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Infoxicação: como navegar em segurança pelo mar de informações

Só o começo da sua semana e com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, os e-mails...

(d3sign/Getty Images)
LG

Luísa Granato

Publicado em 12 de abril de 2021 às 12h19.

Este artigo é a primeira informação que você consome hoje? Dificilmente. Ainda que você não tenha aberto nenhum portal de notícias e este seja o primeiro do dia, com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, a sua caixa de e-mails... Isso sem contar as informações que surgem de mecanismos, digamos, mais “básicos”, como as conversas presenciais — aliás, comentamos sobre esse hábito esquecido no artigo sobre o ClubHouse.

São muitas plataformas diferentes, todas elas fontes de informação importantes para o trabalho e também o lazer. Você tem ideia do que isso significa em números? A cada minuto, 347.222 Stories são feitos no Instagram, 41.666.667 mensagens são enviadas por WhatsApp, 500 horas de vídeo no YouTube são consumidas e 404.444 horas de conteúdo da Netflix é exibido no mundo.

Esses dados são do levantamento anual “Data Never Sleeps”, feito pela empresa de software em nuvem Domo, e nos ajudam a ter uma dimensão melhor da quantidade gigantesca de dados às quais estamos submetidos.

Justamente por conta dessa abundância toda, discutimos também questões relacionadas à proteção de dados. A sigla LGPD, aliás, está em alta há algum tempo, tamanha a importância do tema. Porém, você já parou para pensar em outro tipo de proteção? Falamos muito em proteção dos dados, mas o quanto discutimos a nossa proteção em relação aos dados?

Não quero atribuir aos dados um perigo inerente. O problema não é a informação em si, mas a forma que nos relacionamos com ela. Aumentamos de maneira exponencial a produção de dados, mas o nosso aprendizado sobre esse novo contexto não passou pela mesma revolução. Sabe aquela sensação de se sentir sufocado pela quantidade de informações? É a ela que me refiro.

Essa sensação, inclusive, tem nome: infoxicação. O termo atribuído ao físico espanhol Alfons Cornella teria surgido na década de 1990, mas descreve algo muito atual: a intoxicação pelo excesso de informação.

Uma intoxicação que, de um lado, interfere na nossa atenção — aquilo de ficar com um olho no celular e o outro na comida enquanto jantamos com a família —, e de outro afeta a nossa saúde mental, pois gera angústia e ansiedade por tentarmos estar a par de tudo o que acontece no mundo, no país, no trabalho, com os amigos e familiares. No fim, nem estamos presentes de fato — não à toa se fala tanto em economia da atenção —, nem bem informados.

Comento tudo isso não para deixá-lo preocupado, mas para pensarmos juntos na forma como nos relacionamos com os dados atualmente. Afinal, não basta ter acesso ao conteúdo, é necessário saber o que fazer com eles, saber selecionar, filtrar, avaliar.

Dizemos que estamos na Era da Informação, só que, ao mesmo tempo, vivemos uma crise de desinformação, em que coisas como fake news e desconfiança já se tornaram normais. Aliás, a edição de 2019 da “ Carreira dos Sonhos ”, pesquisa conduzida pela Cia de Talentos, mostrou que apenas 37% dos jovens, 31% da média gestão e 40% da alta liderança concordam que a empresa em que trabalham é transparente.

Quando o assunto é troca de conhecimento, só 44% dos profissionais jovens, 28% dos que estão em cargo de média gestão e 31% da alta liderança acreditam que seus colegas compartilham informações que ajudam no trabalho.

Se queremos avançar como sociedade, empresas, setores e economia, se queremos evoluir como pessoas, cidadãos, profissionais e líderes, precisamos parar um momento e discutir um pouco mais essa enxurrada de dados. Não só isso, mas discutir o que fazer com ela e como mudar nossa relação com o conhecimento, tanto no ambiente de ensino quanto no do trabalho. Uma dica para começar a lidar com essa questão? Resista ao hábito de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de baixar mil livros e não ler nenhum, de começar a seguir várias contas, mas nunca de fato consumir o conteúdo. Quem tenta acompanhar tudo acaba ou não acompanhando nada ou se aprofundando muito pouco.

De novo: é importante saber selecionar, filtrar, avaliar. Criar listas de prioridade, reconhecer nossos limites e usar os recursos (incluindo o tempo) a nosso favor para que as informações não sejam uma enxurrada que nos arrastam. Em vez disso, melhor é aprender a navegar com confiança e segurança por esse mar de conteúdo.

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Este artigo é a primeira informação que você consome hoje? Dificilmente. Ainda que você não tenha aberto nenhum portal de notícias e este seja o primeiro do dia, com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, a sua caixa de e-mails... Isso sem contar as informações que surgem de mecanismos, digamos, mais “básicos”, como as conversas presenciais — aliás, comentamos sobre esse hábito esquecido no artigo sobre o ClubHouse.

São muitas plataformas diferentes, todas elas fontes de informação importantes para o trabalho e também o lazer. Você tem ideia do que isso significa em números? A cada minuto, 347.222 Stories são feitos no Instagram, 41.666.667 mensagens são enviadas por WhatsApp, 500 horas de vídeo no YouTube são consumidas e 404.444 horas de conteúdo da Netflix é exibido no mundo.

Esses dados são do levantamento anual “Data Never Sleeps”, feito pela empresa de software em nuvem Domo, e nos ajudam a ter uma dimensão melhor da quantidade gigantesca de dados às quais estamos submetidos.

Justamente por conta dessa abundância toda, discutimos também questões relacionadas à proteção de dados. A sigla LGPD, aliás, está em alta há algum tempo, tamanha a importância do tema. Porém, você já parou para pensar em outro tipo de proteção? Falamos muito em proteção dos dados, mas o quanto discutimos a nossa proteção em relação aos dados?

Não quero atribuir aos dados um perigo inerente. O problema não é a informação em si, mas a forma que nos relacionamos com ela. Aumentamos de maneira exponencial a produção de dados, mas o nosso aprendizado sobre esse novo contexto não passou pela mesma revolução. Sabe aquela sensação de se sentir sufocado pela quantidade de informações? É a ela que me refiro.

Essa sensação, inclusive, tem nome: infoxicação. O termo atribuído ao físico espanhol Alfons Cornella teria surgido na década de 1990, mas descreve algo muito atual: a intoxicação pelo excesso de informação.

Uma intoxicação que, de um lado, interfere na nossa atenção — aquilo de ficar com um olho no celular e o outro na comida enquanto jantamos com a família —, e de outro afeta a nossa saúde mental, pois gera angústia e ansiedade por tentarmos estar a par de tudo o que acontece no mundo, no país, no trabalho, com os amigos e familiares. No fim, nem estamos presentes de fato — não à toa se fala tanto em economia da atenção —, nem bem informados.

Comento tudo isso não para deixá-lo preocupado, mas para pensarmos juntos na forma como nos relacionamos com os dados atualmente. Afinal, não basta ter acesso ao conteúdo, é necessário saber o que fazer com eles, saber selecionar, filtrar, avaliar.

Dizemos que estamos na Era da Informação, só que, ao mesmo tempo, vivemos uma crise de desinformação, em que coisas como fake news e desconfiança já se tornaram normais. Aliás, a edição de 2019 da “ Carreira dos Sonhos ”, pesquisa conduzida pela Cia de Talentos, mostrou que apenas 37% dos jovens, 31% da média gestão e 40% da alta liderança concordam que a empresa em que trabalham é transparente.

Quando o assunto é troca de conhecimento, só 44% dos profissionais jovens, 28% dos que estão em cargo de média gestão e 31% da alta liderança acreditam que seus colegas compartilham informações que ajudam no trabalho.

Se queremos avançar como sociedade, empresas, setores e economia, se queremos evoluir como pessoas, cidadãos, profissionais e líderes, precisamos parar um momento e discutir um pouco mais essa enxurrada de dados. Não só isso, mas discutir o que fazer com ela e como mudar nossa relação com o conhecimento, tanto no ambiente de ensino quanto no do trabalho. Uma dica para começar a lidar com essa questão? Resista ao hábito de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de baixar mil livros e não ler nenhum, de começar a seguir várias contas, mas nunca de fato consumir o conteúdo. Quem tenta acompanhar tudo acaba ou não acompanhando nada ou se aprofundando muito pouco.

De novo: é importante saber selecionar, filtrar, avaliar. Criar listas de prioridade, reconhecer nossos limites e usar os recursos (incluindo o tempo) a nosso favor para que as informações não sejam uma enxurrada que nos arrastam. Em vez disso, melhor é aprender a navegar com confiança e segurança por esse mar de conteúdo.

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