Momento pede foco nos talentos
ICRH indica preocupação com retenção e dificuldade para encontrar profissionais qualificados, um desafio que requer ações estratégicas
Publicado em 21 de junho de 2024 às, 08h30.
Última atualização em 5 de julho de 2024 às, 10h18.
Empresas com resultados promissores, taxas de desemprego em níveis historicamente baixos e um cenário político e econômico instável, tanto local quanto globalmente. Como o mercado de trabalho tem sentido o peso desse quadro que, apesar de trazer positividade, carrega contradições e incertezas?
A 28ª edição do Índice de Confiança da Robert Half (ICRH) traz informações valiosas a respeito. O estudo, que acaba de ser divulgado, baseia-se na percepção de 1.161 profissionais qualificados. A amostra foi igualmente dividida entre recrutadores, profissionais empregados e desempregados.
Comparando os resultados consolidados em março e junho, o ICRH detectou o fortalecimento do sentimento de pessimismo no mercado de trabalho qualificado. Além disso, o receio de perder profissionais-chave para a concorrência foi apontado por 33% das companhias ouvidas.
A única categoria com visão mais otimista da situação atual e dos próximos seis meses é a de profissionais empregados. Nesse grupo, 60% dos entrevistados se sentem seguros quanto aos seus empregos, um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao último período avaliado.
Para compreender se a mudança do primeiro para o segundo trimestre é uma tendência ou uma oscilação estatística, será necessário analisar as próximas edições do estudo. Por ora, temos uma perspectiva mais definida olhando para os números do ICRH de junho de 2023 e 2024. De lá para cá, todas as categorias apresentaram uma leve melhora nos níveis de confiança sobre o presente e o futuro.
Outro ângulo importante sobre o segundo trimestre envolve a avaliação dos recrutadores. A categoria dividiu-se entre menos empolgados quanto ao que está por vir (50%), mais empolgados (42%) e 8% não souberam responder.
Os recrutadores mais empolgados apontaram os seguintes motivos para esse sentimento: expectativa de atingir as metas (57%); projetos sendo desengavetados (53%); expectativa de estabilidade econômica (37%); investimentos em tecnologia (32%) e previsão de abertura de novas vagas (25%).
Já os menos empolgados atribuíram esse estado à imprevisibilidade econômica (83%); projetos parados (41%); receio de perder profissionais-chave para outras empresas (33%); resultados aquém do esperado (33%) e salários pouco competitivos (27%).
Sobre contratações, o ICRH mapeou movimentos que devem acender o alerta máximo das organizações. Por um lado, 18% das empresas dizem que a intenção de hoje é alta ou muito alta e 23% declaram que será ainda mais alta nos próximos meses. Por outro, 81% dos recrutadores afirmam que está difícil contratar profissionais qualificados atualmente.
Para reter talentos, seja estratégico
Confrontando os dados do ICRH, fica claro que manter bons profissionais “em casa” será um grande desafio no segundo semestre. Se em qualquer empresa eles se destacam, em um panorama de indefinições, como o que vivemos, eles têm papel fundamental.
Compartilho, a seguir, medidas que devem fazer parte de uma boa estratégia de retenção de talentos:
- Agenda ESG: os profissionais querem mais do que bons salários. Trabalhar em uma companhia comprometida com projetos sociais e ambientais é o sonho de muitos trabalhadores;
- Flexibilidade: oferecer a possibilidade de modelo híbrido é uma ótima maneira de ajudar os funcionários a se ajudarem. Com mais autonomia, eles podem cuidar melhor da saúde mental e física;
- Perspectivas claras de crescimento: se todos querem crescer profissionalmente, imagine os grandes talentos. Sem que, de forma clara, transparente e efetiva, as empresas mostrem aos colaboradores que é possível evoluir, fica difícil reter os melhores;
- Pacote de benefícios: um bom plano de saúde é essencial, mas melhor ainda se o pacote incluir ofertas diferenciadas, previamente pesquisadas entre os funcionários, como apoio psicológico e aportes na previdência privada.
O ICRH comprova a relevância de cada tópico mencionado acima. Na opinião dos empregados, a escolha de uma vaga está diretamente relacionada a: pacote de benefícios (82%); possibilidade de equilíbrio entre vida pessoal e profissional (71%); possibilidade de trabalho remoto ou híbrido (66%) e perspectiva de ascensão profissional (60%).
Tendo em mente esses insights, é hora de rever e aprimorar as práticas de retenção de talentos. Sintonizá-las às demandas do mercado de trabalho pode ser difícil ou demorado, mas é garantia de bons resultados para os times e a organização.
Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar