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Carreira em Y beneficia diferentes perfis

Há caminhos para crescer como especialista e, ainda assim, manter a possibilidade de futuramente ser gestor

(shutterstock/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2022 às 09h23.

Uma das marcas das gerações contemporâneas é a incrível variedade de formatos de carreira em seu horizonte. Com a longevidade em alta, seria mesmo de se esperar que os profissionais reformulassem suas trajetórias no decorrer da vida. E é o que tem acontecido. Buscar mais de uma formação acadêmica, fazer transições de profissão, se dedicar a um projeto por tempo determinado e exercer duas ocupações distintas ao mesmo tempo são algumas das opções do amplo leque existente no mercado.

Essa virada de chave contagiou o próprio conceito de sucesso. Enquanto, no passado, ser bem-sucedido significava ser líder ou chegar o mais próximo disso, hoje, a ideia de êxito profissional é diferente. Para muitos, ter uma ocupação que traga realização e senso de propósito pode ser tão ou mais desejável que alcançar o topo da pirâmide hierárquica. Dito em outras palavras, muita gente não almeja cargos de chefia, seja por vontade de equilibrar melhor a vida profissional e a pessoal, seja porque julga não ter o perfil necessário, entre outros fatores.

Sinto que esse tema ainda é um tabu, mas é fato o crescimento do contingente de profissionais que não sonha com a liderança. Para alguém mais reflexivo, analítico e introspectivo, por exemplo, se concentrar em demandas técnicas e específicas pode ser mais atraente que adquirir os atributos requeridos para a gestão de uma equipe. Liderar pessoas requer habilidades como boa comunicação, resistência à pressão e capacidade de motivação, que nem sempre são naturais ou fáceis de desenvolver para algumas pessoas.

O inverso também é verdadeiro. Um perfil mais comunicativo, ágil na tomada de decisão e com uma visão holística da empresa tende a se sair melhor em posições de comando e nas interações com o time. Em contrapartida, pode render menos em ocupações que exijam uma abordagem imersiva, aprofundada e detalhista, mais adequada a especialistas e técnicos.

Foi desse cenário que surgiu a chamada carreira em Y, um modelo já adotado por várias empresas e que prevê planos de crescimento profissional em duas direções: 1) cargos de gestão; e 2) cargos técnicos e de especialista. Essa inovação é muito bem-vinda, por dois motivos. Primeiro, porque responde a uma realidade inexorável: o número de cargos de liderança é limitado. É impossível todos chegarem lá. Segundo, porque ajuda os recrutadores a lidar com o desafio de ter oportunidades para diferentes perfis.

A 20ª edição do Índice de Confiança Robert Half entrevistou recrutadores e detectou que 76% deles consideram que encontrar profissionais com os requisitos técnicos e comportamentais necessários para o preenchimento das vagas em aberto está difícil ou muito difícil. Na última edição do estudo, essa porcentagem foi de 74%. Ainda na visão de 70% deles, esse panorama não deve mudar nos próximos seis meses, e 22% acreditam que a busca ficará ainda mais difícil.

Como trilhar e se destacar na carreira em Y

Para quem não se identifica com a carreira linear, apontada exclusivamente para cargos de liderança, a carreira em Y é uma excelente alternativa, pois pode levar a dois destinos diferentes, e um não exclui o outro. Um gestor pode, futuramente, dar uma guinada e atuar como especialista e vice-versa, desde que se prepare para tanto.

A aposta na carreira em Y requer algumas medidas para que a bagagem técnica seja sólida e atrativa e, ao mesmo tempo, venha acompanhada de soft skill s, que são as habilidades socioemocionais. Essa combinação é o que possibilitará não apenas o crescimento na carreira, mas também uma eventual mudança de um cargo técnico para outro de gestão, caso seja interessante para o profissional em algum momento de sua trajetória.

Descrevo a seguir o que considero fundamental para o sucesso profissional na carreira em Y:

- competências técnicas – são o principal diferencial de um especialista, por isso, investir continuamente no aprimoramento técnico é fundamental.

- planejamento – organizar-se para trabalhar com foco em prazos e metas ajuda o especialista a render mais e a se destacar.

- inteligência emocional – é impossível avançar na carreira sem desenvolver algum nível de autoconhecimento e de autocontrole.

- relações interpessoais – saber se comunicar e trabalhar em equipe são habilidades para sair da bolha que limita muitos especialistas.

- criatividade – cursos, vivências e atividades que estimulem ideias inovadoras devem fazer parte da agenda do profissional que mira à ascensão.

Técnicos e especialistas são bastante valorizados pelas empresas e vêm encontrando espaço, sobretudo nos segmentos de tecnologia, engenharia, finanças e contabilidade. No entanto, para que possam usufruir dessas oportunidades, é essencial que se mantenham visíveis ao mercado, com um LinkedIn atualizado e uma boa rede de contatos.

Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks . O último episódio contou com a participação da professora e pesquisadora de comportamento e liderança do Insper Tatiana Paiva, que comentou os resultados do estudo “Perspectivas sobre os Desafios do Pipeline de Liderança”, realizado em parceria com a Robert Half.

Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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Uma das marcas das gerações contemporâneas é a incrível variedade de formatos de carreira em seu horizonte. Com a longevidade em alta, seria mesmo de se esperar que os profissionais reformulassem suas trajetórias no decorrer da vida. E é o que tem acontecido. Buscar mais de uma formação acadêmica, fazer transições de profissão, se dedicar a um projeto por tempo determinado e exercer duas ocupações distintas ao mesmo tempo são algumas das opções do amplo leque existente no mercado.

Essa virada de chave contagiou o próprio conceito de sucesso. Enquanto, no passado, ser bem-sucedido significava ser líder ou chegar o mais próximo disso, hoje, a ideia de êxito profissional é diferente. Para muitos, ter uma ocupação que traga realização e senso de propósito pode ser tão ou mais desejável que alcançar o topo da pirâmide hierárquica. Dito em outras palavras, muita gente não almeja cargos de chefia, seja por vontade de equilibrar melhor a vida profissional e a pessoal, seja porque julga não ter o perfil necessário, entre outros fatores.

Sinto que esse tema ainda é um tabu, mas é fato o crescimento do contingente de profissionais que não sonha com a liderança. Para alguém mais reflexivo, analítico e introspectivo, por exemplo, se concentrar em demandas técnicas e específicas pode ser mais atraente que adquirir os atributos requeridos para a gestão de uma equipe. Liderar pessoas requer habilidades como boa comunicação, resistência à pressão e capacidade de motivação, que nem sempre são naturais ou fáceis de desenvolver para algumas pessoas.

O inverso também é verdadeiro. Um perfil mais comunicativo, ágil na tomada de decisão e com uma visão holística da empresa tende a se sair melhor em posições de comando e nas interações com o time. Em contrapartida, pode render menos em ocupações que exijam uma abordagem imersiva, aprofundada e detalhista, mais adequada a especialistas e técnicos.

Foi desse cenário que surgiu a chamada carreira em Y, um modelo já adotado por várias empresas e que prevê planos de crescimento profissional em duas direções: 1) cargos de gestão; e 2) cargos técnicos e de especialista. Essa inovação é muito bem-vinda, por dois motivos. Primeiro, porque responde a uma realidade inexorável: o número de cargos de liderança é limitado. É impossível todos chegarem lá. Segundo, porque ajuda os recrutadores a lidar com o desafio de ter oportunidades para diferentes perfis.

A 20ª edição do Índice de Confiança Robert Half entrevistou recrutadores e detectou que 76% deles consideram que encontrar profissionais com os requisitos técnicos e comportamentais necessários para o preenchimento das vagas em aberto está difícil ou muito difícil. Na última edição do estudo, essa porcentagem foi de 74%. Ainda na visão de 70% deles, esse panorama não deve mudar nos próximos seis meses, e 22% acreditam que a busca ficará ainda mais difícil.

Como trilhar e se destacar na carreira em Y

Para quem não se identifica com a carreira linear, apontada exclusivamente para cargos de liderança, a carreira em Y é uma excelente alternativa, pois pode levar a dois destinos diferentes, e um não exclui o outro. Um gestor pode, futuramente, dar uma guinada e atuar como especialista e vice-versa, desde que se prepare para tanto.

A aposta na carreira em Y requer algumas medidas para que a bagagem técnica seja sólida e atrativa e, ao mesmo tempo, venha acompanhada de soft skill s, que são as habilidades socioemocionais. Essa combinação é o que possibilitará não apenas o crescimento na carreira, mas também uma eventual mudança de um cargo técnico para outro de gestão, caso seja interessante para o profissional em algum momento de sua trajetória.

Descrevo a seguir o que considero fundamental para o sucesso profissional na carreira em Y:

- competências técnicas – são o principal diferencial de um especialista, por isso, investir continuamente no aprimoramento técnico é fundamental.

- planejamento – organizar-se para trabalhar com foco em prazos e metas ajuda o especialista a render mais e a se destacar.

- inteligência emocional – é impossível avançar na carreira sem desenvolver algum nível de autoconhecimento e de autocontrole.

- relações interpessoais – saber se comunicar e trabalhar em equipe são habilidades para sair da bolha que limita muitos especialistas.

- criatividade – cursos, vivências e atividades que estimulem ideias inovadoras devem fazer parte da agenda do profissional que mira à ascensão.

Técnicos e especialistas são bastante valorizados pelas empresas e vêm encontrando espaço, sobretudo nos segmentos de tecnologia, engenharia, finanças e contabilidade. No entanto, para que possam usufruir dessas oportunidades, é essencial que se mantenham visíveis ao mercado, com um LinkedIn atualizado e uma boa rede de contatos.

Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks . O último episódio contou com a participação da professora e pesquisadora de comportamento e liderança do Insper Tatiana Paiva, que comentou os resultados do estudo “Perspectivas sobre os Desafios do Pipeline de Liderança”, realizado em parceria com a Robert Half.

Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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