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“Efeito bumerangue”: o que é e como aproveitá-lo

Profissionais têm voltado para antigos empregos, trazendo uma série de vantagens, mas também desafios para empregados e empregadores

(Shutterstock/Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2022 às 08h30.

Há nem tanto tempo assim, o sucesso de um profissional podia ser mensurado pelos anos de permanência em um emprego. Quanto mais longo o período na mesma “casa”, mais confiável ele seria considerado e, portanto, mais apto a promoções. Não raramente, um trabalhador iniciava e encerrava sua carreira em apenas uma companhia, sem jamais experimentar outras opções. Esse cenário mudou drasticamente quando se descobriu que possuir várias empresas no currículo é algo positivo. Significa adquirir experiência, melhorar o salário, conquistar cargos de mais responsabilidade e, ainda, nutrir uma importante rede de contatos para continuar evoluindo. Agora, uma nova trilha profissional tem ganhado força e vem sendo chamada de “efeito bumerangue”. Ela diz respeito a profissionais qualificados que saem de uma empresa, iniciam ou não em outra e, após um período, retornam ao antigo emprego, seja para assumir uma nova posição ou para retomar àquela que haviam deixado. Esse movimento ficou evidente na pandemia, quando muitos trabalhadores mudaram de emprego em busca de qualidade de vida, novos propósitos, entre outros motivos detectados pelo Índice de Confiança Robert Half 2022 (ICRH). Feita a mudança, alguns acabaram voltando ao ponto de partida. O que está por trás desse vai e vem? Há inúmeras hipóteses. Uma delas é que a economia está mais aquecida e especialmente favorável aos profissionais com mais de 25 anos e ensino superior. Nessa categoria, a taxa de desemprego segue menor do que a média nacional há vários meses, estimulando as movimentações. Mas, de modo geral, podemos deduzir que a mudança realizada, para outra organização ou até mesmo para um novo projeto de vida, não correspondeu às expectativas. Entre tantas possibilidades, a única certeza nesse processo é que, quem volta para a antiga empresa, gostava muito dela.   Em tempos de escassez de mão de obra qualificada e de um mercado de trabalho bastante dinâmico, o efeito bumerangue é uma ótima alternativa para empregados e empregadores. Afinal, eles já se conhecem, o que contribui significativamente para tudo dar certo novamente. De acordo com uma pesquisa da Robert Half, 64% dos entrevistados gostariam de retornar a um emprego deixado para trás se tivessem essa oportunidade. Para se beneficiar desse panorama, porém, organizações e profissionais devem observar uma série de medidas, muitas delas bem anteriores ao momento do retorno.

Sucesso na volta requer despedida bem-feita - Desligamento respeitoso – é preciso garantir que o desligamento aconteça de modo correto e cordial. Isso pode parecer óbvio, mas, no calor da hora, quando um talento se despede, nem sempre as pessoas agem com a maturidade esperada. - Empatia e simpatia - expressar apreço e gratidão pelo tempo que compartilharam e desejar sucesso para o futuro são atitudes desejáveis por parte de quem sai e de quem fica, sobretudo entre as lideranças. A regra de ouro é marcar presença positiva até o último instante. - Sinal verde para o futuro – a empresa deve deixar o orgulho de lado e falar claramente que as portas estarão abertas caso o profissional queira retornar. Transparência e autenticidade só tornam a organização mais admirada por todos. - Cultivar o relacionamento – encerrado o contrato, empresa e ex-funcionário podem manter o contato, trocando indicações, experiências, entre outras informações. A proximidade facilita e muito uma eventual retomada. Reatar um vínculo profissional comprovadamente bem-sucedido traz grande chance de a experiência continuar satisfatória para todos. Essa mesma vantagem, a familiaridade entre as partes, porém, é também o maior desafio dessa história. É fundamental ter em mente que o profissional pode ter mudado no tempo em que esteve distante, descolando-se à cultura da empresa de alguma maneira. Por isso, obter referências sobre a sua trajetória, treiná-lo e integrá-lo ao time, como se faria com qualquer outro candidato, é indispensável. Outro obstáculo comum é haver resistências internas em relação à volta de alguém que “abandonou o barco” e reaparece. Dialogar com a equipe antes de o profissional iniciar suas atividades, esclarecer dúvidas e explicar as razões da recontratação contribui para que os demais funcionários se sintam mais confortáveis e seguros com a novidade. Com esses cuidados, o efeito bumerangue tem tudo para proporcionar bons resultados a todos. Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

Há nem tanto tempo assim, o sucesso de um profissional podia ser mensurado pelos anos de permanência em um emprego. Quanto mais longo o período na mesma “casa”, mais confiável ele seria considerado e, portanto, mais apto a promoções. Não raramente, um trabalhador iniciava e encerrava sua carreira em apenas uma companhia, sem jamais experimentar outras opções. Esse cenário mudou drasticamente quando se descobriu que possuir várias empresas no currículo é algo positivo. Significa adquirir experiência, melhorar o salário, conquistar cargos de mais responsabilidade e, ainda, nutrir uma importante rede de contatos para continuar evoluindo. Agora, uma nova trilha profissional tem ganhado força e vem sendo chamada de “efeito bumerangue”. Ela diz respeito a profissionais qualificados que saem de uma empresa, iniciam ou não em outra e, após um período, retornam ao antigo emprego, seja para assumir uma nova posição ou para retomar àquela que haviam deixado. Esse movimento ficou evidente na pandemia, quando muitos trabalhadores mudaram de emprego em busca de qualidade de vida, novos propósitos, entre outros motivos detectados pelo Índice de Confiança Robert Half 2022 (ICRH). Feita a mudança, alguns acabaram voltando ao ponto de partida. O que está por trás desse vai e vem? Há inúmeras hipóteses. Uma delas é que a economia está mais aquecida e especialmente favorável aos profissionais com mais de 25 anos e ensino superior. Nessa categoria, a taxa de desemprego segue menor do que a média nacional há vários meses, estimulando as movimentações. Mas, de modo geral, podemos deduzir que a mudança realizada, para outra organização ou até mesmo para um novo projeto de vida, não correspondeu às expectativas. Entre tantas possibilidades, a única certeza nesse processo é que, quem volta para a antiga empresa, gostava muito dela.   Em tempos de escassez de mão de obra qualificada e de um mercado de trabalho bastante dinâmico, o efeito bumerangue é uma ótima alternativa para empregados e empregadores. Afinal, eles já se conhecem, o que contribui significativamente para tudo dar certo novamente. De acordo com uma pesquisa da Robert Half, 64% dos entrevistados gostariam de retornar a um emprego deixado para trás se tivessem essa oportunidade. Para se beneficiar desse panorama, porém, organizações e profissionais devem observar uma série de medidas, muitas delas bem anteriores ao momento do retorno.

Sucesso na volta requer despedida bem-feita - Desligamento respeitoso – é preciso garantir que o desligamento aconteça de modo correto e cordial. Isso pode parecer óbvio, mas, no calor da hora, quando um talento se despede, nem sempre as pessoas agem com a maturidade esperada. - Empatia e simpatia - expressar apreço e gratidão pelo tempo que compartilharam e desejar sucesso para o futuro são atitudes desejáveis por parte de quem sai e de quem fica, sobretudo entre as lideranças. A regra de ouro é marcar presença positiva até o último instante. - Sinal verde para o futuro – a empresa deve deixar o orgulho de lado e falar claramente que as portas estarão abertas caso o profissional queira retornar. Transparência e autenticidade só tornam a organização mais admirada por todos. - Cultivar o relacionamento – encerrado o contrato, empresa e ex-funcionário podem manter o contato, trocando indicações, experiências, entre outras informações. A proximidade facilita e muito uma eventual retomada. Reatar um vínculo profissional comprovadamente bem-sucedido traz grande chance de a experiência continuar satisfatória para todos. Essa mesma vantagem, a familiaridade entre as partes, porém, é também o maior desafio dessa história. É fundamental ter em mente que o profissional pode ter mudado no tempo em que esteve distante, descolando-se à cultura da empresa de alguma maneira. Por isso, obter referências sobre a sua trajetória, treiná-lo e integrá-lo ao time, como se faria com qualquer outro candidato, é indispensável. Outro obstáculo comum é haver resistências internas em relação à volta de alguém que “abandonou o barco” e reaparece. Dialogar com a equipe antes de o profissional iniciar suas atividades, esclarecer dúvidas e explicar as razões da recontratação contribui para que os demais funcionários se sintam mais confortáveis e seguros com a novidade. Com esses cuidados, o efeito bumerangue tem tudo para proporcionar bons resultados a todos. Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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