Porque a sua empresa deve se preocupar com a polarização
Para além das questões políticas, esse assunto importa para a construção de pontes tão necessárias também no ambiente de negócios
Luciana Lima
Publicado em 27 de outubro de 2022 às 19h52.
O voto é uma questão particular. Não diz respeito à empresa, ao board nem à liderança de uma organização. Mas a capacidade de discutir ideias, esta, sim, interessa a todos. E é sobre isso que quero falar.
Achei importante esclarecer esse ponto logo no começo porque imagino que, a esta altura, você que me lê já se cansou de ouvir falar em “polarização”. Confesso: eu também.
Porém, por mais que estejamos assim, o caminho não é ignorá-la. Achar que passado as eleições, pronto, as discussões acaloradas se acalmam é iludir-se. A polarização não se restringe à política, às redes sociais, às reuniões de família.
Ela é crescente — as buscas sobre o termo aumentaram significativamente nos últimos 12 meses no Brasil, segundo o Google Trends — e perigosa porque nos afasta e nos isola.
Desistimos de escutar, de construir pontes, de negociar. E você bem sabe que uma empresa depende disso.
A questão, veja bem, não é ter visões divergentes. Isso sempre aconteceu e sempre acontecerá. Faz parte, inclusive, de uma sociedade democrática. O problema é quando passamos a enxergar a outra pessoa, aquela que pensa diferente de nós, como uma inimiga a ser eliminada.
Nesse cenário, em que não há troca de opiniões, mas uma guerra armada, o respeito não existe. No lugar, surgem o medo e o silêncio. É o que mostram algumas pesquisas recentes.
Segundo um levantamento da Reuters, aproximadamente dois terços dos brasileiros afirmaram que precisam tomar cuidado ao discutir política no WhatsApp (64%), Facebook (68%) e fora do ambiente digital (64%). Já uma pesquisa do Datafolha mostrou que sete em cada dez pessoas dizem ter receio de sofrer algum tipo de agressão por causa de suas escolhas políticas.
Alguns podem dizer que a solução é simplesmente não tocar no “assunto proibido”. Afinal, religião, time de futebol e política não se discute. Mas será que o caminho é mesmo esse?
O que acontece quando não conseguimos conversar com alguém diferente de nós? Quando se fala mais alto para calar o outro? Quando escutamos só aquilo que nos é conveniente? Quando nos fechamos em grupos que confirmam nossas crenças, independentemente dos fatos apontarem para outro lado?
Nas redes sociais, dá para silenciar, bloquear e até excluir o outro. Fora delas, no entanto, você vai precisar entrar em uma reunião e discutir ideias. Vai participar de uma squad para desenvolver um projeto. Vai dar e receber feedbacks.
E vai precisar fazer isso tudo por mais que a pessoa seja o seu completo oposto.
Não digo que essa tarefa seja necessariamente fácil e sempre agradável. O debate de ideias muitas vezes é cansativo, mas lembre-se: ele é fundamental dentro de qualquer país e de qualquer empresa.
Por isso, não tampe seus ouvidos, escute com atenção. Não cale o outro na base do grito, saiba discordar com respeito. Não destrua pontes, construa. Não imponha as suas ideias, negocie. Não encare uma discussão de opiniões como uma guerra, mas como uma troca. Não se feche na sua bolha, saiba conviver com outras realidades.
São recomendações básicas, mas que, aparentemente, esquecemos em algum lugar do passado. Ainda bem que o futuro pode ser diferente.
O voto é uma questão particular. Não diz respeito à empresa, ao board nem à liderança de uma organização. Mas a capacidade de discutir ideias, esta, sim, interessa a todos. E é sobre isso que quero falar.
Achei importante esclarecer esse ponto logo no começo porque imagino que, a esta altura, você que me lê já se cansou de ouvir falar em “polarização”. Confesso: eu também.
Porém, por mais que estejamos assim, o caminho não é ignorá-la. Achar que passado as eleições, pronto, as discussões acaloradas se acalmam é iludir-se. A polarização não se restringe à política, às redes sociais, às reuniões de família.
Ela é crescente — as buscas sobre o termo aumentaram significativamente nos últimos 12 meses no Brasil, segundo o Google Trends — e perigosa porque nos afasta e nos isola.
Desistimos de escutar, de construir pontes, de negociar. E você bem sabe que uma empresa depende disso.
A questão, veja bem, não é ter visões divergentes. Isso sempre aconteceu e sempre acontecerá. Faz parte, inclusive, de uma sociedade democrática. O problema é quando passamos a enxergar a outra pessoa, aquela que pensa diferente de nós, como uma inimiga a ser eliminada.
Nesse cenário, em que não há troca de opiniões, mas uma guerra armada, o respeito não existe. No lugar, surgem o medo e o silêncio. É o que mostram algumas pesquisas recentes.
Segundo um levantamento da Reuters, aproximadamente dois terços dos brasileiros afirmaram que precisam tomar cuidado ao discutir política no WhatsApp (64%), Facebook (68%) e fora do ambiente digital (64%). Já uma pesquisa do Datafolha mostrou que sete em cada dez pessoas dizem ter receio de sofrer algum tipo de agressão por causa de suas escolhas políticas.
Alguns podem dizer que a solução é simplesmente não tocar no “assunto proibido”. Afinal, religião, time de futebol e política não se discute. Mas será que o caminho é mesmo esse?
O que acontece quando não conseguimos conversar com alguém diferente de nós? Quando se fala mais alto para calar o outro? Quando escutamos só aquilo que nos é conveniente? Quando nos fechamos em grupos que confirmam nossas crenças, independentemente dos fatos apontarem para outro lado?
Nas redes sociais, dá para silenciar, bloquear e até excluir o outro. Fora delas, no entanto, você vai precisar entrar em uma reunião e discutir ideias. Vai participar de uma squad para desenvolver um projeto. Vai dar e receber feedbacks.
E vai precisar fazer isso tudo por mais que a pessoa seja o seu completo oposto.
Não digo que essa tarefa seja necessariamente fácil e sempre agradável. O debate de ideias muitas vezes é cansativo, mas lembre-se: ele é fundamental dentro de qualquer país e de qualquer empresa.
Por isso, não tampe seus ouvidos, escute com atenção. Não cale o outro na base do grito, saiba discordar com respeito. Não destrua pontes, construa. Não imponha as suas ideias, negocie. Não encare uma discussão de opiniões como uma guerra, mas como uma troca. Não se feche na sua bolha, saiba conviver com outras realidades.
São recomendações básicas, mas que, aparentemente, esquecemos em algum lugar do passado. Ainda bem que o futuro pode ser diferente.