Exame.com
Continua após a publicidade

Já encarou a flexibilidade como vantagem competitiva?

Home office e modelo híbrido são trunfos para atrair e reter talentos, especialmente com as taxas de desemprego em baixa

 (ShutterStock/Divulgação)
(ShutterStock/Divulgação)

O mês de maio registrou, oficialmente, a volta dos índices de trânsito ao patamar pré-pandemia em São Paulo (capital). Isso quer dizer que qualquer saída motorizada em horário comercial demora facilmente de 30 minutos a uma hora ou até mais, dependendo da distância ou do período do dia. Para fazer o trajeto de volta, idem. Esse é um dos principais motivos para tantos profissionais valorizarem, com toda razão, o home office e o esquema híbrido de trabalho.  

Trabalhar em casa, mesmo que apenas alguns dias por semana, significa economia de dinheiro, tempo, energia física e psicológica. Ao lado da mobilidade, há diversos outros benefícios. Melhor gestão da casa, poder levar e buscar os filhos na escola, disposição para atividades físicas, possibilidade de almoçar com os pais e por aí vai. Tudo isso tende a impactar positivamente as atividades profissionais, afinal, um funcionário mais feliz, trabalha melhor. 

A importância de equilibrar a vida pessoal e profissional é um dos grandes legados da pandemia, assim como um de seus maiores desafios. Perdemos a conta de quantos profissionais extrapolaram esses limites trabalhando de casa nos últimos anos. De toda a forma, a busca pela moderação deve ser constante e acredito que essa percepção não vá mudar tão cedo. Apesar disso, tenho observado um número crescente de empresas que estão comunicando aos seus times o retorno 100% presencial aos escritórios.  

Encaro a situação atual como a mecânica de um pêndulo que ainda não chegou à sua posição central. Não sabemos como esse movimento vai se desdobrar. No entanto, os resultados da última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) não deixam dúvidas. A flexibilidade segue como um dos principais anseios dos profissionais qualificados. E é também uma demanda atendida por empresas preocupadas com a retenção do seu quadro funcional, especialmente porque as taxas de desemprego andam baixas e há menos profissionais disponíveis para contratação.  

De acordo com os dados do ICRH, 74% dos profissionais entrevistados desejam trabalhar em um modelo híbrido ao longo do ano. Entre eles, 41% gostariam de ter flexibilidade para decidir a quantidade de dias no escritório, enquanto 33% preferem contar com a distribuição predefinida de dias remotos e presenciais. 

Além disso, 57% dos colaboradores ouvidos pela pesquisa indicaram que estariam dispostos a buscar um novo emprego caso a organização não oferecesse ao menos uma modalidade de trabalho parcialmente remota. Entre esses, 33% consideram a escolha relevante, mas não decisiva. Já 24% avaliam o ponto como determinante – ou seja, seguir na empresa deixa de ser uma opção.  

Por parte das empresas, a adesão à modalidade híbrida continua forte. O modelo será adotado, em 2023, por 59% das empresas entrevistadas. Já 30% optaram pelo modelo 100% presencial e apenas 6% pelo home office integral. Os 5% restantes ainda não têm uma política estabelecida a respeito do assunto. 

Entre as empresas que optaram pelo modelo híbrido, 63% planejam de dois a três dias por semana com os times no escritório. Para 24%, o planejamento ficará a cargo do gestor e do funcionário.  

O raciocínio é simples. Se você estivesse em busca de emprego, onde optaria por trabalhar? Onde há liberdade e autonomia ou em uma companhia mais rígida? Seja qual for a resposta, está claro: um ambiente de trabalho mais flexível é desejado pela imensa maioria dos profissionais, como aponta o ICRH.  

Empresas também se beneficiam da flexibilidade 

A crença de que a flexibilidade é melhor para os empregados do que para os empregadores segue em alta em algumas organizações, mas a considero equivocada. A começar pelo fato de que entrar em sintonia com os times aumenta o nível de satisfação de todos e melhora o clima organizacional. 

Mas não só. Há vários bons motivos para uma organização adotar um esquema mais flexível. Destaco, a seguir, alguns deles: 

  • Atração e retenção de talentos – flexibilizar o modo de trabalhar significa investir em qualidade de vida, saúde mental e bem-estar. Empresas que seguem esse caminho ganham reconhecimento e admiração no mercado de trabalho; 
  • Melhor gestão do tempo – com o apoio da gestão, os profissionais podem manejar com mais eficiência seus compromissos e produzir sem a pressão de terminar tudo no horário comercial para ir ao médico, à academia ou pegar os filhos na escola; 
  • Incentivo à responsabilidade – quanto mais liberdade, mais comprometido, organizado e dedicado o colaborador deverá ser para cumprir os desafios que tem pela frente.  

Uma ótima solução para lidar com a flexibilização do trabalho é se guiar por bons indicadores, metas e prazos, e não por detalhes como horário, número de horas trabalhadas e outros controles burocráticos. Não tenho dúvida de que sair do microgerenciamento e se concentrar no resultado do trabalho de cada colaborador ajuda todos a produzir com mais foco e engajamento.  

Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks. 

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar