneração menor do que a última recebida. Mas isso não quer dizer que os bons candidatos estejam em liquidação de 50%. É preciso que a oferta seja compatível com as exigências técnicas, comportamentais e com as responsabilidades que o profissional exercerá na empresa. Reforço o que digo para vários clientes: não é possível contratar o Batman pelo preço do Robin.

Outra questão muito importante que deve ser observada é até que ponto as altas exigências realmente fazem sentido para o cargo. Pedir pós-graduação em uma área específica para uma função em que isso não será aplicado ou fluência em inglês para atividades que não têm interface internacional é incoerente. Além de aumentar o trabalho na busca pelo candidato, isso compromete a estratégia de retenção no longo prazo. Uma vez contratado e sem oportunidade de usar todo esse conhecimento, rapidamente o funcionário ficará frustrado. A sua produtividade ficará comprometida e muito provavelmente ele buscará uma recolocação em pouco tempo.

É importante dedicar tempo e planejamento para um processo de recrutamento ter sucesso. Além do alinhamento entre perfil e vaga, é preciso atenção e respeito às etapas estabelecidas, cumprimento dos prazos acordados, feedbacks transparentes e comunicação clara. Junto com as questões técnicas, faz-se necessário ainda avaliar a sinergia do futuro empregado com o restante da equipe. Cuidados como esses contribuirão para maior agilidade e efetividade da contratação.