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Quiet quitting: a falta de comunicação pode estar por trás do movimento

Ao invés de perder tempo discutindo a melhor tradução do termo, líderes deveriam se concentrar em entender por que o silêncio também é uma resposta

(Carol Yepes/Getty Images)
LL

Luciana Lima

Publicado em 21 de setembro de 2022 às 11h55.

Quiet quitting. Sim, esse termo de novo. Essa dupla de palavras que viralizou em vídeos no TikTok, que você já viu no título de vários artigos, que apareceu em todas as redes sociais.

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Uma expressão que vem do inglês e que tem gerado muitos debates entre defensores e críticos. Debates até mesmo sobre a tradução correta — seria "desistência silenciosa" ou "demissão silenciosa"? — e sobre o real significado — trata-se de fazer fazer o mínimo ou de impor limites ao trabalho?

Em meio a tantos conteúdos, discussões, argumentos, contra argumentos, enfim, tanto falatório sobre o assunto, talvez estejamos perdendo o foco. Acho que as nossas vozes estão abafando o silêncio que "grita" por meio desse movimento...

Pensei nisso depois de ler alguns comentários sobre o assunto no LinkedIn. Muitas pessoas escreveram que enxergavam o quiet quitting como uma resposta para a pressão crescente por produtividade e como um posicionamento sobre os limites do trabalho.

É interessante notar que as duas palavras (resposta e posicionamento) descrevem um ato. Dar uma resposta e fazer um posicionamento são ações — ou, melhor dizendo, reações em relação a algo.

Há quem diga também que o quiet quitting é um reflexo da pandemia, uma consequência das diversas crises nos últimos tempos e um fenômeno do frágil mercado de trabalho atual.

Todos esses substantivos — reflexo, consequência e fenômeno — não deixam de ser uma reação a um ou vários estímulos. São respostas.

Silêncio como resposta

Talvez você esteja pensando que isso tudo é muito óbvio, porém, me chamou a atenção a aparente contradição. Num primeiro momento, pode parecer que o movimento do quiet quitting não tem nada a “dizer”, afinal, trata-se de uma abordagem silenciosa mesmo. Mas a verdade é que o silêncio diz muito, nós é que não estamos acostumados a escutá-lo.

Com isso, não estou defendendo a postura permanente de desânimo ou a posição de quem opta por fazer o mínimo — algo que tem sido associado ao termo do momento, mas que não necessariamente traduz a essência do movimento.

Na verdade, ao pedir que se escute o silêncio, estou fazendo um convite à liderança de todas as empresas: pare, preste atenção e aprenda a ouvir o não dito.

Atenção! Isso não significa dar asas à imaginação e tentar adivinhar o que as pessoas estão achando, pensando e sentindo. Não é papel da liderança criar teorias e histórias, mas refletir porque existe um silêncio sepulcral entre quem faz gestão e quem é gerido, por exemplo.

Você, líder que me lê agora, já parou para pensar o que significa o silêncio dentro da sua empresa? A ausência de vozes na sua equipe? Aquele “cri cri” desconfortável em algumas reuniões?

Talvez, mais importante do que discutir sobre a melhor tradução, sobre a interpretação mais precisa e sobre as divergências entre gerações, seja entender o significado de um silêncio tão profundo.

Costumamos achar que só a comunicação verbal e escrita transmitem uma ideia, no entanto, o silêncio pode dizer muito. O silêncio pode ser, por exemplo, um indício de que as pessoas já não confiam nos canais de comunicação da empresa, que acham que o diálogo com a liderança não funciona ou (o que é pior ainda!) que a cultura da empresa é essa mesma e nada nunca vai mudar.

Agora, da mesma forma que a liderança precisa aprender a escutar o silêncio, é importante que as pessoas que se identificam com esse movimento saibam do perigo de se calar completamente. Quando nos entregamos ao silêncio absoluto, abrimos mão da nossa voz, damos brechas para que os outros pensem o que quiserem.

Nós deixamos um espaço vazio que começa a ser preenchido por informações e interpretações, às vezes, equivocadas.

Contudo, na minha opinião, o pior de tudo para ambos os lados é quando uma ponte se rompe entre eles: o diálogo. O silêncio, sim, diz muito e precisamos aprender a escutá-lo, mas o silêncio não deve ser a única ferramenta de comunicação. Falar é preciso.

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Quiet quitting. Sim, esse termo de novo. Essa dupla de palavras que viralizou em vídeos no TikTok, que você já viu no título de vários artigos, que apareceu em todas as redes sociais.

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Uma expressão que vem do inglês e que tem gerado muitos debates entre defensores e críticos. Debates até mesmo sobre a tradução correta — seria "desistência silenciosa" ou "demissão silenciosa"? — e sobre o real significado — trata-se de fazer fazer o mínimo ou de impor limites ao trabalho?

Em meio a tantos conteúdos, discussões, argumentos, contra argumentos, enfim, tanto falatório sobre o assunto, talvez estejamos perdendo o foco. Acho que as nossas vozes estão abafando o silêncio que "grita" por meio desse movimento...

Pensei nisso depois de ler alguns comentários sobre o assunto no LinkedIn. Muitas pessoas escreveram que enxergavam o quiet quitting como uma resposta para a pressão crescente por produtividade e como um posicionamento sobre os limites do trabalho.

É interessante notar que as duas palavras (resposta e posicionamento) descrevem um ato. Dar uma resposta e fazer um posicionamento são ações — ou, melhor dizendo, reações em relação a algo.

Há quem diga também que o quiet quitting é um reflexo da pandemia, uma consequência das diversas crises nos últimos tempos e um fenômeno do frágil mercado de trabalho atual.

Todos esses substantivos — reflexo, consequência e fenômeno — não deixam de ser uma reação a um ou vários estímulos. São respostas.

Silêncio como resposta

Talvez você esteja pensando que isso tudo é muito óbvio, porém, me chamou a atenção a aparente contradição. Num primeiro momento, pode parecer que o movimento do quiet quitting não tem nada a “dizer”, afinal, trata-se de uma abordagem silenciosa mesmo. Mas a verdade é que o silêncio diz muito, nós é que não estamos acostumados a escutá-lo.

Com isso, não estou defendendo a postura permanente de desânimo ou a posição de quem opta por fazer o mínimo — algo que tem sido associado ao termo do momento, mas que não necessariamente traduz a essência do movimento.

Na verdade, ao pedir que se escute o silêncio, estou fazendo um convite à liderança de todas as empresas: pare, preste atenção e aprenda a ouvir o não dito.

Atenção! Isso não significa dar asas à imaginação e tentar adivinhar o que as pessoas estão achando, pensando e sentindo. Não é papel da liderança criar teorias e histórias, mas refletir porque existe um silêncio sepulcral entre quem faz gestão e quem é gerido, por exemplo.

Você, líder que me lê agora, já parou para pensar o que significa o silêncio dentro da sua empresa? A ausência de vozes na sua equipe? Aquele “cri cri” desconfortável em algumas reuniões?

Talvez, mais importante do que discutir sobre a melhor tradução, sobre a interpretação mais precisa e sobre as divergências entre gerações, seja entender o significado de um silêncio tão profundo.

Costumamos achar que só a comunicação verbal e escrita transmitem uma ideia, no entanto, o silêncio pode dizer muito. O silêncio pode ser, por exemplo, um indício de que as pessoas já não confiam nos canais de comunicação da empresa, que acham que o diálogo com a liderança não funciona ou (o que é pior ainda!) que a cultura da empresa é essa mesma e nada nunca vai mudar.

Agora, da mesma forma que a liderança precisa aprender a escutar o silêncio, é importante que as pessoas que se identificam com esse movimento saibam do perigo de se calar completamente. Quando nos entregamos ao silêncio absoluto, abrimos mão da nossa voz, damos brechas para que os outros pensem o que quiserem.

Nós deixamos um espaço vazio que começa a ser preenchido por informações e interpretações, às vezes, equivocadas.

Contudo, na minha opinião, o pior de tudo para ambos os lados é quando uma ponte se rompe entre eles: o diálogo. O silêncio, sim, diz muito e precisamos aprender a escutá-lo, mas o silêncio não deve ser a única ferramenta de comunicação. Falar é preciso.

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